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26/06/2021 às 08h31min - Atualizada em 24/06/2021 às 19h50min

Inflação em maio é a maior para o mês desde 2013 em Uberlândia

Com aumento médio de 1,69%, grupo “Habitação” foi o principal responsável pelo aumento dos preços

LORENA BARBOSA
Energia elétrica, com elevação de 5,58%, puxou a alta do IPC | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Uberlândia teve, em maio deste ano, a maior inflação para este mês desde 2013. O dado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) local foi divulgado pelo Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU). O resultado foi informado na última terça-feira (22).

Segundo o economista Pedro Henrique Martins Prado, na análise do IPC são considerados os principais itens consumidos pelas famílias que recebem entre 1 e até 5 salários mínimos. “Esse consumo é definido a partir de uma pesquisa de orçamento que acompanha o que essas famílias vão consumindo ao longo dos meses”, explicou.

Ainda de acordo com o estudo, entre os produtos que apresentaram elevação de preço, o destaque de aumento foi para o grupo “Habitação”, que compreende os gastos necessários para a manutenção de uma residência. O aumento médio foi de 1,69%, puxado pela alta de 5,58% registrada pela energia elétrica.

Trazendo os números para a rotina das famílias, o técnico de instalação de internet Marcelo Machado, de 36 anos, foi uma das pessoas que sentiu no bolso os reajustes. Ele mora com a esposa e a filha, de dois anos, em um apartamento. A família sai de casa cedo e só retorna depois das 18h. Segundo Marcelo, o único aparelho que fica ligado na tomada durante o dia é a geladeira, e mesmo assim ele viu o preço da conta de luz praticamente dobrar no último ano. “Meu apartamento é novo, quando me mudei eu pagava, em média, R$ 130,00. Agora estou pagando R$ 240,00”, disse.


“TRANSPORTES” E “VESTUÁRIO”
Outros setores também pesaram no IPC. O segundo maior grupo que registrou aumento foi o de “Transportes”. A principal variação foi causada pelo aumento de 3,8% no preço dos combustíveis. E o terceiro grupo com maior elevação foi o de “Vestuário”, com variação de 4,23%.

De acordo com o economista Pedro Henrique Martins Prado, as variações de preços têm várias explicações. Uma delas é que no mês de maio houve a mudança da bandeira tarifária por causa do clima, o que causou o reajuste. Ainda segundo o economista, as variações impactam diretamente nos orçamentos das famílias. “A gente tem um aumento médio que se acumula neste ano de 3%, é sintoma de que os produtos que as famílias estão consumindo estão aumentando 3%. Então a capacidade delas de consumir esse mesmo conjunto de bens tem diminuído”, explicou.

CESTA BÁSICA
O Cepes divulgou também o Boletim da Cesta Básica de Alimentos de Uberlândia (CBA). O valor gasto com os alimentos básicos em maio de 2021 foi de R$ 529,80, queda de 0,13% se comparado ao valor que o consumidor pagava um mês antes, em abril, que era de R$ 530,55.

Ainda segundo o estudo, nos cinco primeiros meses do ano, a cesta básica teve queda de 3,20%, mas ainda está 15,74% mais cara do que em 2020. Principalmente, por causa do preço das carnes.

De acordo com o economista Pedro Henrique Martins, o aumento registrado no ano passado está intimamente ligado com a crise gerada pela pandemia do coronavírus. Com o fechamento de empresas e a diminuição nos postos de trabalhos formais, houve queda na renda, e o consumo consequentemente diminuiu. As famílias precisaram priorizar a compra de alimentos que compõem a cesta básica. Com o aumento da procura por esses produtos, os preços deles subiram. Outra explicação são os efeitos sazonais ligados ao clima, safra e entressafra.

“Em 2020, a gente viu muitas pressões diferentes sobre esse preço. Enquanto a gente via o preço de praticamente tudo caindo, a gente viu os preços dos alimentos continuando parados ou subindo lá no início da pandemia, porque era o mais essencial para as famílias. Você para de comprar roupa, de sair, de se locomover, de ir no cinema, de comprar roupa. Mas você não para de comer, você precisa comprar alimentos”, disse Pedro Henrique Martins.

Na casa do técnico de instalação de internet Marcelo Machado, de 36 anos, o aumento mais sentido foi o dinheiro gasto no supermercado. Com uma criança pequena em casa, além dos itens de alimentação, as fraldas, leite e outros produtos de necessidade básica também pesaram no orçamento. Segundo o técnico de instalação de internet, o jeito foi cortar o lazer. “Comprar uma pizza no final de semana, um sorvete, sair em um domingo à tarde, a gente cortou mesmo”, contou.
 
 

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