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04/06/2020 às 11h20min - Atualizada em 04/06/2020 às 11h20min

Hemocentro de Uberlândia diminui em 30% capacidade de atendimento

Estoque ainda está em nível adequado, mas doações não podem parar

SÍLVIO AZEVEDO
Para evitar que pessoas sejam contaminadas pela Covid no local, medidas de segurança foram adotadas pelo Hemocentro | Foto: Divulgação
A crise de saúde causada pela pandemia do novo coronavírus refletiu diretamente nos bancos de sangue do país. Em Uberlândia, o movimento de doadores do Hemocentro diminuiu cerca de 30%. Se antes eram atendidos 100 doadores em uma manhã, pós Covid-19, o número máximo é de 70.

Segundo o coordenador do Hemocentro, Paulo Henrique Ribeiro de Paiva, a queda se deve ao distanciamento imposto e, em alguns casos, o medo das pessoas de contraírem a doença por causa da aglomeração. Porém, a unidade adotou uma alteração no fluxo de atendimento que também contribuiu para a diminuição.

“Estamos atendendo somente os doadores que fizeram o agendamento, com horário marcado. Com isso ele pode chegar próximo ao horário de atendimento e evita aglomeração na sala de espera. Na sala de coleta, cada profissional atendia dois doadores por vez, agora, somente um, para evitar o contágio entre eles. Com isso, diminuiu a capacidade de atendimentos”.

Para evitar que pessoas sejam contaminadas pela Covid no local, medidas de segurança foram adotadas pelo Hemocentro. “Assim que os doadores chegam, são questionados sobre sintomas e têm a temperatura aferida. Já disponibilizávamos o álcool em gel e agora adotamos distanciamento das cadeiras da sala de espera e dos atendentes. Os atendentes que examinam o doador usam equipamentos de proteção como máscara, luvas, protetor facial e avental”.

Mesmo com a diminuição de doadores, Paulo Henrique diz que o estoque do Hemocentro ainda é adequado, mas que as doações não podem parar. “Temos que manter a coleta porque se baixar um dia, não conseguimos compensar e colher a mais. Se uma manhã vem 40, no outro dia não consigo colher 100 para compensar. A demanda continua, com emergências, tratamentos oncológicos, pacientes de UTI, e temos que continuar atendendo. É um serviço que não dá pra parar”.

Ainda de acordo com o coordenador, para estimular as doações, são feitas campanhas convocando doadores para agendar, mesmo assim, algumas situações adversas fazem com que muitos não compareçam.

“O agendamento é importante para que a gente tenha uma previsão e evite aglomeração. Mas semana passada que estava com um tempo mais frio, o pessoal da manhã faltou. Então estamos tendo essa dificuldades todas”.

Quem quiser fazer a doação, pode fazer o agendamento de duas formas. A primeira pelo portal www.hemominas.mg.gov.br e também pelo aplicativo MG APP, que pode ser baixado nas plataformas digitais.

DOADORA FIEL
Thays é doadora universal e vai frequentemente ao Hemocentro | Foto: Arquivo Pessoal


Quem não perde a oportunidade de fazer sua doação é a produtora de eventos Thays Rodrigues, de 32 anos, que doa sangue há cinco anos para ajudar a avó de uma amiga que estava hospitalizada. Como faz parte do grupo O-, é doadora universal e um dos tipos mais utilizados.

“Fiz a última doação assim que começou a pandemia. Receio a gente fica, mas entendo que a necessidade é maior do que meus medos. Uma doação salva quatro vidas, além dos benefícios para o corpo e faço sem receio”.

Thays espera vencer o prazo de três meses desde a última doação, que foi dia 18 de março, para já agendar a próxima. “O que me motiva é saber que alguns minutos da minha vida podem salvar a vida de outras pessoas. Acho que todos que tem condições devem doar”.

CAMPANHAS DE INTERNET
José Osvaldo de Paula, 62 anos, sofre com um miolema múltiplo, um tipo de câncer que atinge o sangue dentro dos ossos. Para o tratamento, utiliza duas bolsas de sangue por semana. Para atender a demanda, a filha Fernanda Paula Silva, 35, faz campanhas na internet para que amigos e familiares façam as doações no Hemocentro.

“É o que ele precisa para manter o mínimo do ciclo de vida como conseguir levantar, já que as plaquetas são muito baixas. Então fazemos campanhas via Instagram, com amigos, pessoal da igreja e grupos de família para fazer a doação no nome dele, porque é importante repor o estoque do Hemocentro”.

Como é do tipo sanguíneo O-, o tipo mais raro, muitas vezes José Osvaldo tem que aguardar mais de um dia internado à espera da bolsa de sangue que também pode ser do tipo O+, que pode comprometer o tratamento.

“Dificulta porque é um tratamento que era pra ficar um dia para tomar a bolsa e ficou 12 dias internados aguardando a bolsa, com medo de contágios e infecções, por ser um ambiente hospitalar, e ainda mais pela Covid-19”, disse Fernanda.

Quem quiser ajudar o senhor José Osvaldo pode fazer a doação em nome dele, podendo ser de qualquer tipagem sanguínea, pois, além das bolsas com sangue O+ e O-, ele recebe plaquetas, que são retiradas de sangue de qualquer fator.

QUEM PODE DOAR SANGUE
Para doar sangue, a pessoa deve ter entre 16 e 69 anos pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia, é imprescindível levar documento de identidade com foto.

Em relação à Covid-19, são considerados doadores inaptos para a doação de sangue por um período de 30 dias aqueles que apresentarem sintomas respiratórios e febre ou se tiverem tido contato, há menos de 30 dias, com casos suspeitos ou confirmados de Covid-19.

















 

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