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19/10/2023 às 15h15min - Atualizada em 19/10/2023 às 15h15min

Inadimplência atinge mais de 311 mil pessoas em Uberlândia, aponta Serasa

Número representa que 43% da população da cidade está endividada; veja dicas de como sair da inadimplência

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Dívidas relacionadas a bancos e cartões de crédito são os mais comuns em MG, chegando a 30,45% | Foto: Agência Brasil

Um levantamento feito pela Serasa Experian apontou que aproximadamente 311,3 mil pessoas fecharam o mês de agosto com alguma dívida em aberto na cidade de Uberlândia. O número de inadimplentes representa 43% da população total do município, que segundo o último censo, é de 713,2 mil habitantes.

Conforme apontam os dados, em um ano, o índice de negativados cresceu 0,5%. Em agosto de 2022, 307,8 mil pessoas estavam inadimplentes na cidade. Na época, o quantitativo representava que 44% da população estava com as contas em atraso. 

De acordo com o ranking da inadimplência em Minas Gerais, as dívidas relacionadas a bancos e cartões de crédito são as mais comuns, chegando a 30,45%. Com 21,39% aparecem os chamados “utilities”, que representam contas básicas como água, luz e gás. Na sequência, aparecem dívidas relacionadas a finanças (14,26%), varejo (9,69%) e telecomunicações (7,93%).

Conforme relatado pelo coordenador da Serasa, Thiago Ramos, grande parte da inadimplência dos consumidores ocorre pelo desemprego e pelas crises econômicas vividas recentemente no Brasil. Cerca de 39,1% dos inadimplentes do país são pessoas que ganham de um a dois salários mínimos, seguidas das que ganham até um salário mínimo (38,8%).

Ainda segundo o levantamento mais recente da Serasa Experian, os homens representam a maioria dos inadimplentes, com 50,9%. Os dados apontam também que 37,7% do público negativado possui apenas uma dívida em aberto. Além disso, as pessoas que mais têm problemas com contas são da faixa etária entre 41 e 50 anos (19,4% do total).

SCORE
Um dos principais problemas da inadimplência é ter dificuldades de ter aprovação de crédito. Se o inadimplente quiser tentar solicitar um cartão de crédito em sua instituição bancária, por exemplo, a tarefa pode ser árdua. De acordo com Thiago Ramos, isso também inclui solicitações de financiamento e empréstimos.

Thiago Ramos também citou a importância de ter um bom score, uma ferramenta utilizada há décadas para a análise de risco de crédito de consumidores em todo o país. Pelo próprio site ou aplicativo da Serasa, o consumidor pode ter acesso à própria pontuação, que vai de 0 a 1 mil.

“O score é a taxa de bom pagador do consumidor. Quanto mais próximo do 1 mil, melhor pagador é este consumidor. As empresas e os bancos analisam o score na hora de uma solicitação de empréstimo, crediário em loja e até mesmo no aumento do limite daquele cartão de crédito que já existe”, explicou.

A consulta do CPF também é gratuita, tanto no aplicativo como no site. O coordenador da Serasa explica que, para quem não tem facilidade com dispositivos tecnológicos, também é possível fazer a consulta em uma agência do Correios, mediante pagamento de taxa. Ao efetuar a consulta, o consumidor tem acesso a todas as dívidas que estão em seu nome, até mesmo as que já “caducaram”.

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DÍVIDAS CADUCAS
As dívidas “caducas” são uma das principais dúvidas entre os consumidores negativados. Thiago Ramos explica que mesmo após cinco anos da cobrança da dívida, ela ainda pode ser cobrada. Ao contrário do que muitos pensam, uma dívida não simplesmente desaparece.

“Dizem que depois de cinco anos a dívida caduca, que fica limpa. A empresa credora sabe da pendência, mas essa dívida não fica mais na Serasa. Se a pessoa estiver devendo um banco e solicitar um empréstimo para este banco, ela pode ter dificuldades para conseguir, pois a dívida ainda está lá”, relatou Thiago Ramos.

NEGOCIAÇÕES
Atualmente, a Serasa conta com o “Limpa Nome”, uma plataforma de negociação. Além disso, a empresa está apta para trabalhar com o chamado “Cadastro Positivo”. Nele, é possível inserir dados com a finalidade de subsidiar a concessão de crédito, com o objetivo de facilitar a vida dos consumidores com bons hábitos de pagamento.

A Serasa também realiza feirões de dívidas duas vezes ao ano para negociar as obrigações dos consumidores. Neste mês, a empresa está com 76 milhões de dívidas cadastradas e oferece até 98% de desconto na quitação, segundo Ramos. “Estamos com o maior número de inadimplentes do ano. As pessoas podem ter uma oferta de negociação mesmo não estando dentro de um feirão”, alertou.

A negociação com a Serasa pode ser feita à vista, por PIX e no cartão de crédito parcelado. Thiago alerta ainda que mesmo pagando uma dívida parcelada, ao efetuar o pagamento da primeira parcela, a inadimplência e o nome sujo já são retirados do sistema de cobrança da empresa.

“A Serasa é um birô de crédito que serve para ajudar o mercado de crédito no Brasil. O ato de pagar uma dívida é um ato de boa sinalização no mercado. Quitou as dívidas, é página virada e o score volta a subir, o acesso ao crédito é retomado. O Brasil tem quase 44% da população inadimplente. Se o mercado não considerasse virar a página para todas as pessoas, teríamos 44% da população adulta sem crédito, e não é isso o que a Serasa e seus parceiros buscam”, informou.

Por fim, o coordenador da Serasa informou sobre um golpe que tem ocorrido nos últimos meses relacionados à empresa. Pessoas têm recebido mensagens por meio de aplicativo através de terceiros, oferecendo boletos para melhorar o score e melhorar o nome do consumidor.

“As pessoas, se passando pela Serasa, colocam uma foto de perfil da empresa ou ligam no telefone oferecendo melhorar o nome daquele consumidor. A Serasa não aborda ninguém. Se você for abordado pela Serasa, pode desconfiar e bloquear o número. O consumidor é quem procura a Serasa para averiguar o nome e o score”, orientou Ramos.

COMO EVITAR AS DÍVIDAS
De acordo com a consultora financeira e economista Roberta da Mata, o dado apontado pela Serasa Experian com relação à inadimplência em Uberlândia é preocupante, uma vez que a contração de dívidas pode causar um desaquecimento na economia, gerando um ciclo de cada vez mais endividamentos.

Em conversa com a reportagem, Roberta relatou que as empresas que possuem clientes inadimplentes podem perder a capacidade de investimento e de cumprir suas obrigações com seus credores. Dessa forma, elas acabam recorrendo a empréstimos bancários e os bancos, que também possuem clientes inadimplentes, oferecem empréstimos a juros mais altos, prejudicando ainda mais a economia.

Ainda segundo a economista, a principal causa da inadimplência é o consumo exagerado das famílias, que em sua maioria, nunca tiveram orientação e educação financeira, sendo alvos fáceis das armadilhas por trás das dívidas. As principais armadilhas em sua visão são os cartões de crédito, financiamentos e empréstimos.

“Essas armadilhas estão muito fáceis de adquirir, como por exemplo o limite disponível no cartão de crédito para qualquer tipo de compra, traz a sensação de ter dinheiro disponível, sem pensar ou entender que aquele dinheiro disponível, é dinheiro emprestado, que se não pago em dia, acarretam os juros mais altos do Brasil. O cartão de crédito vicia como droga. Quanto mais compramos, mais queremos comprar, até que não há mais recursos para pagar o cartão e recorremos aos empréstimos bancários, sem observar o orçamento pessoal para saber se o valor emprestado cabe no bolso, daí o endividamento e possível inadimplência”, disse.

Para evitar o endividamento e a inadimplência, Roberta da Mata orienta listar em uma folha de papel ou em uma planilha tudo o que é gasto no mês, bem como o orçamento familiar. Se o consumidor perceber que não há o mínimo de controle financeiro, é interessante abandonar o cartão de crédito e passar a comprar no dinheiro. 

“Entendendo a sua realidade financeira a partir desse orçamento doméstico, você pode decidir se precisa liquidar alguma dívida, se precisa economizar em água, luz, gás, comida em restaurantes e outros. Assim, consegue tomar atitudes para uma vida financeira mais saudável e evitar dívidas que sobrecarregam seu orçamento”, alertou.

Para a consultora financeira, a criação de um fundo de emergência também é fundamental para passar por momentos de crise. O fundo é nada mais do que um valor poupado mensalmente especificamente para imprevistos ou, como o próprio nome diz, emergências, como o desemprego, doenças e outros problemas que podem ocorrer com qualquer um.

Saber qual dívida priorizar também é um passo importante para evitar futuras liquidações. Para Roberta da Mata, se for uma dívida recente, a mais importante para quitar é a do cartão de crédito. Ao parcelar a fatura, os juros cobrados pelas instituições bancárias costumam ser altos e o que era pequeno pode acabar virando uma bola de neve.

A segunda dívida para priorizar é a do cheque especial. Depois de liquidadas essas faturas, é interessante partir para aquelas mais essenciais, como luz, água e energia. “O cheque especial é uma grande armadilha, é um dinheiro fácil e caro. É melhor fazer um empréstimo pessoal no seu banco do que parcelar pelo próprio cartão de crédito. Depois disso, é muito importante não voltar a gastar no cartão e no cheque especial”, falou a economista.

 
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