07/01/2023 às 13h00min - Atualizada em 07/01/2023 às 13h00min
Homicídios em Uberlândia têm redução média de 89% na última década
Segundo autoridades, integração entre forças de segurança e foco em organizações criminosas contribuem para redução de assassinatos
IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Taxa de tentativas de homicídio também caiu nos últimos anos I Foto: IGOR MARTINS O número de homicídios consumados em Uberlândia registrou uma redução média acumulada de 89% na última década. De acordo com um levantamento divulgado pela Polícia Militar (PM), a queda anual, considerando a média percentual entre os anos de 2012 e 2022, foi de aproximadamente 9%.
O balanço revela uma redução gradativa de crimes desta natureza, após o ano de 2012. Na comparação dos últimos 10 anos, as maiores quedas foram registradas em 2016 e 2018, com índices de -25% e -33% no número de ocorrências, respectivamente.
O maior registro da década foi contabilizado em 2012, que teve 230 homicídios consumados. O maior aumento após isso foi no período de 2016 para 2017, com crescimento de 28%. Em 2022, o crescimento em relação ao ano anterior foi de 7%. Para o delegado-chefe da Polícia Civil em Uberlândia, Marcos Tadeu de Brito Brandão, a redução de assassinatos na cidade pode ser explicada por uma mudança de estratégia para lidar com esse tipo de crime. Desde 2019, as forças de segurança da cidade têm buscado maior interação e cooperação, com o objetivo de coibir qualquer tipo de homicídio.
“Até 2019, era a Polícia Civil (PC) de um lado e a Polícia Militar (PM) do outro. Cada um no seu quadrado. A partir daí, procuramos aproximar as instituições para visar um combate qualificado à criminalidade. Paralelamente, mudamos o foco das nossas investigações, desenvolvendo investigações extremamente qualificadas”, explicou.
Segundo Brandão, a integração entre as Polícias começou em agosto de 2019, durante a “Operação Overdose”, que prendeu 16 pessoas envolvidas com tráfico de drogas. A quadrilha era conhecida por vender a chamada “amarelinha do Dom”, cocaína embalada em papelotes amarelos que fazia referência ao bairro Dom Almir.
O foco em organizações criminosas foi uma das apostas do delegado-chefe para reduzir a criminalidade em Uberlândia. Pelos números apresentados, Marcos Tadeu de Brito Brandão acredita que o trabalho desempenhado pelas forças de segurança tem dado resultado. Em 2022, a unidade da PC concluiu mais de 4 mil inquéritos relacionados a homicídios.
Ainda de acordo com o delegado, a integração não acontece apenas com unidades locais. A cooperação envolve polícias de outras cidades e até mesmo estados. Em setembro de 2021, um homem de 45 anos acusado de estupro vulnerável no estado de Goiás foi preso em Uberlândia. A ação foi comandada pela Delegacia de Polícia Civil de Uberlândia.
“As ações de segurança envolvem diversas operações da Polícia Civil, não só em Uberlândia. Em plena pandemia, nós saímos de Uberlândia para uma operação em Belo Horizonte. Fizemos a operação ‘Anjos da Guarda’ em Juazeiro do Norte, no Ceará. Tudo isso impacta e contribui com a redução dos homicídios. Se o crime não tem fronteiras, porque a polícia vai ter?”, questionou o delegado.
O combate à “macrocriminalidade”, conforme dito por Marcos Tadeu de Brito Brandão, também afeta o pequeno contraventor. O delegado explica que quando o chefe ou integrantes de alto escalão de uma organização criminosa são presos, o estímulo para cometer crimes fica mais baixo.
“O pequeno contraventor pensa dessa forma: se algum chefe de quadrilha foi peso, eu serei o próximo. Isso desestimula. Por isso a Polícia Civil passou a focar na macrocriminalidade. O perfil dos policiais civis e militares contribui muito. Vamos trabalhar juntos, comer no mesmo prato que dividimos a conta. Todos saem ganhando com isso”, detalhou. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram
TENTATIVAS DE HOMICÍDIO
Além dos homicídios consumados, as tentativas de assassinato também reduziram em média 12,7% por ano, entre 2012 e 2022, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais. Na última década, o ano com mais registros de homicídio tentado foi 2013, com 258. Até novembro de 2022, o índice computado pela Sejusp era de 44, o menor entre os anos comparados. Em 2020 e 2021, foram 48 e 56 tentativas do crime, respectivamente.
A tendência de queda vai ao encontro com os dados citados por Marcos Tadeu de Brito Brandão. Entre 2012 e 2018, foram 1.094 tentativas de homicídio registradas em Uberlândia, uma média de 156,28 crimes por ano. Desde 2019, quando o foco das forças de segurança mudou, a média caiu para 56,5, totalizando 226 crimes em quatro anos. O índice é menor do que os anos de 2012 (243) e 2013 (258).
Major da Polícia Militar, Thiago Lana também citou a integração como um fator importante para reduzir o número de homicídios em Uberlândia. Em sua visão, o trabalho preventivo da Patrulha de Prevenção ao Homicídio (PPH) e da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD) tem papel fundamental para coibir esses crimes.
“O trabalho da PPH acompanha diariamente ocorrências e ameaças de agressão e lesão corporal que podem se tornar um homicídio futuramente. Já a PPVD acompanha casos de agressão doméstica, situações de algum marido passional. É um trabalho focado que é feito todos os dias”, disse.
Em entrevista ao Diário, o major afirmou que a pandemia de covid-19 não tem relação com o recuo de homicídios em Uberlândia, por se tratar de um crime específico. Na maioria das vezes, o ato é motivado por disputas de tráfico de drogas, crimes passionais, desacertos e até mesmo brigas de trânsito.
“A parceria com os outros órgãos de segurança contribui muito, é o principal. Temos essa integração e esse acompanhamento e um trabalho focado. É um trabalho de muita troca de informações, um ligado no outro na parte de combater o crime, seja por meio de operações e pelos alvos que a gente tem”, afirmou Thiago Lana.
HOMICÍDIOS CONSUMADOS
2012: 230
2013: 208 (-9%)
2014: 209 (+0,4%)
2015: 194 (-7%)
2016: 144 (-25%)
2017: 185 (+28%)
2018: 123 (-33%)
2019: 106 (-13%)
2020: 80 (-24%)
2021: 71 (-11%)
2022: 76 (+7%)
TOTAL: 1.626
Percentual: -89% no total ou -8,9% anual
* Dados da PMMG
TENTATIVAS DE HOMICÍDIO
2012: 243
2013: 258
2014: 156
2015: 118
2016: 104
2017: 110
2018: 105
2019: 78
2020: 48
2021: 56
2022 (até novembro): 44
*Dados da Sejusp/MG
*ERRATA: O Diário errou ao informar aos leitores um percentual de 118%, noticiado como índice de queda do número de homicídios. A informação foi corrigida após a apresentação do balanço anual da PM, no dia 11 de janeiro.
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