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07/09/2022 às 10h00min - Atualizada em 07/09/2022 às 10h00min

Setor de serviços lidera geração de empregos em Uberlândia em 2022

Ramo tem balanço positivo de 1,7 mil vagas entre janeiro e julho; agropecuária e construção apresentam déficit

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Apesar de mostrar bons índices, inflação pode afetar desempenho de comércios e serviços no fim do ano I FOTO: DIVULGAÇÃO
Entre janeiro e julho deste ano, Uberlândia registrou saldo positivo de 2.189 postos de trabalho, segundo levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No total, foram 81.371 admissões e 79.182 desligamentos, com destaque para o setor de serviços, que apresentou balanço de 1.773 empregos gerados durante o período.
 
O órgão aponta que nos sete primeiros meses, o setor empregou formalmente 43.153 pessoas, mas desligou 41.380 funcionários. De acordo com o economista Filipe Prado Macedo da Silva, a relevância do ramo de serviços em 2022 tem relação direta com a retomada das atividades econômicas na cidade, fruto do avanço do combate à pandemia de covid-19.
 
Além do setor de serviços, o comércio também apresentou índices positivos entre janeiro e julho, com saldo positivo de 382 vagas. O segmento foi responsável pela contratação de 18.049 empregados e desligamento de 17.667 funcionários. Na visão do especialista, os dois mercados são marcados pela sazonalidade, o que pode melhorar ainda mais a taxa de empregabilidade no fim do ano, com a chegada das datas festivas.
 
“O setor de serviços e comércio costuma ser melhor no fim do ano, então é bem possível que com os empregos temporários esses setores explodam no último trimestre, porque eles precisam de muita mão de obra. Pelo menos uns 20 municípios vivem em torno do comércio de Uberlândia, o desempenho aqui está excelente”, disse.
 
Outro setor que também se destacou positivamente no balanço do Caged foi o da indústria. Com saldo positivo de 525 empregos, a categoria fez a admissão de 7.471 novos empregados e 6.946 desligamentos. No mesmo período de 2021, o saldo foi de 1.130 vagas, com 6.880 contratações e 5.757 desligamentos. Para o economista ouvido pelo Diário, a piora do desempenho é reflexo da mecanização da mão de obra industrial.
 
“A indústria tem se mecanizado bastante, e a tendência é de que cada vez mais pessoas fiquem desempregadas nesse setor. Apesar disso, vemos que os números refletem a demanda justamente do setor de serviços e comércio. Quando vamos ao shopping e compramos um sapato, ele inicialmente precisou ser fabricado na indústria. Ele é levado para o comércio e vendido por lá. Esse é o efeito da retomada econômica, a expectativa é de que as encomendas industriais voltem a aumentar neste fim do ano com a chegada do natal”, explicou Filipe.
 
INFLAÇÃO
Apesar do balanço positivo dos três setores, o especialista ouvido pela reportagem alerta que a inflação pode causar prejuízos para o mercado nos próximos meses. De acordo com o economista, não é impossível considerar que até o final do ano os mercados comecem a apresentar dados negativos, já que com o aumento dos preços, muitos consumidores acabam deixando de comprar produtos e serviços.
 
Em julho, o Diário noticiou que
304 mil pessoas estão inadimplentes em Uberlândia, o que significa que 40% da população do município está endividada. Os dados são do indicador do Mapa da Inadimplência da Serasa Experian. O índice registrado na cidade é o segundo maior do estado de Minas Gerais, ficando atrás apenas de Belo Horizonte, com 938 mil endividados.
 
“A inflação faz com que a gente consuma menos. No fim do ano, ao invés de a pessoa comprar uma TV, ela vai comprar uma lembrancinha. Com tamanha inadimplência, quem vai comprar um eletrodoméstico? Isso pode sim acarretar as vendas do comércio. Com menos vendas, temos menos faturamento e menos demanda, e isso rebate na indústria”, explicou.
 
AGROPECUÁRIA
Assim como aconteceu nos sete primeiros meses de 2021, quando apresentou saldo negativo de 298 vagas, o setor agropecuário voltou a registrar déficit de empregos neste ano. Com 3.342 admissões e 3.783 desligamentos, o ramo teve balanço negativo de 441 vínculos empregatícios.
 
No dia 21 de agosto, o Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU) divulgou que
as exportações da Região Intermediária de Uberlândia (RGInt) bateram recorde no primeiro semestre de 2022. Os dados mostram que o principal produto exportado foi a soja, grão proveniente do agronegócio.
 
Conforme relatado pelo economista Filipe Prado, o agronegócio do Triângulo Mineiro é um dos mais modernos existentes no Brasil nos dias atuais. Sendo assim, é natural que ano após ano a mecanização e implementação tecnológica sejam intensificadas nas principais plantações da região. Em março de 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou um corte na taxa básica de juros para aproximadamente 2%, o que contribuiu para a compra de maquinário por agricultores.
 
“Essa foi a oportunidade para o agricultor de café, soja e milho se mecanizar. O agro daqui é todo capitalizado, e a tendência é de que em algum tempo tenhamos esse maquinário para tudo quanto é lado. As máquinas estão cada vez mais modernas e a empregabilidade diminui cada vez mais”, detalhou o especialista.
 
CONSTRUÇÃO
Na contramão de 2021, o setor de construção foi mais um dos setores que apresentou balanço negativo de empregos, de acordo com o Caged. Entre janeiro e julho, a categoria fez 9.356 admissões e 9.406 desligamentos, com déficit de 50 vagas. Segundo Filipe Prado Macedo da Silva, a alta dos preços de construção contribuiu para o recuo do ramo em 2022.
 
“A construção não é um setor mecanizado, então depende muito da mão de obra. É um setor que depende muito de taxas de financiamento. Com a Selic disparando neste ano, ficou mais difícil. A construção durante a pandemia explodiu, justamente porque a taxa básica de juros estava baixa. O dinheiro ficou mais caro e as pessoas já não estão comprando tantos imóveis assim. Podemos esperar mais desemprego ainda neste segundo semestre”, finalizou o economista.


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