Um projeto de lei que busca regulamentar a capoeira tem sido alvo de críticas e indignação por parte de capoeiristas em Uberlândia. Na noite desta segunda-feira (14), mestres e praticantes da expressão cultural protestaram contra a iniciativa na Praça Clarimundo Carneiro. O evento foi organizado pelo Conselho de Mestres do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e pelo Conselho de Capoeira de Uberlândia.
A proposta apresentada pelo deputado federal Lafayette Andrada (Republicanos-MG) é pautada na justificativa da importância cultural da prática em todo o território nacional, sendo uma forma de resistência e manifestação da liberdade entre os escravos. O ofício diz ainda que a capoeira se tornou, desde então, um elemento cultural brasileiro de grande relevância histórico-social.
Durante a manifestação, os capoeiristas fizeram um cordão em volta do Museu Palácio dos Leões e promoveram uma berimbalada. Em entrevista ao Diário, o Mestre Angola afirmou que o projeto de lei não contempla benefícios a mestres da capoeira que têm 40 ou mais anos de prática na atividade.
“Hora nenhuma [o projeto de lei] fala sobre os cuidados de uma aposentadoria, da obrigatoriedade de geração de empregos para os capoeiristas em cargos públicos, ou até mesmo da preservação do patrimônio imaterial que é o mestre de capoeira. Os mestres foram totalmente esquecidos perante esse projeto”, disse.
Na visão de Angola, a consulta à classe é importante para fazer a impetração de um projeto de lei que pode impactar diretamente na realidade de milhares de capoeiristas espalhados não apenas em Uberlândia, mas em todo o Brasil. “Não é muito demagogo você impetrar uma proposta a nível nacional ouvindo apenas dois representantes de uma classe”, questionou Mestre Angola.
O capoeirista defendeu ainda a importância da realização de uma audiência pública participativa. “Nós não queremos nem que esse projeto de lei seja votado. Nós queremos que os deputados acompanhem os manifestos, para que possamos apresentar para eles o desapreço desse projeto”.
Ainda segundo o Mestre Angola, vários mestres têm se reunido por meio de movimentos populares e grupos nas redes sociais para levantar a bandeira contra a proposta apresentado por Andrada. Mesmo durante a pandemia, ele defendeu a manifestação que, de acordo com ele, aconteceu tomando todas as precauções possíveis, sem a presença de crianças.
“Nós limitamos o número de participantes. Seria incoerente uma proposta feita por um deputado mineiro, que nós, a segunda maior cidade de Minas Gerais, não nos manifestássemos. Em Uberlândia temos 27 grupos de capoeira, somos mais de 10 mil participantes só aqui. Estamos representando milhões de praticantes em uma coisa agravante”, disse o capoeirista.
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