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19/07/2019 às 18h43min - Atualizada em 19/07/2019 às 18h43min

Presença de mulheres cresce no agronegócio

Evento em Uberlândia reuniu cerca de 60 produtoras rurais de todo o País

SÍLVIO AZEVEDO
A produtora rural e veterinária Carla Sanches Rossato | Foto: Arquivo pessoal

Acompanhando o ritmo global, o número de mulheres administrando estabelecimentos agropecuários aumentou em 12 anos no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 2018 a proporção passou de 12,68%, em 2006, para 18,64% em 2017. E mais, 20% dos chefes de fazenda são do sexo feminino.

Se somadas as mulheres que administram os estabelecimentos junto com os maridos, são 34,75% de dirigentes do sexo feminino no agronegócio (345.490 responsáveis autodeclaradas e 816.926 em direção conjunta com companheiros, totalizando 1.762.416 mulheres). Considerando o aumento da representatividade feminina na agropecuária, Uberlândia recebeu, nesta semana, o evento Dekalb e as Protagonistas do Campo, que reuniu cerca de 60 produtoras rurais de todo o país. Entre as atividades, foi realizada uma visita a Unidade de Beneficiamento de Sementes e o Learning Center da Bayer no município, além de palestras de capacitação sobre ferramentas de gestão, comércio exterior e uma mesa redonda.

Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e o Instituto de Estudos do Agronegócio (IEAG) em 2017, traça o perfil da mulher no campo. Dentre as 852 entrevistadas da cadeia produtiva, 59,2% são proprietárias ou sócias de propriedades rurais, 10,4% diretoras, gerentes, administradoras ou coordenadoras, e 30,5% são funcionárias ou colaboradoras.

Para a diretora comercial do grupo Labhoro e consultora, Andrea Cordeiro, uma das palestrantes do Dekalb, o papel da mulher na agro é de atuação mais consciente com aspectos mais humanizado. “Muitas pessoas acham que o emocional pesa demais nos negócios, mas a mulher tem uma característica muito importante que é a empatia, se colocando muito no lugar do próximo. Acredito que a mulher tem uma dose coerente, um olhar mais profissional, e procura resultado. Ela acaba fomentando toda a estrutura, mudando toda a energia do grupo, dentro e fora do campo. Hoje vemos muitas profissionais liderando dentro do campo”, disse.

Outro aspecto destacado por Cordeiro é sobre as funções exercidas na cadeia organizacional de uma propriedade rural, deixando de ser somente o administrativo e passando a atuar, também, nas decisões comerciais. “A mulher saiu da parte do financeiro. Está no administrativo, mas também decide o que comprar e o que vender, a hora certa de vender, onde investir, onde ampliar. A mulher tem, além da empatia, a capacidade de trabalhar várias frentes simultaneamente. Essa característica é importante e consegue fazer com que isso traga resultados nos negócios”.

Umas das presentes no evento, a produtora rural e veterinária Carla Sanches Rossato, 42, administra a propriedade rural da família, que fica na cidade de Sertanópolis (PR), em uma área de 1,3 mil hectares com plantação de milho, soja e criação de gado de corte. Para ela, a adaptação não foi difícil, pois cresceu acompanhando o pai nos trabalhos de campo desde criança.

“Meu pai sempre trabalhou com agricultura e minha mãe fala que eu nasci na barra do meu pai. Então eu cresci no meio, sempre indo junto em dias de campo, dentro da propriedade com funcionários, então não tive muita dificuldade”, disse.

Sobre o trabalho da mulher no campo, Rossato acredita que a diferença entre os gêneros está nos detalhes. “A mulher é mais perfeccionista e vejo que está mais organizada. Acompanho muitas palestras e dias de campo e dá para perceber que as mulheres estão atrás de capacitação, para aprender e passar mais conhecimento”, disse. A produtora é responsável por todas as decisões relacionadas ao comercial e estrutural da propriedade.

A paulista Maira Cristina Britto Fernandes, 52, administra juntamente com os irmãos um conglomerado de cinco propriedades rurais no Mato Grosso do Sul. São cerca de 4 mil hectares de terras produzindo milho, soja, cana-de-açúcar, criação de gado e uma fazenda de reflorestamento.

“Meu pai herdou a propriedade de Rio Brilhante (MS) e meu irmão começou a administrar quando meu pai ficou doente. Eu fui pra São Paulo estudar, me casei, fui bailarina clássica. Mas acabei me divorciando e busquei refúgio com minha família. Nos negócios eu comecei no financeiro e fui crescendo dentro da estrutura. Fiz uma pós-graduação em contabilidade gerencial para poder dar auxilio mais focado e atualmente sou responsável pela parte administrativa da fazenda”, disse.


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