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22/12/2020 às 08h00min - Atualizada em 22/12/2020 às 08h00min

Coletivo “A Cabaça” lança novo livro em Uberlândia

Produção trata questões referentes à ancestralidade e religiosidade afro-brasileira

DA REDAÇÃO
“Epifanias Contra o Desencanto: Candomblé em Crônicas” foi escrito por Isley Borges e Nasser Pena | Foto: Divulgação

O coletivo “A Cabaça” é um grupo composto por jornalistas e pesquisadores da cultura afro-brasileira, que desenvolve projetos voltados para o combate ao racismo e à intolerância religiosa. O mais novo projeto do grupo é o livro “Epifanias Contra o Desencanto: Candomblé em Crônicas”, escrito pelos autores Isley Borges e Nasser Pena, com o objetivo de compartilhar e discutir questões referentes à ancestralidade e religiosidade afro-brasileira.

A obra, que une candomblé, literatura e imagem, conta com 13 crônicas e um ensaio teórico escrito por Cristina Ifatoki, que também é responsável por uma das ilustrações do livro. O projeto recebeu financiamento do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Pmic). No site do coletivo é possível acessar todos os projetos e produtos gratuitamente, inclusive o livro recém-lançado, que está disponível no formato e-book. A versão impressa pode ser adquirida por R$ 20.

Graduados na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), os autores creditam parte do processo de pesquisa e desenvolvimento das obras à formação superior que tiveram na instituição. Segundo Pena, o entendimento textual foi fundamental para prosseguir com o projeto.
 
RELIGIÃO
As religiões afro-brasileiras são aquelas originadas da cultura do continente africano e perpetuadas durante o período de escravidão no Brasil (1550-1888). O candomblé existe há mais de 5 mil anos e se baseia na crença em um ser supremo e nas forças divinas de diferentes orixás. Juntamente com a umbanda, representa 0,3% da população brasileira, conforme levantamento do Censo Demográfico do Brasil de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Borges avalia que é complexo falar sobre cultura afro-brasileira no Brasil, um país hegemonicamente católico. "Lamentavelmente, não há muita brecha para a pluralidade religiosa e notamos muito preconceito e associações negativas. Este desconhecimento sobre os discursos e práticas da cultura e da religiosidade afro-brasileira contribui para a propagação de ideias conservadoras e ignorantes sobre uma cultura ancestral, que forjou o Brasil que conhecemos. Portanto, é importante falar dessa cultura para que as pessoas entendam a sua contribuição para a formação da identidade e do desenvolvimento nacional”, analisou.

Pena destacou que a recepção do público para com os projetos tem sido positiva. Ele acredita que um dos fatores para isso é a vontade das pessoas em conhecer mais sobre a cultura afro-brasileira. “O candomblé e a tradição africana não têm o costume de compartimentalizar as coisas; portanto, as ligações entre a religião, a literatura e a estética são muito naturais”, explicou.
 
LIVRO
Na produção, a religiosidade afro-brasileira é apresentada como uma possibilidade de reencanto de um mundo repleto de violências, intolerância e individualismo. O título do livro teve como fonte de inspiração os textos “Batalha contra o desencanto: a encrusa como chegada” e “Axé contra o desencanto”. “São os pequenos fragmentos do dia, as situações inusitadas, que acendem uma centelha de esperança na coletividade, por meio das práticas religiosas afro-brasileiras”, comentou Pena.

O formato textual escolhido para a obra foi a crônica, um texto curto, que, segundo Pena, permite pensar as grandes questões da existência de forma mais direta. O público-alvo, como nos demais projetos, são todas as pessoas interessadas em conhecer e compreender a cultura afro-brasileira. Borges conclui: “A expectativa é a de que as pessoas possam desconstruir as barreiras geradas pelo racismo, pelo colonialismo e pelos preconceitos e possam conhecer a vasta experiência oferecida pelo conhecimento africano”.


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