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28/04/2022 às 14h10min - Atualizada em 28/04/2022 às 14h10min

Cancelamento relâmpago de show do IL Divo gera revolta em Uberlândia

Com ingressos comprados em 2020, fãs do grupo reclamam de comunicado feito a apenas dois dias do evento, além da dificuldade para conseguir reembolso

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Apresentação estava marcada para esta quinta-feira (28) na Arena Sabiazinho I Foto: DIVULGAÇÃO/IL DIVO
Previsto para acontecer na noite desta quinta-feira (28) na Arena Sabiazinho, o show do trio multinacional IL Divo foi cancelado pela produtora do evento dois dias antes da apresentação. O anúncio em cima da hora gerou revolta de fãs do grupo musical, que já haviam adquirido os ingressos e até mesmo reservado hotéis em Uberlândia.
 
Admiradores do IL Divo, Vitor Modesto e Maria do Carmo compraram as entradas para o show ainda em 2020, quando o evento foi anunciado pela primeira vez. Com a pandemia da covid-19, a apresentação precisou ser remarcada para setembro de 2021 e novamente para abril de 2022. Tudo estava dentro do planejamento, até que o casal recebeu a notícia do cancelamento na noite de terça (26).
 
Naturais de Santa Vitória (MG), a cerca de 220 km de Uberlândia, os mineiros reservaram quatro diárias em um hotel da cidade para garantir a estadia e poderem assistir ao show do trio. Revoltados, os dois vieram à cidade para tentar garantir o reembolso do ingresso comprado há dois anos. Entretanto, em entrevista do Diário nesta quinta (28), ambos afirmaram que não tiveram sucesso até o fechamento dessa reportagem.
 
“Nós viemos para cá tentar resolver o ressarcimento, tentamos contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) disponibilizado pela produtora, mas é impossível ter resposta. Nós esperamos tanto por esse show. Entendemos o adiamento por causa da pandemia, mas ele foi remarcado. A nossa frustração é muito grande”, disse Vitor Modesto.
 
Ainda de acordo com o consumidor, a falta de divulgação do cancelamento do show em outras mídias tem gerado confusão entre fãs do IL Divo. Vitor alega que não há nenhum comunicado falando sobre o caso no site da banda, da organizadora do evento ou ainda da empresa responsável pela venda dos bilhetes. Além disso, o consumidor reclama da falta de transparência com os clientes envolvendo toda a situação.
 
Na visão do casal, o informe divulgado pela empresa do show pelo Instagram não esclareceu devidamente o motivo do cancelamento do evento. No comunicado, a organizadora afirmou que a apresentação foi impossibilitada pela “agenda de jogos da Liga Mineira de Vôlei para a cidade de Uberlândia”.
 
A produção do Diário entrou em contato com a Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel), responsável pela Arena Sabiazinho. Em nota, a Futel informou que não sabe o motivo do cancelamento do show, já que o evento aconteceria no dia 28 e o próximo jogo previsto para o ginásio seria no dia 30, pela Superliga Masculina de Vôlei. A fundação afirmou que seria possível realizar os dois eventos da mesma forma. Além disso, o comunicado diz que a fundação apenas cede ou aluga o espaço e que o cancelamento foi feito pela organização do show.
 
“O cancelamento é uma grande decepção para nós. Pode ter certeza que muitas pessoas vão vir aqui e dar com a cara na porta. O comunicado diz que o cancelamento era por causa de um jogo de vôlei, mas não tem jogo hoje, estamos aqui na porta. Nós vamos continuar buscando os nossos direitos, e se não houver retorno, aí cabe ação judicial. É o nosso direito como consumidores. Pagamos por algo e não vamos receber. Fomos enganados”, relatou o fã da banda Vitor Modesto.

O Diário recebeu através do WhatsApp e redes sociais diversas reclamações de pessoas que também não conseguiram solicitar o reembolso. Em um post feito pelo jornal sobre o cancelamento do show, uma leitora publicou: “Agora começa a novela da devolução do dinheiro. Estou há dois anos tentando reaver o meu do Kiss. Cada hora, inventam uma desculpa diferente”, afirmou.




 
DIREITO DO CONSUMIDOR
Em entrevista ao Diário, o advogado e vice-presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Matheus Custódio, disse que o consumidor que se sentir lesado tem o direito de garantia ao estorno do ingresso ou a possibilidade de adquirir um bilhete de um evento da mesma produtora. Para isso, é preciso procurar a empresa responsável em um prazo máximo de 30 dias, sendo obrigação legal da organizadora apresentar as propostas.
 
“A produtora não oferece essas questões. Ela é obrigada a cumprir, mas a escolha pertence ao consumidor. O cliente, em um eventual cancelamento, pode optar pela restituição do valor pago, desde que concorde com isso. Se o consumidor escolher outro ingresso, a produtora precisa fornecer isso também em um prazo máximo de 30 dias”, explicou.
 
O advogado afirmou ainda que em casos de clientes que tenham reservado hotéis, como aconteceu com Vitor Modesto e Maria do Carmo, a discussão em um processo judicial pode ocorrer se for comprovado o prejuízo por parte do consumidor.
 
“Suponhamos que um cliente fez a reserva de um hotel e ele não consegue fazer o cancelamento. Se ficar comprovado, a produtora seria responsável pelos prejuízos. O consumidor pode procurar a empresa e fazer uma solicitação. Essa solicitação precisa ficar registrada por meio de um protocolo. Se em todo caso a empresa não resolver a situação e o consumidor não quiser procurar por um advogado, ele pode acionar o Procon”, detalhou Custódio.
 
O Diário também fez contato com o diretor de Fiscalizações e Pesquisas do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em Uberlândia, Claudir Rodrigues. Segundo ele, o órgão ainda não recebeu uma denúncia formal, mas já foi acionado por meio das redes sociais e tem monitorado o caso.


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Em situações de indefinição no estorno ou troca de ingressos, o diretor do Procon afirmou que o cliente pode registrar um boletim de ocorrência (BO) e procurar o órgão para realizar a notificação junto à empresa. “É muito importante que isso seja feito e que o consumidor procure o Procon com a documentação pessoal e o ingresso, para que a gente possa pedir o ressarcimento corrigido monetariamente”, explicou.
 
O Diário procurou a Bconcerts, empresa responsável pela realização e promoção do show do IL Divo em Uberlândia, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.


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