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24/01/2023 às 11h58min - Atualizada em 24/01/2023 às 11h58min

Acidentes com animais peçonhentos cresceram 22% em Uberlândia no ano passado

Verão acende o alerta para maior incidência de casos; 77% dos registros envolvem escorpiões

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Picadas de escorpião representam 77% dos casos na cidade I Foto: PMU/DIVULGAÇÃO
O número de acidentes envolvendo animais peçonhentos em Uberlândia teve um crescimento de 22% no ano passado na comparação com 2021. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em 2022, 385 pessoas deram entrada na rede pública após se envolverem em algum tipo de incidente desta natureza.
 
Do total de registros computados pela SES-MG, que incluem ainda acidentes com aranhas, cobras e abelhas, 297, ou 77%, estão relacionados a picadas de escorpiões. Ainda de acordo com o levantamento, o número de vítimas deste aracnídeo teve um salto de 24% se comparado a 2021, ano em que foram contabilizadas 239 ocorrências.


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As serpentes aparecem na sequência com o maior número de atendimentos na rede pública do município. Ao todo, 44 pessoas se envolveram em acidentes com algum tipo de cobra. O ranking tem ainda 18 ocorrências com abelhas e 16 com aranhas. Quatro casos não foram identificados, mas as unidades registraram três incidentes com lagartas e mais três com outros animais.
 
Em Uberlândia, o Corpo de Bombeiros auxilia a população na captura de todos os animais e insetos peçonhentos pelo telefone 193. No ano passado, a Corporação realizou a captura de 203 insetos, além de atender a 64 ocorrências que resultaram no extermínio deles. De acordo com os registros dos Bombeiros, 10 pessoas foram vítimas de ataques de insetos e sete acionaram os militares após serem atacados por algum animal venenoso.
 
O mês com o maior número de ocorrências registradas pelo Corpo de Bombeiros em 2022 foi abril, com 37. Depois, aparecem dezembro (36) e agosto (34). Em janeiro, foram 24 incidentes com animais venenosos; outros 25 foram contabilizados em fevereiro e mais 24 em março. Junho foi o período com menos atendimentos, apenas sete.
 
O QUE FAZER
De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, Henrique Figueiredo, em caso de qualquer ocorrência com algum animal peçonhento, o primeiro passo é procurar atendimento médico na unidade de saúde mais próxima. O ideal é não causar o atraso da vítima a algum hospital, mas caso isso aconteça, deve-se lavar o local da picada com água corrente e sabão neutro.
 
Ao contrário dos mitos e lendas urbanas, o militar afirmou que não se deve usar outros materiais e líquidos para limpar a ferida. Itens como álcool, pó de café ervas, terra, querosene ou urina não ajudam no caso, podendo até mesmo piorar a situação da pessoa picada. Fazer torniquetes ou molinetes também precisam ser evitados.
 
“Algumas dessas coisas podem até potencializar a ação do veneno. O tempo de atendimento é o que vai ser o fator principal para melhorar as chances de o paciente não ter sequelas ou problemas maiores. Chupar o veneno também não existe. Não tem nenhuma comprovação científica de que essas ações funcionam. São lendas que a gente vê em alguns atendimentos”, alertou o tenente.
 
Para buscar ajuda, a população de Uberlândia pode acionar o Corpo de Bombeiros, que funciona como um braço direito da Polícia Militar Ambiental (PMA) e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). No caso de cobras e serpentes, a corporação militar é a melhor opção, pelo (34) 3257-6411. Segundo o tenente Diego Jorge, os militares sempre fazem a captura na zona urbana.
 
Caso a cobra seja encontrada na zona rural, a recomendação é que o animal seja solto com cuidado no mesmo ambiente, para não retira-lo do habitat natural. Em caso de picada, é preciso ficar atento às características da cobra, com maior riqueza de detalhes possível, para informar na hora do atendimento. O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) possui o antídoto.
 
Em caso de incidentes com escorpiões, aranhas, lagartas, lacraias, abelhas ou vespas, acionar o CCZ é recomendado, pelo telefone (34) 3213-1470. O centro municipal executa ações envolvendo animais peçonhentos conforme cada caso. No caso de escorpiões, as ações incluem vistorias no imóvel do solicitante, recomendações de manejo ambiental e a procura e captura dos animais encontrados no ambiente.
 
Em relação às abelhas, a coleta é feita se forem em pequena quantidade e se estiverem até a dois metros do chão. Em outros casos, é repassado o contato de um apicultor, que oferece as condições necessárias para a captura. Para vespas, ocorre a captura quando o ninho já está formado. Elas são soltas em outro ambiente que não prejudique a população e o animal. Em caso de acidente, o Hospital de Clínicas da UFU (HC-UFU) é o local a ser procurado.
 
“O Corpo de Bombeiros realiza um trabalho complementar. Os órgãos trabalham de forma distinta. Zoonoses trabalha com pragas urbanas, como a dengue. A Polícia Militar Ambiental faz um trabalho mais fiscalizatório, mas também ajuda na captura de cobras. Às vezes a nossa demanda é tão alta que não conseguimos atender tudo. Os bombeiros trabalham nas situações de animal de risco ou que coloquem outros animais ou pessoas em risco” argumentou o militar.
 
CUIDADOS
Ainda de acordo com o tenente Henrique Figueiredo, alguns cuidados básicos podem evitar acidentes com os animais peçonhentos. Uma das recomendações é não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário, use um pedaço de madeira, enxada ou foice.
 
Mexer em colmeias e vespeiros é outra atitude a ser evitada. Caso eles estejam em áreas de risco de acidente, é preciso contatar a autoridade local competente para fazer a remoção.
Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em situações de risco também é uma maneira de prevenir os acidentes com animais peçonhentos.
 
Inspecionar roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, pano de chão e tapetes também podem evitar algum acidente com animais peçonhentos. De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros, os insetos costumam se esconder debaixo de pedras, frestas, buracos em paredes e entulho.
 
“A gente tem problemas com pessoas acumuladoras, que costumam guardar muitas coisas em casa. Locais escuros e os cantinhos debaixo de outros objetos são um local que insetos costumam se esconder. Quando o local não é bem acondicionado, é o local perfeito para eles se instalarem. No caso das cobras, é importante manter a limpeza dos locais. Elas costumam ficar em lotes vagos ou no início de zonas rurais” orientou.
 
 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS UBERLÂNDIA


2022
Serpente: 44
Aranha: 16
Escorpião: 297
Lagarta: 3
Abelha: 18
Outros: 3
Não informado: 4
Total: 385

2021

Serpente: 49
Aranha: 8
Escorpião: 239
Lagarta: 2
Abelha: 15
Outros: 1
Não informado: 1
Total: 315
 
2020
Serpente: 46
Aranha: 20
Escorpião: 331
Lagarta: nenhum
Abelha: 3
Outros: 7
Não informado: 1
Total: 408
 
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