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11/10/2022 às 14h45min - Atualizada em 11/10/2022 às 14h45min

Uberlândia lidera ranking de incêndios florestais em Minas Gerais

Neste ano, o município registrou 833 ocorrências, ficando na frente da capital e outras cidades do Triângulo Mineiro

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Grande parte dos incêndios registrados em Uberlândia ocorreram no mês de agosto | Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Uberlândia lidera o ranking de incêndios florestais registrados em Minas Gerais. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, de janeiro a setembro deste ano, foram 833 ocorrências atendidas no município. Em todo o estado foram computados mais de 17 mil chamados no mesmo período. 

A capital Belo Horizonte aparece em segundo lugar no ranking, com 822 incêndios registrados no mesmo período. Outras cidades da região do Triângulo Mineiro, como Uberaba (422), Araguari (346) e Ituiutaba (300) aparecem em 5º, 8º e 10º na lista, respectivamente. 

Ainda de acordo com o levantamento, grande parte dos incêndios registrados em Uberlândia ocorreram no mês de agosto, em razão da estiagem e do clima quente. O número dobrou em 2022 em relação aos últimos dois anos. Entre os dias 1º e 21 de agosto, os militares atenderam 639 chamados, enquanto em 2020 e 2021 foram 223 e 315 ocorrências. 

De acordo com o Tenente Ottoni, do 5º Batalhão de Bombeiros Militares (5º BBM), em quase 100% dos casos os incêndios florestais acontecem por ação humana, tanto por incendiários quanto proprietários que têm a intenção de fazer a limpeza de um terreno.

Ainda segundo o oficial, a característica de uso e ocupação do solo da região, aliada ao clima, é um fator que favorece o aparecimento de incêndios florestais. “As cidades do Triângulo Mineiro possuem uma grande quantidade de lotes vagos em área urbana e de áreas de plantações. Além disso, as temperaturas nas estações secas são elevadas. E o uso das queimadas na limpeza de terrenos também é uma prática bastante difundida entre proprietário e agricultores”.

O tempo para apagar um incêndio florestal vai de acordo com as condições do ambiente, conforme explicou o militar. “O tempo de combate varia muito, pois depende de alguns fatores como temperatura, direção do vento, umidade do ar, extensão da área a ser combatida e a declividade do terreno. Mas cada caso é um caso”, reforçou o tenente Ottoni.

Em razão da alta incidência de ocorrências da cidade e região, os bombeiros precisam passar por treinamentos para conseguir lidar com os perigos de um incêndio. “Todos os bombeiros militares, durante a formação, recebem instruções acerca do tema e são aptos para o emprego na atividade. Mas a maior ferramenta é a condição física do militar, visto que o combate a um incêndio florestal é extremamente extenuante e cansativo”, finalizou.

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ANOS PARA RECUPERAÇÃO
Depois de uma queimada a vegetação não se recupera da noite para o dia. O processo pode levar anos e, em alguns casos, décadas. Segundo o biólogo Gustavo Malacco, diretor de sustentabilidade do Instituto Angá, o tempo depende muito do ambiente e da periodicidade em que a área é atingida.

“Uma coisa é você ter uma queimada recorrente. Se for ano a ano, o ambiente pode não se recuperar mais, ou demorar décadas no processo, tendo que evitar o fogo. O cerrado e os ambientes campestres respondem mais positivamente na restauração, que é mais rápida. Mas ressalto que é aquele fogo natural, que vem de um relâmpago na estação chuvosa. Não o fogo ano a ano. Pode ser que em dois ou três anos estejam recuperadas. Já uma área florestal pode demorar décadas dependendo do estrago”.

Além do longo período de recuperação, o prejuízo causado pelas queimadas pode ser imensurável, de acordo com Malacco. “Você tem o problema da biodiversidade, mortalidade de espécies, contribuição da emissão de gases do efeito estufa, que contribui para o agravamento das mudanças climáticas. O problema das queimadas, principalmente na estação seca, também afeta a saúde”.

Sobre os números de Uberlândia, Malacco disse que tem que ser levado em consideração as características do território. “Temos que entender que o território de Uberlândia é maior que Belo Horizonte. Segundo, lá você tem áreas de mata atlântica e de serras. Aqui tem cerrado, um ambiente que, sistematicamente você teve um processo histórico de evolução com fogo, de origem natural. Toda essa matriz que você tem aberta, de plantações e pastagem, favorece muito a dispersão desses incêndios”.

Por fim, o biólogo faz uma alerta sobre formas de prevenção. “Eu vejo que Uberlândia tem outra particularidade que é não ter planos de monitoramento e prevenção como vemos em Belo Horizonte. Como lá tem muita serra em volta, se nota que tem mais brigadas de incêndios e isso ajuda a diminuir, ano a ano. E por ser uma região metropolitana, requer uma maior atenção do poder local. Entendo que também há essa diferença de governança, de estrutura, que as políticas de prevenção são muito tímidas. Geralmente são campanhas. Não é no dia a dia”, concluiu.  


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