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01/07/2020 às 15h05min - Atualizada em 01/07/2020 às 15h05min

Casos prováveis de dengue têm queda de 95% em Uberlândia

Comparativo é feito com os registros do primeiro semestre; nenhum óbito foi registrado até o momento

BRUNA MERLIN
CCZ diz que, em razão do coronavírus, muitos cidadãos estão impedindo a entrada dos profissionais em suas residências | Foto: PMU/Divulgação
A cidade de Uberlândia registrou 1.422 casos prováveis de dengue nos primeiros seis meses de 2020, segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Esse quantitativo representa uma queda de 95,94%, se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram computadas quase 35 mil notificações da doença.

Ainda de acordo com o governo estadual, a incidência da dengue na cidade até o mês de junho deste ano foi considerada baixa, representando uma média de 188,51 casos para cada 100 mil habitantes. Em contrapartida, em junho de 2019 a incidência já era analisada como muito alta e a média de casos era de 5.053,37 para cada 100 mil habitantes.

Em 2020, o maior número de notificações foi registrado nos meses de fevereiro e março. Os períodos tiveram 329 e 411 casos suspeitos da enfermidade, respectivamente. No ano anterior, fevereiro registrou 4.895 notificações e março contabilizou 11.053.

O coordenador do Programa de Controle da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), José Humberto Arruda, explica que 2019 foi totalmente atípico em relação aos anos anteriores. “Tivemos uma situação muito anormal no ano passado e isso ocorreu em razão de diversos fatores como o número excessivo de chuvas e a não cooperação da população para a limpeza dos entulhos. Neste ano, após muito trabalho de combate, entramos novamente na normalidade”, explicou.

Em relação ao número de mortes comprovadas para a contaminação da doença, também há uma diferença significante entre 2019 e 2020. No ano passado, Uberlândia teve 16 óbitos confirmados até o mês de junho. Já neste ano, nenhum óbito foi atestado e um segue em investigação. 

OUTROS DADOS
A queda na quantidade de casos de dengue no primeiro semestre de 2020 não foi notada somente na cidade de Uberlândia. Até junho do ano passado, o território estadual tinha 423.317 casos prováveis da doença. Neste ano, foram computados 89.392 casos suspeitos. A Secretaria de Estado não faz a divulgação de quantas notificações foram atestadas para a doença em todo o estado e nem por municípios.

O número de mortes caiu 90% no estado. Em 2019 foram confirmados 86 óbitos enquanto em 2020 foram atestados oito, sendo que 46 seguem em investigação.

Zika e Chikungunya
Em relação à febre chikungunya, doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, Minas Gerais contabilizou 2.510 casos prováveis nos primeiros seis meses do ano anterior. Em 2020, foram computados 1.951 casos prováveis até o mês de junho.

Em Uberlândia, a quantidade de notificações suspeitas da enfermidade saiu de 46 para duas. Até o momento, nenhum óbito foi confirmado para a doença no município.

Ainda conforme apontado pela SES-MG, o estado teve 1.231 casos prováveis de zika de janeiro a junho do ano passado. No mesmo período desde ano, Minas Gerais contabilizou 413.

Também houve queda na cidade de Uberlândia em relação às notificações de zika. Em 2019, foram 32 enquanto 2020 não teve nenhum registro de casos. 

COMBATE
Os trabalhos de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti não podem cessar mesmo que haja queda no número de casos prováveis. O papel da população e do Município deve continuar para que não haja um colapso ainda maior no sistema de saúde, que já enfrenta dificuldades com a pandemia do novo coronavírus.

“Não é porque tivemos uma diminuição significativa nos números que devemos ficar tranquilos. Daqui a pouco as chuvas voltam e, se não houver cuidados, os números poderão aumentar de forma excepcional novamente. Sendo assim, a população deve aproveitar que está em casa e não esquecer de limpar os quintais e outros materiais que acumulem água como pneus e vasos de plantas”, ressaltou José Humberto Arruda.

O coordenador do Programa de Controle da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) conta que muitas pessoas ainda não levam a sério a prevenção, mesmo estando em casa devido ao decreto de isolamento social. Segundo ele, diversos agentes se deparam com moradores resistentes e que não se preocupam com a proliferação do mosquito. 

Além disso, em razão do coronavírus, muitos cidadãos estão impedindo a entrada dos profissionais em suas residências para a avaliação e orientação. “Tivemos uma rejeição maior com o início da pandemia. As pessoas ficam com medo, mas todos nossos agentes estão devidamente protegidos com equipamentos de proteção individual e álcool em gel. A população precisa entender que os trabalhos de combate e orientação da dengue não podem parar”, complementou Arruda.

Mudança de rotina
Muitas mudanças foram feitas para que as atividades de combate ao mosquito pudessem continuar mesmo com a Covid-19. Os agentes que estão no grupo de risco e que apresentaram sintomas pela contaminação da doença foram afastados imediatamente. 

Antes, as equipes eram divididas por dez profissionais que se encontravam em um ponto estratégico e visitavam as casas. Agora, equipes de duas pessoas percorrem somente locais com mais infestação, identificados através das mais de mil armadilhas espalhadas pela cidade.

“Todos os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde estão sendo obedecidos, mas continuamos realizando cerca de 20 ações diárias porque não podemos deixar de controlar a situação. Nesse momento é muito importante a colaboração da população para evitar o caos no sistema de saúde”.

Neste ano, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) também passou por adaptações e será realizado somente uma vez. A pesquisa, que era feita pelo menos quatro vezes ao ano, ocorrerá em outubro.

José Humberto Arruda explica que a mudança foi decidida para priorizar os trabalhos de manutenção das armadilhas. Segundo ele, os equipamentos dão um resultado mais efetivo do índice de infestação do mosquito do que o LIRAa.

“As mil armadilhas, que são posicionadas em pontos estratégicos, possibilitam a atualização dos dados a cada semana, dando mais efetividade ao processo. Com o LIRAa não conseguimos isso, já que 15 dias depois de ser feito os dados podem mudar. Sendo assim, decidimos pela mudança e recebemos o apoio do Ministério da Saúde”, concluiu o coordenador.
















 

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