Cartazes, faixas e manifestações artísticas contra o racismo preencheram a praça Tubal Vilela durante um protesto na tarde deste domingo (7). A manifestação pacífica, nomeada de “Vidas negras, indígenas e faveladas importam”, começou por volta das 15h, por diversos grupos antirracistas e antifascistas da cidade. Três pessoas chegaram a ser rendidas por atos de vandalismo em estabelecimentos da cidade, segundo a Polícia Militar (PM).
A membro do Movimento Negro que contribuiu com a realização do protesto, Karla Muniz, disse que o ato teve como objetivo dar apoio e continuidade às diversas manifestações que estão ocorrendo no mundo atualmente. Além disso, a ação buscou reforçar a importância do não silêncio diante aos fatos que aconteceram nos últimos tempos contra pessoas negras, indígenas e moradores de favelas.
“Nos reunimos para que todas essas situações que aconteceram e que ainda possam acontecer ganhem a devida justiça e reconhecimento. Não iremos nos calar e deixar que isso caia no esquecimento”, reforçou.
Ainda de acordo com a manifestante, o protesto também abordou pautas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, bem como o abuso de autoridades e a violência policial. A participante não soube informar quantas pessoas apoiaram a ação.
Os protestantes realizaram ainda uma passeata pela avenida Afonso Pena e exibiram os cartazes e faixas em sinaleiros e cruzamentos da via. Os mesmos caminharam e levaram o ato até a praça do antigo Fórum onde atualmente funciona o Centro Municipal de Cultura.
REPRESSÃO
Manifestantes alegam que foram intimidados pela polícia | Foto: Divulgação
Ao Diário de Uberlândia, Karla contou que, durante a passeata pela avenida Afonso Pena, os manifestantes foram repreendidos por diversos policiais que estavam armados e utilizavam escudos. Segundo ela, cerca de 15 viaturas fizeram um cerco para que a manifestação fosse interrompida.
“Estávamos em um ato pacífico, em um dia de lockdown da cidade, e só queríamos concluir nosso trajeto para deixar nossa mensagem e apoio. Em momento nenhum houve provocação aos policiais que agiram de forma autoritária”, detalhou a manifestante.
Em decorrência disso, a representante informou que alguns protestantes precisaram negociar com os militares para que o trajeto da manifestação fosse concluído. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e solicitou um posicionamento sobre a situação, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.
Dano ao patrimônio
Diversos estabelecimentos foram pichados durante passeata | Foto: Diário de Uberlândia
Três jovens, com idades entre 18 e 23 anos, foram detidos durante a manifestação após serem flagrados participando fazendo pichações em alguns estabelecimentos da avenida Afonso Pena, durante a manifestação. A Polícia Militar (PM) acompanhou o protesto através das câmeras de videomonitoramento e flagrou a ação dos autores.
De acordo com o boletim de ocorrência, diversos comércios tiveram as fachadas vandalizadas com escritas feitas por spray de cores vermelha e preta. Na abordagem dos jovens, os militares encontraram quatro latas de tinta em spray. Além disso, também foram localizados dois moldes de pichação, sendo um com a palavra “resistência” e outro com um desenho de uma mão com punho fechado.
Os três foram encaminhados para a Delegacia de Plantão da Polícia Civil por crime de dano ao patrimônio. Eles assinaram um termo de compromisso se colocando à disposição da Justiça para esclarecimentos, sendo liberados em seguida.
Karla Muniz ressaltou que não houve nenhuma organização ou incentivo às pichações durante os protestos. “Tomamos conhecimento sobre a situação, mas não sabemos quem participou desse delito e não incentivamos isso. Era uma manifestação pacífica e popular”, finalizou.
Pichações foram feitas em fachadas de comércios da avenida Afonso Pena | Foto: Diário de Uberlândia