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12/08/2019 às 17h32min - Atualizada em 12/08/2019 às 20h46min

Com campanha em outdoors, família quer respostas para morte de empresário em Uberlândia

Viúva e filha falaram sobre o assunto à imprensa nesta segunda-feira (12) em busca de justiça; filho é suspeito de vingar assassinato

VINÍCIUS LEMOS E CAROLINE ALEIXO
Família espalhou outdoors pela cidade e criou página nas redes sociais para pressionar as autoridades a solucionarem o crime | Foto: Vinícius Lemos
Desde a última semana, a família do empresário Cairo Luiz Mendes Borges, 60 anos, assassinado em outubro de 2017, espalhou 18 outdoors pelas ruas de Uberlândia com a pergunta “Quem Matou Cairo?”, com o objetivo de pressionar a Polícia Civil na busca pela autoria e motivação do homicídio. Na manhã desta segunda-feira (12), a filha e a viúva de Cairo Borges concederam entrevista coletiva explicando suas motivações.

Paralelamente, o filho do empresário morto é processado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acusado de envolvimento em um caso de vingança. Em fevereiro, Cairo Borges Filho, de 32 anos, foi preso durante a Operação "Mercenários" suspeito de ser mandante do assassinato de um homem em 2018.

Além dos outdoors, a família lançou um canal no YouTube com um vídeo sobre o caso de Cairo Mendes Borges, informações em redes sociais, além de programar o lançamento do site quemmatoucairo.com.br nos próximos dias. O vídeo com depoimentos de amigos e familiares foi mostrado para a imprensa durante a entrevista. Em setembro, mais oudoors serão feitos para divulgar a campanha.

Segundo a filha da vítima, Camila Costantin Borges, e sua mãe, Vânia Maria Costantin Borges, a ideia da campanha foi da própria família devido à falta de informações a respeito do homicídio do empresário. “A gente espera ter uma resposta, a gente espera justiça”, disse a filha. “É uma campanha de solidariedade. A gente nunca pensou em passar por isso e para a nossa família isso veio como um tsunami. A gente conta com toda a sociedade”, disse a viúva.

Camila e a mãe Vânia deram entrevista nesta segunda sobre a demora em obter informações | Foto: Vinícius Lemos 

O CRIME
Cairo Mendes Borges foi morto a tiros na esquina das ruas Tabajaras e Dr. Lacerda, no bairro Vigilato Pereira. Atingido no peito, ele chegou a bater o carro contra um poste. A vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), onde foi a óbito.

Uma testemunha afirmou ter visto um veículo Celta preto em alta velocidade próximo ao local do crime. Policiais militares encontraram o carro usado no crime abandonado e em chamas.

Para a família, a atividade do pai, que comprava créditos judiciais de bancos, pode ter relação direta com sua morte. “Por ele se expor e ser o rosto de um crédito judicial que ele tinha. É uma relação financeira como em um banco, mas o banco não tem um rosto”, disse Camila Borges.

Durante a coletiva, os familiares não citaram nenhum nome como suspeito pelo assassinato. Mas, em novembro de 2016, a vítima chegou a registrar na Polícia Militar uma ameaça que estaria sofrendo do ex-diretor do Dmae, Orlando Resende, o qual tinha uma dívida da ordem de R$ 17 milhões já em execução judicial - uma propriedade de Resende serviria de pagamento para a dívida.

O crédito seria recebido pela empresa de Cairo Borges, que relatou no registro à PM ter sido seguido por um motociclista algumas vezes e temia estar vulnerável ante as ameaças.

A filha da vítima afirmou que a exposição da campanha não traria risco maior ao que a família já passa desde o assassinato. Mas ela deixou claro que ninguém, além de Cairo Borges, sofreu ameaças.
 
INVESTIGAÇÕES
O Diário apurou que Orlando é citado como um dos suspeitos no inquérito policial do homicídio de Cairo. A reportagem tentou localizá-lo, bem como a defesa dele, para se manifestar sobre as suspeitas, mas não conseguiu contato durante esta segunda-feira.

A Polícia Civil também foi procurada para dar mais detalhes sobre as investigações, mas não houve resposta. A reportagem questionou sobre a demora em concluir o inquérito, sobre as oitivas feitas até o momento e se procede que o proprietário do veículo usado no crime, e encontrado queimado depois, não foi ouvido pela polícia, conforme apontado pela família da vítima. 

Uma investigação para apurar o homicídio também foi instaurada pela 26ª Promotoria de Justiça de Uberlândia e posteriormente remetida ao Gaeco. Mas, até o momento, não houve provas suficientes para confirmar a autoria e motivação do crime.

Os trabalhos deverão permanecer a cargo da Polícia Civil, uma vez que o filho da vítima passou a ser investigado e processado pelo núcleo por outros crimes, configurando suspeição dos promotores do Gaeco para atuar na investigação do crime anterior.
 
Cairo Filho é suspeito de vingar morte do pai
Em fevereiro deste ano, Cairo Luiz Borges Mendes Filho foi preso durante a operação Mercenários, do Gaeco. Ele ficou detido, mas foi liberado pela Justiça e responde ao processo em liberdade. Ele é suspeito de ser o mandante do homicídio de Marcos de Lucena Silva em dezembro de 2018.

Segundo denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) à Justiça, Cairo Borges Filho teria arquitetado, junto a outras 10 pessoas, sendo três policiais militares, a morte de nove pessoas. A maioria dos alvos estaria envolvida com a morte de Cairo Borges, e outros alvos estariam ligados a outros problemas do trabalho dele.

O Diário teve acesso aos autos onde é citado o nome de Orlando por alguns dos investigados como mandante da morte de Cairo. As investigações do Gaeco mostraram que o filho estaria insatisfeito com o andamento das investigações da Polícia Civil.

Como ele recebera informações que apontavam quem seriam os possíveis executores e os mandantes do homicídio em sua família - inclusive de agentes da Polícia Civil que solicitaram a vantagem indevida de R$ 30 mil para investigarem o caso, conforme aponta a denúncia do MP - Cairo Filho, segundo as investigações, organizou uma quadrilha para que primeiro fossem pegos quem pudesse confirmar os mandantes.

Marcos de Lucena foi uma das vítimas da organização que se formou, segundo o MPE. Ele foi encontrado morto na cachoeira de Sucupira em dezembro de 2018 após ser torturado e baleado quase 20 vezes.

Cairo Filho responde a processo movido pelo Gaeco e chegou a ser preso preventivamente em fevereiro | Foto: Reprodução/YoutTube

Consta no processo que esse crime foi filmado com um celular e a vítima teria confirmado que Orlando Resende e outras pessoas estavam envolvidas com a morte do empresário Cairo Borges. Operações do Gaeco evitaram que mais pessoas fossem mortas.

Questionadas sobre o caso de Cairo Filho, durante a entrevista coletiva desta segunda, sua irmã e mãe disseram que ele está à disposição da Justiça e que procuram respostas sobre o caso da morte de Cairo pai neste momento. Posteriormente, a família irá se concentrar nas investigações sobre o filho.

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