Durante os últimos meses, os produtos alimentícios que compõem uma cesta básica tiveram um grande aumento de preços e, em razão disso, supermercados de Uberlândia estão registrando elevação de até 50% no valor de alguns itens como o arroz e o óleo de soja. A pandemia do novo coronavírus está diretamente ligada ao atual cenário já que a demanda se tornou maior e a oferta menor.
Segundo a gerente comercial da Regional Triângulo Mineiro do Supermercado Bahamas, Yara Lustosa, entre os meses de março e abril, a procura pelos produtos básicos cresceu mais de 90%, se comparado com o mesmo período do ano passado. O óleo de soja foi o item que mais registrou aumento nas vendas (130%), depois vem o arroz (110%), o feijão (77%), o leite (65%) e, por último, o açúcar cristal (60%).
Consequentemente, devido ao aumento da demanda, os itens passaram por reformulações de preços e os consumidores vêm encontrando produtos mais caros do que o normal. “É uma situação atípica e estamos tentando trabalhar com a margem reduzida para que o cliente não seja mais prejudicado”, destacou Yara Lustosa.
Nas unidades do Bahamas, tanto varejo quanto no atacado, o óleo de soja registrou uma média de aumento de 33% no preço entre os meses de março a agosto. O valor do arroz subiu em 25%, o leite em 19%, o açúcar em 8% e o feijão 5%.
A situação também se repete em outros supermercados da cidade. É o caso do D’Ville, que computou um aumento de mais de 50% no preço do arroz durante julho e agosto. Segundo o gestor comercial da empresa, Umarley Adamis, a média do valor do produto de 5kg passou de R$ 16 para R$ 26.
Nas unidades do D’Ville, o óleo de soja também representou elevação expressiva de preço, chegando a 40% nos últimos dois meses. O leite sofreu uma variação de cerca de 20%, passando de uma média de R$ 3 para R$ 3,77.
“A tabela do preço do leite e produtos derivados mudava uma vez por semana. Agora, ela é alterada quase todos os dias. Todo o cenário está incerto ainda e essas mudanças e aumento de preços podem perdurar por mais tempo”, disse o gestor comercial do D’Ville.
FATORES
O economista Cesar Piorski explica que o aumento do preço dos produtos básicos é uma consequência de diversos acontecimentos que foram notados durante os meses da pandemia. Em primeiro lugar, está o choque de produção e a mudança de comportamento da população pela procura de produtos populares e mais baratos.
“A pandemia foi responsável pelo fechamento significativo de postos de trabalho e isso refletiu no ritmo de produção da maior parte dos setores da economia, consequentemente a oferta ficou um pouco mais restrita. Ligando isso ao aumento da demanda pelos produtos, os cenários se chocam e o valor dos produtos aumenta”, complementou.
Além disso, a forte desvalorização cambial que corrigiu o preço da gasolina impacta diretamente no custo do transporte, o que pressiona o custo dos produtos. “Em muitos casos há demora na entrega das mercadorias e essa demora é computada pelo comerciante que, na maioria dos casos, faz o reajuste dos preços. Estes dois elementos ao se combinarem pressionam os preços dos produtos”, explicou.
Piorski ressalta também que a situação é vista de maneira localizada e não reflete em todo o Brasil. Segundo ele, em âmbito nacional, os produtos alimentícios não registraram percentuais elevados de inflação do preço.
“Ao analisar os dados referente ao IPCA [Índice de Preços para o Consumidor Amplo], verifica-se que a inflação acumulada no país desde o início do ano é de 0.44%, sendo que deste total, o aumento nos produtos alimentícios é da ordem de 0.44%. Como estes percentuais não são elevados, entende-se que esta alta observada em produtos da cesta básica é um elemento pontual, restrito a uma região geográfica”, continuou.
Por fim, o economista diz que o cenário econômico do país continua indefinido e os preços podem continuar tendo mudanças ao longo dos próximos meses. “Não temos a noção exata da permanência da pandemia e o que ela ainda fará com a economia nacional. É incerto dizer o que poderá acontecer no mês que vem”, concluiu.
Os responsáveis pelo D’Ville e Bahamas, Umarley Adamis e Yara Lustosa, acreditam que os altos preços dos produtos básicos irão persistir até o fim do ano e poderão ainda registrar pequenos aumentos, dependendo do mês ou semana.
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