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29/05/2021 às 10h00min - Atualizada em 29/05/2021 às 10h00min

Alta do preço do milho compromete mercado de ração animal e setor de ovos

Tendência é de diminuição da oferta de ovos nas próximas semanas e consequente alta dos valores cobrados pelo produto

FERNANDO NATÁLIO
Elevação no valor da saca de milho chega a 165% e impacta na cadeia de ovos I Foto: Divulgação
O aumento do preço do milho está refletindo diretamente na indústria da ração animal e na cadeia de ovos. A elevação de aproximadamente 165% no valor da saca de milho, passando de R$ 40 há 12 meses para R$ 106 hoje, fez com que o mercado de ração animal reduzisse seu lucro de 30% pela metade e setor de ovos trabalhasse com margens negativas nesse momento.
 
O impacto pode representar uma tendência de diminuição da oferta de ovos nas próximas semanas e consequente alta dos valores cobrados pelo produto. Segundo o sócio diretor de uma empresa do setor de ovos, Daniel Fernandes Mohallem, o preço do milho, responsável por cerca de 60% da composição da ração animal, subiu 22 vezes mais que o valor dos ovos.
 
“O preço da caixa de ovos (360 unidades de ovo branco extra), hoje, é de R$ 114. Há 12 meses, a mesma caixa de ovos valia R$ 106. Nessa comparação, o aumento é de 7,5%. Esses são dados de um indexador nacional (Ovo Online). Na mesma comparação de 12 meses, o milho está, hoje, na faixa de R$ 103 a R$ 106 e no ano passado estava entre R$ 40 a R$ 42. Uma alta de aproximadamente 165%”, informou.
 
Ainda de acordo com Daniel Fernandes, como não houve grande repasse da alta dos custos para o preço de venda dos ovos, toda a cadeia do setor está operando com margens negativas. “Além disso, teve aumento nos valores da embalagem, do frete, enfim, encarecimento de todo o custo de produção. Por isso, deve diminuir a oferta de ovos no final de julho”, disse o executivo, que apontou a exportação como o motivo da alta desenfreada do preço do milho.
 
“Se o produtor pode vender o grão para fora por estes valores, porque vai comercializar aqui por preços menores. Então, se ele tem facilidade para exportar, o câmbio está favorável e tem como cobrar R$ 110 pela saca por, vai praticar estes valores aqui também”, explicou Fernandes.
 
A avaliação de Daniel Fernandes é endossada pelo distribuidor de ovos em Uberlândia Carlos Eduardo da Silva, que atua na Ceasa há 35 anos. “Todo o custo de produção subiu. Tivemos aumento de 42% nos valores das embalagens, por exemplo. O combustível também teve alta nos valores. Isso reflete no setor. A tendência é que o preço do ovo também suba. Até porque, como as carnes tiveram aumento, é comum as pessoas consumirem mais os ovos. Se esse consumo aumenta, é normal que o preço deste produto também tenha alta”, pontuou.
 
REFLEXO NO MERCADO
O encarecimento do milho reflete no mercado de ração animal, principal custo da produção de ovos. De acordo com o proprietário de loja de produtos agropecuários e veterinários em Uberlândia Geraldo Hélio de Deus, como o milho é o principal componente da ração animal, este produto teve aumento de cerca de 40% desde dezembro do ano passado até maio de 2021.
 
Ciente de que esse repasse para o consumidor provocaria grande perda de clientes, o empresário reduziu sua margem de lucro pela metade para evitar perda acentuada de mercado. “Diminuí a margem de lucro de 30% a 35% para 15%. Nunca trabalhei com uma margem tão pequena como essa”, revelou o empresário, que atua há mais de 30 anos no varejo neste setor, comercializando ração para engorda de frango e para postura de galinha, além de milho em grãos e moído. “Mesmo assim, as vendas caíram pela metade”, registrou.
 
 

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