Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
25/08/2019 às 11h17min - Atualizada em 25/08/2019 às 11h17min

Hábito de comer fora de casa se torna frequente entre moradores de Uberlândia

Se alimentar em restaurantes é cada vez mais comum, seja por necessidade ou prazer

GIOVANNA TEDESCHI
Presidente do conselho da Abrasel em Uberlândia, Evelyn Tanache destaca experiência em comer em restaurantes | Foto: Joslei Araújo/Divulgação

Seja por praticidade, prazer ou por falta de tempo, em algum momento da vida a maioria das pessoas opta por comer fora de casa. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros gastam cerca de 25% da renda comendo fora. Já segundo a Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel), a alimentação fora do lar representa quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em Uberlândia, o mercado local segue a realidade nacional, embora a crise econômica e o aumento da concorrência tenham gerado diminuição nos faturamentos de alguns empresários.

A presidente do conselho da Abrasel em Uberlândia, Evelyn Tanache, afirma que um dos motivos que tem feito o mercado de restaurantes crescer é a quantidade de pessoas que trabalham fora atualmente. “Hoje, as pessoas trabalham mais. Muitas mulheres, por exemplo, não são mais donas de casa e não têm tempo sobrando para poder cozinhar por conta própria. Então o fato de elas trabalharem mais, terem menos tempo, faz com que elas queiram mais praticidade”, explica. A rotina de trabalho de Márcio Trindade, de 44 anos, vai ao encontro dessa realidade citada por Tanache. “Eu trabalho como supervisor de vendas, então eu passo a semana toda fora de casa. De segunda a sexta, eu me alimento só em restaurantes”, conta.

Ainda segundo Tanache, comer fora se tornou, sobretudo, uma experiência. Muitas pessoas optam por sair para jantar, por exemplo, como uma forma de prazer. “É uma escolha também de ter uma experiência diferente. Hoje, a gente acredita que uma das principais formas de se divertir e se distrair, sozinho ou com a família, é indo a um estabelecimento de alimentação, um restaurante, um bar”, diz Tanache.


Fábio Bertolucci, de 52 anos, é dono de um restaurante que fica no bairro Copacabana | Foto: Arquivo Pessoal

Fábio Bertolucci, de 52 anos, é dono de um restaurante que fica no bairro Copacabana, em Uberlândia. Para ele, existe na cidade uma forte cultura de comer fora. “As praças de alimentação estão sempre cheias. À noite, se a gente caminha por algumas avenidas que têm gastronomia, os bares e restaurantes estão movimentados. Isso é uma questão de cidades médias e grandes e Uberlândia não foge disso”, afirma. O empresário também vai a restaurantes com frequência, geralmente quando o seu próprio negócio está fechado. Para ele, esse momento também é importante para observar o mercado e conhecer novidades que pode implementar em seu estabelecimento.

Segundo Bertolucci, comer fora nem sempre é mais caro do que comer em casa. Manter um funcionário dentro da residência para fazer uma refeição acaba exigindo um maior custo, por exemplo. “Outro fator é o tempo gasto para você fazer compras e depois preparar sua refeição todos os dias. E também, a praticidade: você encontra diferentes locais, com preços alternativos, o que te dá a opção de comer bem, de forma diversificada, enquanto que na casa da gente existe uma restrição de você sempre fazer a mesma coisa”, diz.

Ewaldo Chiang, de 51 anos, é o proprietário de um restaurante de comida chinesa localizado na avenida João Naves de Ávila. O local existe desde 1990 e foi aberto pelos pais do empresário. Para ele, sair para comer ou não depende de muitos fatores, sejam econômicos, sociais ou até de segurança. “Comer fora, hoje, eu acredito que seja uma comemoração, não só no sentido da festa, mas de compartilhar um momento. Às vezes, tomar um lanche e estar com uma pessoa querida ou num encontro de negócios. Mas como existe esse mercado de comer fora, também existe o de fazer o churrasco em casa”, afirma.
 
CRISE ECONÔMICA
Gustavo de Medeiros, de 26 anos, tem um restaurante no centro da cidade. Com pratos a partir de R$ 6, o local existe há dois anos, inspirado pela família do empresário, que já trabalha com alimentação há mais de uma década. Segundo ele, nos últimos meses, o movimento no restaurante tem diminuído em cerca de 30%. Por isso, Medeiros opta por promoções e propaganda para chamar os clientes. Há, por exemplo, funcionários que ficam com placas nas ruas chamando as pessoas para o almoço.

“Agora, nos dias atuais, como o movimento está mais baixo, a economia está passando por um processo de dificuldade, então o pessoal está mais retraído. Não quer gastar, mesmo com comida. Mesmo quando passamos por outras crises, nós não sentimos muito, mas agora o pessoal está com medo e não está gastando muito, por isso a gente investe mais em propaganda”, diz. 

Empresáio Ewaldo Chiang nota queda na demanda de clientes | Foto: Joslei Araújo/Divulgação

No estabelecimento do empresário Ewaldo Chiang, a demanda também tem diminuído bastante. “Acho que são várias razões. Hoje você tem uma oferta de restaurantes muito maior do que 10 anos atrás, então aumentou bastante [a concorrência]. Um outro fator é que as preferências também mudaram. Acredito hoje que, se eu não sou o único, eu sou um dos únicos remanescentes da culinária chinesa de 10 anos para cá”, conta.

Segundo Tanache, da Abrasel, a crise faz com que o movimento diminua, mas não acabe. “Por exemplo, quem comia fora todo dia diminuiu de sete vezes na semana para quatro. Diminui um pouco a frequência, mas não deixam de comer fora, ou procuram estabelecimentos que cobram mais barato”, afirma.

Para o empresário Fábio Bertolucci, ao mesmo tempo que a crise prejudica os estabelecimentos, pode beneficiá-los. “Talvez a crise econômica atrapalhe no sentido dos estabelecimentos formalizados, como o meu, porque têm uma carga tributária maior, mas de certa forma, eu acredito que o impacto econômico da crise não seja relevante. Porque se eu tenho que dispensar minha funcionária [que cozinha em casa], eu vou procurar um restaurante para comer ou comprar marmita”, diz.
 
PRATICIDADE
Aplicativos de entrega se tornam cada vez mais comuns e são uma nova forma de comer algo diferente estando no lar. Um pedido via delivery não deixa de ser uma experiência diferente e pode acontecer não só em casa, mas no trabalho e na casa de amigos e família.

“É uma comodidade você estar no trabalho, na sua casa e você pedir e receber um prato pronto. Isso é uma tendência. Então de certa maneira, a gente precisa acompanhar e se enquadrar nisso, porque o cliente, muitas vezes, não tem tempo para ir no meu restaurante, mas ele pode ter o meu restaurante na casa dele”, conta o empresário Fábio Bertolucci, que tem um estabelecimento no bairro Copacabana. 

A opinião da presidente do conselho da Abrasel em Uberlândia, Evelyn Tanache, é parecida. “Hoje em dia a gente tem uma experiência muito diferente com os pedidos via delivery. Claro que você vai comer dentro de casa, mas muitas vezes se pede na casa de um amigo, na casa de um namorado, do vizinho. Vem aumentando o número de pedidos em delivery, mas muitas vezes em turma, ou no trabalho”, diz.
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90