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25/11/2022 às 16h15min - Atualizada em 25/11/2022 às 16h15min

Acidentes com postes de luz deixaram mais de 26 mil pessoas sem energia, em Uberlândia, neste ano

Entre janeiro e setembro de 2022, Cemig registrou 126 ocorrências do tipo

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Pelo menos três pessoas morreram neste ano após ocorrências desta natureza I Foto: Corpo de Bombeiros
Mais de 26,8 mil moradores de Uberlândia ficaram sem energia por conta de acidentes de trânsito envolvendo postes de luz, entre janeiro e setembro deste ano. Os números, divulgados pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), são maiores do que o total registrado em todo o ano de 2021, quando 24,3 mil clientes foram afetados por ocorrências do tipo.
 
De acordo com o levantamento da Cemig, o número de pessoas impactadas é maior mesmo com um índice menor de ocorrências de colisão. Em nove meses de 2022, foram 126 incidentes envolvendo automóveis e postes de energia. Em 2021, no ano inteiro, a companhia teve 175 episódios na cidade.
 
Segundo o engenheiro de serviços comerciais da Cemig, Rodrigo Silva Rodrigues, o fenômeno tem explicação. Em entrevista ao Diário, o especialista afirma que há diversas configurações de postes, e tudo depende do tipo de abalroamento (quando há um choque ou colisão de alguma embarcação contra um obstáculo).
 
Se o acidente acontece em uma saída próxima a uma subestação de energia, a tendência é de que todos os moradores à frente sejam impactados. Quando um acidente envolvendo um poste de energia acontece no limite da distribuição residencial, o número de clientes afetados é menor.
 
“O que define o número de pessoas impactadas é a questão da localização dentro do sistema elétrico. Há abalroamentos que afetam transformadores, e isso vai afetar um número grande de clientes. Uma colisão que causa o desligamento do alimentador na saída da subestação vai impactar todo mundo que está na frente. O mais próximo da fonte, pior. Se for mais longe, impacta menos. O número de clientes é maior porque provavelmente as regiões de abalroamento foram mais próximas das fontes”, detalhou Rodrigues.
 
PROCEDIMENTO
Ainda segundo o engenheiro, a Cemig segue uma série de procedimentos em caso de ocorrências envolvendo postes de eletricidade. Segundo Rodrigo Silva, a companhia costuma ser acionada por órgãos que atendem às queixas, como o próprio Corpo de Bombeiros, Polícia Militar (PM), testemunhas, além das próprias vítimas.
 
Em caso de danos mais severos, o próprio sistema da Cemig identifica possíveis falhas na rede. Em um primeiro momento, uma equipe da empresa é enviada para realizar uma análise inicial dos danos. Nessa etapa, a prioridade é analisar a segurança do local e das pessoas envolvidas no acidente, para depois avaliar a necessidade de substituição ou manutenção do poste.
 
“Geralmente, a equipe inicial não tem os recursos necessários para fazer a substituição do poste. Em caso de danos à rede, uma segunda equipe é enviada para fazer intervenções, mas costuma variar, porque existem diferentes tipos de poste. Podem ter casos em que o poste não é danificado e pode haver danos pequenos”, disse.
 
A intervenção na rede e a substituição do poste também variam de acordo com a complexidade do abalroamento. Por ser um equipamento pesado, os postes são transportados por caminhões e requerem uma equipe de trabalhadores maior. Além disso, a condição geográfica da região afeta o trabalho. Se um acidente acontece em uma região montanhosa, por exemplo, o tempo de ação é maior, geralmente entre três e quatro horas.
 
A interrupção de energia se faz necessária, na maioria dos casos, para analisar os danos à rede e também proteger as vítimas envolvidas nas colisões com os postes. Por isso, a Cemig faz o isolamento do trecho e fecha os dispositivos do circuito. À medida que o trabalho avança, a companhia religa os dispositivos para deixar o menor número possível de clientes sem o serviço. Para a substituição do poste, é necessário avisar a todos os clientes de que estes terão o fornecimento interrompido para a realização da manutenção.
 
Além disso, é necessário fazer contato e alinhar com as empresas de processamento de dados, como telefonia, TV a cabo e internet, que devem regularizar a fiação de sua responsabilidade que porventura tenha sido danificada pela ocorrência. “Existe um paliativo técnico como solução definitiva no menor tempo possível. Caso o poste não seja trocado imediatamente, pode ser que a equipe realize um escoramento do poste. Isso é feito como uma garantia para em poucos dias, fazer a substituição de maneira programada, avisando os clientes”, argumentou Rodrigo.


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CUIDADOS
O engenheiro de serviços comerciais da Cemig orienta à população sobre os cuidados a serem tomados em casos de acidentes desta natureza. Ele conta que a empresa costuma fazer a desenergização do local de maneira remota, mas é preciso estar alerta com os perigos que envolvem os acidentes, como fios e cabos soltos.
 
“Em hipótese alguma o cidadão deve tocar ou se aproximar de um cabo partido, porque nunca se sabe se ele estará desenergizado. A orientação é de não se aproximar a não ser que se tenha conhecimento total da situação. A equipe da Cemig pode intervir no local e isolar a área para garantir a segurança da população”, comentou Rodrigo Silva.
 
A recomendação é a mesma para condutores de automóveis no local. Se um cabo cair no teto do veículo, não se deve tentar retirar o carro sob hipótese alguma, ou tentar retirar manualmente a fiação. No caso de pedestres, o ideal é passar por outro caminho e evitar o trecho.
 
PREJUÍZO
Ainda de acordo com o engenheiro, sempre que um caso de abalroamento é registrado, é lavrado um Boletim de Ocorrência (BO). No caso de identificação do condutor, ele é acionado para ressarcir não apenas a Cemig, mas os parceiros que se utilizam do sistema, como empresas de telefonia e internet.
 
Apesar disso, nem sempre é possível identificar o responsável pelo acidente. “Nesse caso é mais complicado de ter esse acionamento, mas sendo identificado o condutor, vai ter uma solicitação de maneira até judicial”, revelou.
 
OCORRÊNCIAS ESTE ANO
Somente neste ano, o Diário noticiou pelo menos seis acidentes de trânsito envolvendo postes de energia. Quatro delas foram registradas entre fevereiro e agosto e outras duas mais recentes ocorreram em outubro e novembro.

Em fevereiro, um motociclista morreu após bater em um poste de luz na avenida Alameda José Oliveira Guimarães, no bairro Jardim Holanda, em Uberlândia. Segundo o Corpo de Bombeiros, com o impacto da colisão, o condutor foi ejetado cerca de 50 metros e caiu no chão. O óbito foi constatado no local do acidente.
 
Em abril, um motorista de aplicativo também morreu depois de bater o carro em um poste. O acidente foi registrado na rua dos Tarois, no bairro Taiaman, em Uberlândia. De acordo com relatos de testemunhas, a vítima de 55 anos teria passado mal ao volante. Segundo o Corpo de Bombeiros, o homem estava com parada respiratória no momento do resgate e não resistiu.
 
Em junho, um outro motociclista de 64 anos morreu após também bater em um poste na rua Joaquim Leal de Camargo, no bairro Chácaras Tubalina, em Uberlândia. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, no momento do resgate, o idoso estava em parada cardiorrespiratória e não apresentava sinais vitais.
 
Em agosto, um ônibus atingiu um poste de energia e uma residência, no bairro Brasil. O veículo estava sem motorista e desceu a rua desgovernado. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o responsável pelo ônibus deixou a chave no interior do veículo, fechou as portas e entrou em sua residência. Pouco tempo depois, ouviu um barulho de batida e viu que o ônibus havia colidido com um poste.
 
O motorista informou, ainda, que um vizinho disse que viu o momento em que dois meninos haviam entrado no ônibus e provocado o acidente, saindo do local em seguida, tomando rumo ignorado. Contudo, a testemunha já não se encontrava no local para relatar o que havia visto. Apesar da colisão, ninguém se feriu. O veículo foi retirado do local.
 
Em outubro, um homem ficou ferido após bater o carro contra um poste na alameda José de Oliveira, no bairro Jardim Holanda. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a vítima trafegava pela via quando outro veículo convergiu em local errado. Para evitar a colisão entre os carros, o motorista desviou o automóvel e bateu no equipamento.
 
Neste mês, um homem de 53 anos ficou ferido após também bater o veículo em um poste localizado na avenida Rondon Pacheco. De acordo com informações, a batida arrancou o poste do solo. No local, o homem apresentava confusão e um corte contuso na cabeça.

O automóvel ficou inclinado, dependurado sobre o poste, que o sustentou até a equalização feita pelos bombeiros com a utilização de um estabilizador veicular.


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