Mais de 260 canários foram resgatados em Uberlândia, no mês de março | Foto:DivulgaçãoNos primeiros cinco meses deste ano, o Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV-UFU) realizou 1.020 atendimentos de animais silvestres resgatados em situação de risco, o que representa uma média de seis acolhimentos por dia. Entre os animais recebidos pela instituição estão aves, répteis e mamíferos.
De acordo com o coordenador do setor de animais silvestres do Hospital Veterinário, Márcio Bandarra, os animais são entregues pelos órgãos de segurança que fazem os resgates dos mesmos, como as polícias Militar do Meio Ambiente (PMMA), Civil e Rodoviária Federal, além do Corpo de Bombeiros, concessionárias das rodovias e o Ministério Público.
“O que assusta é o número, que chega a ter mais de um caso por dia. Então, está subestimado que é um problema sério. É um número alarmante que precisa ser colocado em política pública”, ressaltou.
O número registrado neste ano já representa 62% do total computado em todo o ano de 2022, quando 1.637 animais foram encaminhados ao HV-UFU. Já em 2020 e 2021, a instituição atendeu 1.500 bichos resgatados, respectivamente.
Com o intuito de elaborar laudos sobre a situação dos animais resgatados, o Hospital Veterinário inaugurou o Instituto Médico Legal (IML) Animal no ano retrasado. O setor é responsável pela realização de exames de corpo delito, necrópsia, identificação de carcaça e ossada, entre outras ações, em animais silvestres e domésticos.
Segundo dados da instituição, de janeiro de 2021 a maio de 2023, o IML recebeu 820 animais. Do total, 743 sofreram maus-tratos, nove foram envenenados e 68 chegaram ao local por outros motivos, como atropelamento e doença.
Ainda conforme o levantamento, somente neste ano, nos cinco primeiros meses, o setor realizou 346 atendimentos. O número é superior ao registrado em todo ano de 2022, quando 309 animais foram recebidos pelo IML do HV-UFU.
“O número deste ano está superior ao ano passado. Fizemos quatro operações com a Polícia Militar e outras três com a Polícia Civil. Isso tem aumentado o fluxo. Normalmente, quando entramos no jogo, dificilmente não constatamos, de forma técnica, os maus-tratos”, contou Marcio Bandarra.
O IML Animal da UFU também tem como papel auxiliar na identificação de possíveis crimes contra animais. “A polícia conta com esse auxílio técnico, minimizando as fugas que tinham, por não ter provas contra. Hoje conseguimos dar materialidade nos crimes”, finalizou o coordenador.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
BOMBEIROS
O Corpo de Bombeiros de Uberlândia resgatou 180 animais silvestres em situação de risco, nos primeiros quatro meses do ano. Segundo o tenente Henrique Silva Figueiredo, na maioria das vezes, os militares são acionados para capturar animais que estão presos e não conseguem sair de determinado local.
“Muitas vezes, eles caem em valas, ficam presos em linhas de pipa ou entram em residências e não conseguem sair. O trabalho de captura sempre acontece quando o animal pode oferecer risco a ele próprio, a outras pessoas e outros animais”, explicou.
O militar alerta os moradores a sempre acionarem a corporação quando encontrarem um animal em local de área urbana ou que está em perigo. Não é recomendado agir por conta própria.
“Muitas vezes, o local não é interessante para o animal, podendo gerar estresse. É interessante que a pessoa tenha cautela e saiba o risco que cada animal oferece. Nestes casos, o Corpo de Bombeiros faz a captura e destinação correta”, complementou.
Ainda conforme dito por Figueiredo, a destinação do animal varia de acordo com a condição física dele. “Com o animal completamente sadio, normalmente, devolvemos ao ambiente natural. Em caso de estar em condição de risco ou ferido, encaminhamos para a Universidade Federal (UFU), que faz a recepção desses animais”, finalizou.
IBAMA
Outro órgão governamental que tem parceria com o HV-UFU é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que, na região de Uberlândia, atende, em média, dois mil animais silvestres todos os anos, através de ações preventivas, denúncias e entrega voluntária.
“O Ibama realiza várias ações que terminam com a apreensão dos animais, que muitas vezes estão debilitados, sujeitos aos maus tratos, mal alimentados, e esse atendimentos clínicos são realizados pelo setor de Animais Silvestres do Hospital Universitário, que é muito bem instalado na cidade. Existem ainda os casos dos animais que são atropelados e resgatados”, explicou o chefe do Ibama em Uberlândia, Rodrigo Heles Santos.
A respeito das entregas voluntárias, Rodrigo reforçou que, em alguns casos, os tutores estão com posse irregular dos animais, sem uma documentação que comprove essa posse legal. Mas, em todos os casos, os bichos são avaliados. “Após encaminhados ao Hospital Veterinário e terem o atestado de que estão saudáveis, os animais são direcionados para estruturas oficiais de reabilitação e reintrodução desses animais na natureza”.
Rodrigo informou ainda que os animais silvestres chegam às residências somente em certas ocasiões e que, de toda forma, as pessoas não devem interagir diretamente com eles. “O animal silvestre só vai na sua residência com razões específicas. Se ele encontrar um abrigo definitivo, lugar para procriar, se proteger de um predador eventualmente, ou se encontrar alimentação e água. Se não encontrar essas condições ele não fica ali. Minha orientação é não interagir com animais silvestres, veja de longe, mas não maneje. Isso traz prejuízos a ele”.
