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16/09/2020 às 16h17min - Atualizada em 16/09/2020 às 17h30min

Retorno de atividades escolares segue sem previsão em Uberlândia

Representantes do setor comentam déficit de aprendizado e possibilidade de aprovação automática dos alunos

DHIEGO BORGES
As atividades escolares seguem sem qualquer previsão de retorno presencial em Uberlândia. O Diário ouviu nesta semana representantes dos sindicatos ligados à educação pública e privada, que falaram sobre a indefinição sobre as aulas e as dificuldades enfrentadas por professores e alunos com o ensino remoto.  

Uma das preocupações de pais, alunos e também de professores é em relação à avaliação dos estudantes sobre como ficará o ano letivo. O presidente interino do Sindicato dos Professores Municipais de Uberlândia (Sinpmu), Nelson Rodrigues Borges, disse que a entidade aguarda por uma definição da Secretaria Municipal de Educação para a tomada de decisões.  Nelson adiantou, no entanto, que não há previsão de retorno e que a prioridade neste momento é a preservação da saúde de alunos e professores. 

O representante do sindicato também falou sobre a baixa adesão dos alunos às atividades. “Há turmas em que a adesão não chega a 50%. Muitas vezes, o equipamento que o aluno tem não é adequado para uso, ou a taxa de dados que ele tem disponível não lhe dá o suporte necessário. E, em muitos casos, há falta de interesse do próprio aluno ou falta de incentivo e apoio da família”, destacou. 

Na rede estadual, a situação não é muito diferente da realidade encontrada nas escolas municipais. Além da falta de condições ideais para o ensino remoto, a impossibilidade de avaliar com precisão o conhecimento dos estudantes é um dos pontos destacados pelo presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Guilherme de Faria Graciano. 

O professor também destacou que a rede estadual segue sem previsão para retorno presencial e vem enfrentando obstáculos na condução das atividades remotas. “O fato é que existe um apagão na educação. Você tem alunos que não estão participando das aulas ou entregando as atividades a contento. Muitos deles não têm internet, outros até têm um smartphone em casa, mas ao mesmo tempo tem três ou quatro crianças que precisam acessar o conteúdo no mesmo instante”, destacou. 

Sindicalista acredita em possibilidade aprovação automática dos alunos
As avaliações, segundo Guilherme, não estão sendo uma prioridade neste momento, mas sim a entrega dos trabalhos, dada a dificuldade de realmente medir o conhecimento dos estudantes.  “O Estado não ofereceu estrutura para que as aulas realmente funcionassem, você tem crianças que de fato abandonaram a educação para ajudar a família. Então, não temos data para retorno, nem plano de avaliação definido pela Secretaria de Educação. E, se ela acontecer, na minha opinião não garantirá a evolução dessa criança para outro estágio de aprendizado”, alertou. 

Uma possibilidade de recuperação seria, de acordo com o representante do Sind-UTE/MG, a suspensão de férias, recessos, ou feriados no próximo ano para a reposição de conhecimento, além de aulas aos sábados. Mas, segundo ele, o Estado também pode optar pela aprovação automática. 

 
“Em 1917, quando houve a peste negra, os alunos foram aprovados automaticamente e isso pode acontecer novamente”, apontou o presidente.  

REDE PARTICULAR
As escolas particulares de Uberlândia também seguem com as atividades remotas e, segundo a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Triângulo Mineiro, Átila Rodrigues, ainda sem previsão de retorno presencial. Na próxima semana, haverá uma reunião com representantes da rede particular com foco em definições para garantir o reforço para os alunos que tiveram déficit de aprendizagem. 

“Estamos traçando uma estratégia para 2021 para reforçar os alunos que tiveram dificuldade no processo cognitivo neste ano. Então, essa parte pedagógica está sendo preparada para isso, os alunos serão avaliados segundo o grau cognitivo e partir dessa avaliação vão ser trabalhados os núcleos para a recuperação e desenvolvimento desse aluno”, destacou. 

Ainda segundo a presidente, alguns segmentos como o ensino fundamental e médio não têm apresentado muitos problemas. A dificuldade maior foi na educação infantil, que precisou ter as atividades totalmente suspensas. Átila destacou também que as escolas particulares não têm proposta de progressão automática e que as avaliações vão variar de acordo com a proposta pedagógica de cada escola. 

 
“Não temos expectativa de retorno para este ano. No entanto, eu acredito que para 2021 não há como não funcionar. Ainda que não seja sanada a questão da pandemia, não vislumbro nenhuma possibilidade de não se iniciar as aulas no próximo ano”, afirmou. 

RESPOSTAS
A respeito da definição na rede municipal, o Diário de Uberlândia fez contato com a Secretaria Municipal de Educação, que informou por meio de nota que aguarda a orientação da Secretaria de Estado de Educação sobre o assunto. Porém, nesta terça-feira (15) foi publicada no Diário Oficial do Município a prorrogação por mais 30 dias da suspensão das aulas na cidade.


A reportagem também fez contato com a Secretaria Estadual de Educação, que esclareceu que está trabalhando na reorganização do calendário letivo, seguindo as diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais (CEE/MG) e das legislações vigentes.

O órgão também disse que a rede pública estadual de ensino está ofertando, desde o dia 18 de maio, o Regime de Estudo não Presencial, que tem como principal ferramenta o Plano de Estudo Tutorado (PET), material que pode ser considerado para cumprimento da carga horária letiva do aluno, conforme orientação do CEE/MG. 

Salientou, ainda, que irá aplicar uma avaliação diagnóstica em toda a rede, que servirá para traçar o plano de revisão de conteúdo individualizado para cada aluno, tornando possível adotar estratégias pedagógicas direcionadas para cada situação, além de um programa de reforço escolar. Por fim, reiterou que o Governo está avaliando os meios mais seguros para retomada das atividades presenciais nas instituições de ensino e elabora um protocolo para o retorno. 


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