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31/08/2020 às 15h00min - Atualizada em 31/08/2020 às 15h00min

De colonial a contemporânea, Uberlândia soma projetos arquitetônicos ao longo da história

Desenvolvimento urbano, no entanto, descaracteriza a arquitetura tradicional que preserva memória da cidade

BRUNA MERLIN
Uberlândia em meados do século 20 | Foto: PMU/Divulgação
Com 132 anos de história, Uberlândia acumula uma série de projetos arquitetônicos que foram se adaptando com o passar do tempo. Da arquitetura colonial vista pelos primeiros cidadãos da cidade até a contemporânea, que predomina nos dias de hoje, a cidade passou por diversos padrões que ainda podem ser identificados em pontos mais tradicionais do município.

A cidade começou a ser estruturada no início do século 20. O que hoje chamamos de bairro Fundinho, localizado na zona central, antigamente foi ocupado pelo primeiro povoado que vinha das fazendas para expandir as vendas da agricultura. As pequenas ruas e calçadas, além das grandes árvores e praças, que ainda encontramos na região, são algumas das características que mais representam o primeiro bairro da cidade.

“Com o passar do tempo e com a construção de uma estação ferroviária, a cidade começou a atrair os olhos de novos moradores e comerciantes, e se expandiu. Além do Fundinho, outros bairros foram surgindo como o Centro, Martins, Patrimônio, Saraiva e parte do bairro Brasil, que antes era conhecido como bairro Operário”, complementou a arquiteta e urbanista, Maria Eliza Alves Guerra.

Em razão do crescimento do município e a chegada dos automóveis na civilização, a região central começou a receber vias maiores e hoje as conhecemos principalmente como as avenidas João Pinheiro, Afonso Pena e Rio Branco. Em meados do século 30 e 40, a cidade começou a receber a presença de arquitetos que a expandiram cada vez mais e proporcionaram a construção de novas residências e os primeiros edifícios. 

Avenida Afondo Pena em 1.956 | Foto: PMU/Divulgação

Segundo Maria Eliza, que também é professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o crescimento da cidade era algo inevitável. E foi a partir dos anos 70 que o território municipal começou a se espalhar para a zona norte e leste com a criação dos bairros Presidente Roosevelt, Tibery, Umuarama e outros. 

A zona sul iniciou o processo de expansão só depois de uma década e continua em intensa ampliação até os dias atuais. Hoje, o município conta com mais de 70 bairros oficiais que são divididos nas regiões central, norte, leste, oeste e sul. 

ARQUITETURA
As primeiras residências de Uberlândia foram construídas com técnicas tradicionais que juntas caracterizam a arquitetura colonial. A arquiteta e professora da UFU, Marília Teixeira Vale, explicou que a base para a construção dos imóveis era barro e madeira, além das telhas coloniais. “Eram construções térreas e simples, e quase sempre associadas a algum comércio já que a atividade era predominante da cidade”, destacou. 

Com o passar do tempo, novas técnicas de construção foram incluídas no município e os imóveis começaram a receber alvenarias de tijolos e melhores acabamentos. Até a década de 40, a cidade já contava com casarões independentes e construções maiores, como por exemplo a atual Oficina Cultural, localizada na praça Clarimundo Carneiro.

A introdução da arquitetura Art Deco veio logo em seguida. Conforme dito por Marília, a técnica modernizou a estrutura das construções e trouxe a utilização de cimento, tijolos, janelas com vidros, telhado plano e criação de marquises que, atualmente, conseguimos ver em algumas lojas espalhadas pelo centro da cidade.

Entretanto, a partir dos anos 60, a cidade começou a perder os patrimônios com características da Art Deco e, segundo a arquiteta, hoje existem poucos exemplares que retratam essa história. “Muitas construções foram demolidas ou descaracterizadas para a construção de prédios, outras residências e comércios. É uma perda representativa e que aconteceu em um intervalo pequeno de anos”, ressaltou a professora.

Para a arquiteta, ainda não existe uma política bem consolidada que luta pela preservação das estruturas históricas, mesmo que algumas já tenham sido tombadas como é o caso do antigo Fórum, antiga Biblioteca Municipal e outras. 

“O desenvolvimento da modernização da cidade não precisa demolir o que já existe, mas isso não é compreendido pelas lideranças políticas e econômicas. Em pouco tempo restarão poucas construções que representam e contam a história da cidade”, finalizou Marília.

Construção do antigo Fórum que agora abriga o Centro Municipal de Cultura | Foto: PMU/Divulgação

HOJE
Grandes prédios, construções que não seguem um padrão e o surgimento de conjuntos habitacionais é o que se destaca pelos diversos cantos de Uberlândia atualmente. Hoje, os moradores e visitantes da cidade se deparam com a arquitetura contemporânea que usa dos benefícios da tecnologia.  

“Essa é uma arquitetura que já incluí a estrutura metálica, revestimentos variados e construções de diversas formas e cores”, explicou Vale.

A pequena cidade, representada por ruas estreitas e estruturas simples, deu espaço para a criação de largas avenidas e viadutos, grandes edifícios, a expansão e até a criação de bairros planejados. Além disso, permitiu a construção de novas possibilidades de padrões imobiliários que trazem ambientes mais amplos, com segurança e áreas de lazer.

“Notamos a presença de novas centralidades com condomínios verticais e horizontais que são o presente e serão o futuro da população. Todo o hábito e comportamento de viver mudou ao longo de todo esse tempo e continuará mudando com os próximos anos”, concluiu a arquiteta e urbanista, Maria Eliza.



 

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