Flávia confessou participação no esquema de desvio de recursos da verba indenizatória da Câmara Municipal | Foto: Divulgação
A vereadora Flávia Carvalho (PDT) renunciou, na tarde desta segunda-feira (16), ao cargo na Câmara Municipal de Uberlândia. A parlamentar foi presa temporariamente nesta manhã durante a operação “Má Impressão”, deflagrada pela Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), sob a suspeita de desvio de recursos da verba indenizatória.
Além de Flávia, outros 19 vereadores foram denunciados na ação, incluindo Alexandre Nogueira e Juliano Modesto também investigados na operação "O Poderoso Chefão". A representante do partido PDT foi uma das primeiras a prestar esclarecimentos ao Ministério Público Estadual (MPE).
O depoimento dela se iniciou ainda pela manhã e continuou no período da tarde. O Ministério Público Estadual (MPE) confirmou que Flávia confessou os delitos e celebrou acordo de não-persecução penal renunciando ao cargo de vereadora. Ela é a segunda parlamentar a renunciar após investigações do Gaeco. No mês passado, Ismar Prado (PMB) também confessou ter desviado parte da verba e celebrou acordo semelhante para também ressarcir os cofres públicos.
O Diário de Uberlândia entrou em contato com a Câmara para saber sobre a situação da suplência da vereadora, mas a casa informou que não irá se manifestar até que a renúncia seja oficializada perante o Legislativo. Murilo Ferreira Alves deveria assumir o cargo uma vez que recebeu 2.587 votos na última eleição, porém ele foi expulso do PDT e, segundo certidão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), se encontra sem partido. Em tese, o segundo suplente seria Edilson José Graciolli que teve 1.887 votos e poderá ser cotado para a substituição.
OPERAÇÃO A operação “Má Impressão” foi realizada na manhã desta segunda (16) para apurar supostas fraudes na emissão de notas fiscais por parte de empresas da cidade que prestaram serviços gráficos a parlamentares da atual legislatura, com o intuito de receber indevidamente o reembolso da verba de gabinete. Foram cumpridos 41 mandados de prisão e 41 de busca e apreensão.
Os 20 vereadores presos na ação são investigados devido a indícios de que se utilizaram de notas ideologicamente falsas para receber o ressarcimento da verba indenizatória. Ou seja, o valor das notas fiscais era superior ao do material gráfico realmente encomendado. Os gastos apurados com a verba só nos últimos três anos, segundo o MPE, foram superiores a R$ 4,3 milhões.
Dos vereadores conduzidos, sete foram ouvidos pelo Gaeco nesta segunda. Além da vereadora Flávia ter sido liberada após acordo, Dra Jussara teve a prisão convertida em domiciliar devido ao estado de saúde dela e da mãe. Os demais investigados seguiram para o presídio professor Jacy de Assis. Vilmar Resende permanece foragido.
|Vereadores foram levados ao presídio no final da tarde desta segunda (16) | Foto: Diário de Uberlândia
São investigados ainda proprietários de gráficas da cidade. Após análise, foi verificado que grande parte das empresas não tinha condições de absorver a demanda descrita e nem houve compra de insumos gráficos suficientes para suprir os serviços, levantando a supeita de que se tratavam de notas falsas emitidas aos vereadores. Veja abaixo a lista das empresas que tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos hoje, além de mandados de prisão temporária contra os proprietários.
Segundo o MPE, todos os investigados serão ouvidos até esta terça-feira (17) para prestar esclarecimentos. A prisão temporária tem o prazo de cinco dias, mas pode ser prorrogada por mais cinco ou ainda revogada em prisão preventiva.
- RB Digital e RB Comunicação Visual - Art Nova - Disk Gráfica - Novart Gráfica - Gaia Print - Gráfica Breda - J.D. Gomes Gráfica - Gráfica Roosevelt - Maxicrom Industria - Pixel Impressão Digital - Waltemones do Nascimento Junior - Lindolfo Jose Ferreira Neto
RESPOSTAS O Diário de Uberlândia entrou em contato com as empresas citadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) suspeitas de envolvimento no esquema. Mas apenas a Gaia Print e a Pixel Impressão Digital se manifestaram sobre o assunto. As demais empresas não atenderam as ligações ou não retornaram até a publicação.
A Gaia Print enviou a seguinte nota: “A assessoria jurídica da Gráfica Graia esclarece que ainda não teve acesso ao teor do processo, mas que irá contribuir com as investigações do Gaeco". Já a Pixel Impressão Digital disse à reportagem que não irá se pronunciar sobre a situação.