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17/12/2019 às 15h28min - Atualizada em 17/12/2019 às 20h58min

​Seis vereadores já foram ouvidos pelo Gaeco sobre o suposto desvio de verbas

Vilmar Resende se apresentou nesta tarde (17), mas retornou para casa; maioria dos presos está em celas individuais no presídio Jacy de Assis

DA REDAÇÃO
Maioria dos vereadores presos foi levada para o presídio e se encontra em celas individuais desde o fim da tarde desta segunda (16) | Foto: Diário de Uberlândia
O núcleo regional do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Uberlândia dá continuidade aos depoimentos com os vereadores que foram presos temporariamente durante as operações Má Impressão e Guardião. Nesta terça-feira (17), foram ouvidos seis parlamentares e empresários de cinco empresas do setor gráfico.

O primeiro vice-presidente da Câmara Vilmar Resende (PSB), que estava foragido, se apresentou na sede do Ministério Público Estadual (MPE) nesta tarde. A defesa dele levou até os promotores de Justiça laudo médico para comprovar o estado de saúde que requer cuidados, já que ele sofre de uma cardiopatia, e se comprometeu a retornar com o cliente nesta quarta-feira (18) para que prestasse o depoimento. Diante disso, o MPE informou que a situação prisional dele será definida amanhã após a oitiva.


De acordo com o promotor de Justiça Daniel Marotta Martinez, além da Dra Jussara e Flavia Carvalho, foram ouvidos Doca Mastroiano (PL), Roger Dantas (Patriota), Pâmela Volp (PP) e Ricardo Santos (PP). “Foram ouvidos alguns vereadores e nós iniciamos as oitivas dos proprietários de gráficas. Nós vamos prosseguir com essas oitivas primeiramente dos presos temporários e posteriormente daqueles que tiveram a prisão preventiva decretada”, comentou.

Marotta disse ainda que os que foram ouvidos negaram desvios, no entanto, não prestaram informações ou justificativas convincentes que comprovassem os gastos, sendo que a maioria afirmou que pagou as gráficas com dinheiro em espécie. Em razão disso, eles seguiram para o presídio Professor Jacy de Assis e os promotores vão analisar documentação apresentada pela defesa para saber se arquivará as investigações em relação aos investigados, se procederá com a denúncia para que respondam criminalmente ou ainda solicitará aplicação de medidas cautelares à prisão como ocorreu com a vereadora Jussara.

Devido ao estado de saúde da legisladora e ao da mãe que, segundo a Promotoria teria sido informado que ela seria responsável pelos cuidados, foi concedida conversão da prisão temporária em domiciliar. 

Ainda hoje, deverá ser solicitado o uso de tornozeleira eletrônica à vereadora que, embora tenha negado qualquer infração penal, o MPE aponta inconsistência grave nas notas fiscais emitidas para ela. Na casa dela, os militares encontraram mais de R$ 1 milhão em espécie. Durante coletiva à imprensa nesta segunda, o promotor esclareceu a apreensão.

“A Dra. Jussara é médica, então ela vai ter a oportunidade de explicar [a origem do dinheiro]. Nós não vamos fazer nenhuma afirmação antes de apurar os fatos”, comentou.  

Quem também prestou depoimento e foi liberado foi o ex-scretário Geral da Câmara, Aldo de Sousa Filho. Ele é investigado na operação Guardião porque era um dos gestores do contrato firmado com a empresa de vigilância. O promotor disse que manifestou pela soltura dele com o uso de tornozeleira e mediante proibição de exercer qualquer cargo público. Em depoimento, ele disse que não sabia do esquema de propina, mas não soube explicar porque não detectou que o número de vigilantes era inferior ao previsto. 


RENÚNCIA
Flavia Carvalho foi a primeira vereadora a prestar depoimento no MP e, ainda nesta segunda, celebrou acordo de não-persecução penal para ressarcir os cofres públicos e renunciar ao cargo na Câmara. De acordo com o MP, ela admitiu ter feito uso de parte da verba em desacordo com a legislação, mas disse que não recebeu qualquer benefício em razão dos valores. 

O primeiro suplente, Murilo Ferreira Alves, foi expulso do PDT e está sem partido. Há um entendimento nos bastidores do Legislativo que ele não teria direito a assumir em virtude disso, sendo que o segundo suplente se trata do professor
 Edilson José Graciolli, que teve 1.887 votos. Contudo, o vereador conversou com o Diário e esclareceu que o fato de ter sido expulso não desabona o direito à cadeira e que, juridicamente, ele seria o próximo titular da vaga.

Questionado sobre o interesse de tomar posse, Alves disse que ainda está pensando e que aguarda a notificação oficial por parte da Câmara para só depois tomar a decisão. 


Ela é a segunda vereadora da cidade a renunciar desde que o Gaeco começou a investigar esquemas de corrupção no Legislativo Municipal. No mês passado, Ismar Prado (PMB) também celebrou acordo semelhante para ressarcir os cofres públicos.

PRISÃO
Dos presos temporários e preventivos, Paulo César PC e Felipe Felps (PSB) se encontram em sala especial diante da confirmação de registro de ambos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os demais vereadores, segundo a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), estão detidos em celas comuns, porém individuais.

A Seap havia informado que constava no sistema o nome do vereador Isac Cruz na sala da OAB, mas a Vara de Execuções Penais da comarca de Uberlândia informou, no final da tarde, que na verdade se trata de Felps. Cruz, segundo os dados da Justiça Eleitoral, não tem ensino superior. Veja a situação dos investigados abaixo.

 
  • Alexandre Nogueira (PSD) - preso preventivamente com dois mandados de prisão
  • Ceará (PSC) – preso temporariamente
  • Doca Mastroiano (PL) – preso temporariamente
  • Felipe Felps (PSB) – preso temporariamente
  • Dra. Flavia Carvalho (PDT) – celebrou acordo e foi liberada
  • Hélio Ferraz-Baiano (PSDB) - preso preventivamente com dois mandados de prisão
  • Isac Cruz (Republicanos) - preso temporariamente
  • Juliano Modesto (suspenso do SD) - preso preventivamente com dois mandados de prisão e já estava preso desde a operação Torre de Babel, no dia 15 de outubro
  • Dra Jussara (PSB) – em prisão domiciliar  
  • Marcio Nobre (PSD) – preso temporariamente
  • Pâmela Volp (PP) – presa temporariamente
  • Paulo César-PC (SD) – preso temporariamente
  • Ricardo Santos (PP) – preso temporariamente
  • Rodi Borges (PL) – preso temporariamente
  • Roger Dantas (Patriota) – preso temporariamente
  • Ronaldo Alves (PSC) – preso temporariamente
  • Silésio Miranda (PT) – preso temporariamente
  • Vico (Cidadania) – preso temporariamente
  • Vilmar Resende (PSB) – situação pendente 
  • Wender Marques (PSB) – preso temporariamente
  • Marcelo Cunha (sem partido) – preso temporariamente

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