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09/06/2021 às 11h04min - Atualizada em 09/06/2021 às 11h04min

Tempo seco eleva a poluição em Uberlândia

Alteração ocorrida no Outono afeta a vegetação, a fauna e a saúde individual e coletiva, agravando doenças respiratórias e sobrecarregando o sistema de saúde

FERNANDO NATÁLIO
Geógrafo Bruno Michelotto explica motivação para piora da qualidade do ar urbano I Foto: Arquivo pessoal
O tempo seco típico do Outono restringe as condições de dispersão dos poluentes e eleva a poluição em Uberlândia nesta época do ano. Essa alteração física do meio ambiente, segundo o geógrafo mestre em Política Pública e Gestão Ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Bruno Del Grossi Michelotto, afeta a vegetação, a fauna e diretamente a saúde individual e coletiva, provocando agravamento de doenças respiratórias e, consequentemente, sobrecarga no sistema de saúde.
 
“Nesse período não ocorre maior emissão de poluentes. O que acontece, com a ausência da chuva e da umidade, é uma menor dispersão dos poluentes. Isso aumenta a poluição do ar, trazendo efeitos na saúde das pessoas, como as crises de asma, sinusite, bronquite e infecções de garganta e respiratórias”, explicou Bruno Michelotto. “Em um período marcado pelo coronavírus, que já expôs as deficiências do sistema de saúde brasileiro, esse quadro tende a piorar essa situação, sobrecarregando as unidades de saúde”, alertou.
 
A tendência do aumento de concentração de poluentes é reforçada pela falta de ventos nesse período do ano. “Por volta de agosto temos mais rajadas de ventos, melhorando a dispersão dos poluentes. Mas, nesse mês de junho, a falta dos ventos aumenta a poluição. E esse cenário é reforçado, nesta época, por práticas antigas que ainda são vistas, como a colocação de fogo em terrenos baldios e em lixos, até como forma de limpeza urbana, que acabam elevando os poluentes”, observou o especialista.
 
Apesar da piora da qualidade do ar urbano devido à maior poluição no Outono, o geógrafo pontua que os níveis de concentração dos poluentes não chegam a ultrapassar os limites estabelecidos por legislação. “Embora Uberlândia não tenha monitoramento da qualidade do ar feita de forma sistemática, como deveria, não tendo, assim, dados atuais, sabemos que os níveis de concentração média não têm registrado episódios de grande preocupação”, informou o geógrafo.
 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece, como padrão de qualidade do ar, concentração média de 24 horas de 240 microgramas por metro cúbico de ar, que não deve ser excedida mais de uma vez por ano. “Os dados existentes em Uberlândia são amostragens pontuais, feitas entre 2012 e 2019, que indicam, por exemplo, que em 2017 não ultrapassou 150 micrograma por metro cúbico. De 2012 a 2019, houve variação de 60 micrograma por metro cúbico, em 2013, até 240 micrograma por metro cúbico, em 2014”, informou.
 
SEM MONITORAMENTO 
Ainda de acordo com o geógrafo Bruno Del Grossi Michelotto, estes dados de concentração de poluentes em Uberlândia poderiam ser mais atuais se a cidade tivesse monitoramento da qualidade do ar feito por meio de instituições públicas ou de pesquisa, como ocorre em municípios grandes, como São Paulo e Belo Horizonte.
 
“Pelo tamanho da população de Uberlândia e o crescimento da cidade, já é hora de se pensar em ter essas redes de monitoramento. O objetivo deste recurso é prevenir condições críticas na atmosfera. É importante para o município e para seus moradores”, apontou o mestre em Política Pública e Gestão Ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB).
 
Segundo Bruno Michelotto, Uberlândia tem levantamentos pontuais feitos pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e Uniube. “Esse monitoramento não é feito de forma sistemática, como ocorre em São Paulo, que tem a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), e em Belo Horizonte (que conta com a Fundação Estadual do Meio Ambiente – Feam)”, lembrou o especialista.
 

CUIDADO COM O TEMPO SECO
Segundo o médico pneumologista Ricardo Luiz Diniz dos Santos, é preciso ter cuidado com o tempo seco para evitar problemas de saúde típicos deste período. “A queda da umidade é mais prejudicial que a da temperatura. Com o tempo seco, a via respiratória é exigida para manter a condição boa para o ar entrar no pulmão. Mas ele desidrata a via respiratória e, consequentemente, a resposta imunológica nos alvéolos e brônquios diminui”, explicou.

Ainda conforme Ricardo Diniz, essas alterações favorecem a ocorrências de infecções respiratórias. “Principalmente as doenças virais, como as sinusites, bronquites, resfriados, gripes e infecções de garganta”, apontou.

Ainda de acordo com o pneumologista, para conter os reflexos negativos da queda de umidade as pessoas devem reforçar as práticas saudáveis. “Elas precisam tomar bastante água, evitar ficarem em jejum por longo tempo e praticar atividades físicas. Também podem fazer inalação com soro fisiológico e devem evitar o tabagismo e o consumo de álcool, pois ambos pioram o sistema de defesa”, orientou.


Matéria atualizada às 12h04 para acréscimo de informações.


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