Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
12/10/2022 às 12h00min - Atualizada em 12/10/2022 às 12h00min

Castração reduz até 90% do risco de câncer de mama em pets

Doença atinge 45% de caninos e 30% de felinos; faculdade particular e UFU promovem atendimentos acessíveis à população

SÍLVIO AZEVEDO I DIÁRIO DE UBERLÃNDIA
Doença pode acometer cerca de 45% de cadelas I Foto: ARQUIVO PESSOAL
Outubro é o mês marcado pela campanha que promove a conscientização da importância da prevenção ao câncer de mama. Mas, além dos seres humanos, a doença também pode acometer cães e gatos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o tumor na mama atinge cerca de 45% das fêmeas caninas e 30% das fêmeas felinas.
 
Ainda de acordo com o CFMV, 17% dos diagnósticos em cadelas são realizados de maneira tardia, reduzindo as chances de efetividade do tratamento. De acordo com uma especialista ouvida pelo Diário, o câncer de mama apresenta características comuns entre seres humanos e animais, uma vez que a neoplasia mamária em ambos apresenta similaridades epidemiológicas, clínicas, biológicas e genéticas.
 
“A idade é um fator de risco para ambas, tanto mulheres quanto cadelas mais velhas são mais susceptíveis. Obesidade também é um fator de risco em mulheres e cadelas. Nas mulheres, a idade do primeiro parto é um fator de risco, ou seja, mulheres que tiveram o primeiro filho antes dos 35 anos tem menos chances de desenvolver câncer de mama. Já nas cadelas, esta relação não foi estabelecida, sendo a castração a melhor forma de prevenção”, explica a veterinária Ligia Gundim.
 
O tratamento, segundo Ligia, varia de acordo com o resultado da biópsia. “Por vezes, quando o tumor não é agressivo, é recomendado apenas tratamento cirúrgico de mastectomia, com a retirada das glândulas mamárias, outras vezes, pode ser indicado o tratamento por quimioterapia”.


• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
 
PREVENÇÃO
Uma das maneiras mais tradicionais e funcionais para prevenir o câncer de mama em cadelas é a castração. Esse é um ponto em comum entre todos os profissionais da medicina veterinária. Ligia reafirma que, a cada cio, a cadela é exposta a uma descarga de estrógeno, hormônio produzido pelo ovário, que está relacionado à ocorrência de tumores de mama.
 
“No procedimento de castração, é realizada a retirada do útero e dos ovários da cadela, diminuindo assim, as chances de desenvolvimento de neoplasias. Não necessariamente todo animal não castrado terá câncer, porém há trabalhos na literatura afirmando que se o animal for castrado antes do primeiro cio, que ocorre entre 6 e 12 meses de idade, as chances de ter câncer de mama diminuem em 90%. Por esse motivo, quanto mais cedo ocorrer a castração, menor as chances de o animal desenvolver câncer”, informou.
 
A opinião é a mesma da veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, Cecília Gomes Rodrigues. “A melhor forma de prevenção é a castração. Sabemos que tem uma grande parte desses hormônios que é responsivo. Então a castração precoce é a melhor forma de prevenção de desenvolvimento de tumores”, orienta.
 
Ainda de acordo com Cecília, quanto antes o problema for detectado, maior a chance de tratamento e menor o risco de complicações em decorrência do câncer. “Quanto mais cedo detecta a doença, maior as chances de fazer a remoção do local comprometido e de o animal não desenvolver metástase, dependendo do tipo histológico da doença. Sabemos que tem doenças que os tipos são menos agressivos e tende a ser mais localizados, mas temos os tumores com grau de agressividade muito grande e um poder de metástase muito rápido”.
 
O professor universitário Benerval Santos (54) já passou pela experiência de ter três cadelas com câncer e conta que o diagnóstico precoce foi essencial. “A gente identificou o câncer no começo, dando banho, e percebi algumas protuberâncias na região mamária. Identifiquei como nódulos, imediatamente procurei a veterinária, que prontamente nos atendeu. Fez a extração parcial das glândulas mamárias dela. Isso há quatro anos com minha mais velha, que hoje tem 14 anos”, contou.
 
As outras duas cadelas, mais novas, também precisaram passar por intervenção para tratar de câncer de mama. Benerval acredita que a doença foi causada por um medicamento que inibe o cio. “Talvez eu tenha errado ao longo do tempo porque não sabia muito sobre a doença quando elas eram mais jovens, e eu apliquei aquela injeção anti-cio, que depois fiquei sabendo que são altamente cancerígenas. Depois disso nunca mais apliquei e fizemos a castração. Mas o câncer apareceu depois”, revelou.
 
ATENDIMENTOS À POPULAÇÃO
Durante todo o mês, a Faculdade Una Uberlândia está promovendo orientações sobre o tumor de mama em pets, trazendo esclarecimentos sobre sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento.
 
A instituição realiza também, neste Outubro Rosa, atendimentos preventivos gratuitos para famílias de baixa renda na Clínica Veterinária da Faculdade. Caso o pet precisar realizar exames, procedimentos cirúrgicos ou tratamento para tumor de mama, o tutor paga apenas um valor simbólico. A Clínica fica dentro do Centro Universitário Una, na Alameda Paulina Margonari, 59, no Jardim Karaíba.
 
O Hospital de Medicina Veterinária da UFU também realiza, por meio do Serviço de Clínica e Cirurgia Oncológico (SECCON), serviços de castração com um valor mais acessível. Os agendamentos podem ser feitos através dos telefones (34) 9767-5058, (34) 3225-8410 ou (34) 3225-8404.
 
Desde agosto, a Prefeitura de Uberlândia também está promovendo castração e microchipagem de animais, com a previsão de 300 procedimentos por semana. As duas credenciadas em primeiro momento foram a clínica veterinária Pet House e o instituto SOS Pet. A convocação para os tutores levarem os animais é feita via SMS, com base na lista de espera do Centro de Controle de Zoonoses.
 
Além dos cadastrados, também é priorizado o atendimento a ONGs e protetores independentes de baixa renda. Pela manhã, os atendimentos ocorrem na clínica Pet House (20), enquanto à tarde são realizados no instituto SOS Pet (40). A abordagem inicial inclui análise médico veterinária dos parâmetros respiratórios, coração, pressão arterial, temperatura e o estado geral do animal para avaliar se o animal está apto à cirurgia. Antes do pré-operatório ainda é feito um hemograma do animal.

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90