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15/05/2019 às 17h19min - Atualizada em 15/05/2019 às 17h19min

Trabalhadores da Educação fazem protesto contra cortes e Reforma da Previdência

Manifestação ocorreu no Centro de Uberlândia durante a tarde desta quarta-feira (15); estudantes também protestaram

MARIELY DALMÔNICA
Manifestantes se concentraram na Praça Tubal Vilela nesta tarde | Foto: Via-Drones
Alunos, professores e demais trabalhadores da rede de ensino de Uberlândia se reuniram em um ato de protesto na Praça Tubal Vilela durante a tarde desta quarta-feira (15). Cerca de 80 escolas, estaduais e municipais, além de servidores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), aderiram à ação denominada "Greve Nacional da Educação". Professores das escolas particulares da cidade também suspenderam as aulas em apoio ao movimento. A organização estimou 15 mil participantes até o final do ato. A Polícia Militar informou aproximadamente 5 mil pessoas. 

O ato foi convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) em protesto às medidas do governo federal referentes à educação, como o corte de verbas nas universidades, e a Reforma da Previdência. 


A manifestação reuniu milhares de pessoas no Centro de Uberlândia e começou por volta das 15h. Houve passeata e os participantes levaram cartazes e faixas para expor a insatisfação com as ações adotadas pelo Executivo Federal nas últimas semanas. 

A PM deu apoio ao movimento no sentido de garantir a segurança dos cidadãos que estavam no local. Ao todo, equipes com 16 militares do 17° Batalhão da Polícia Militar (BPM) e do Batalhão de Patrulhamento Especial auxiliaram nos trabalhos. 


Os sindicatos dos Professores Municipais de Uberlândia (Sinpmu), dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Uberlândia (Sintrasp), o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Uberlândia (SindUTE) e o Sindicato dos Professores de Uberlândia (Sinpro), que representa os docentes da rede particular de ensino, também aderiram à paralisação. Para Guilherme Faria, presidente do SindUTE, o corte na educação está impactando todos as categorias. “Isso irá atrapalhar até a continuidade do ano letivo”, afirmou. 

PROFESSORES E ALUNOS
Durante o protesto, uma
intervenção artística proposta pela professora do curso de Artes Visuais da UFU, Luciana Arslan, foi realizada. Mais de 100 estudantes se sentaram em cadeiras e fizeram a leitura silenciosa de algum livro. “A ideia foi sensibilizar as pessoas para questões sociais. Chamar atenção sobre a atividade que desenvolvemos na universidade.” 

André Miguel, professor de História da rede municipal, afirmou que está preocupado com o futuro dos professores e dos alunos. “Estou aqui contra os cortes violentos na educação e contra a reforma da previdência. Os jovens serão os mais prejudicados”, disse. 

Diva Silva, professora dos cursos de Pedagogia e Jornalismo da UFU também participou do ato para apoiar os colegas e estudantes. “Não imaginávamos que neste ano estaríamos na rua defendendo a educação. Estamos aqui pelo investimento e pela universidade pública.” 

Gabriela Borges, aluna do 2º ano do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), compareceu à manifestação acompanhada dos colegas, todos seguravam cartazes com frases que explicavam a importância da educação. “Estou aqui para lutar pelos nossos direitos. Sou contra o corte e também quero ir para a universidade.” 


Faixas e cartazes erguidas por estudantes e professores demonstraram descontentamento com medidas do governo | Foto: Mariely Dalmônica

Isabela Venâncio, estudante de Letras na UFU e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), veio de Ribeirão Preto há dois anos para fazer a graduação. “Digo que a universidade mudou a minha vida. Nosso presidente criminaliza a universidade pública e isso é uma coisa muito grave.” 

Segundo Fernando Pereira, estudante de Economia da UFU, o corte pode acabar com a ciência e com a educação pública de qualidade. “As universidades não vão conseguir chegar ao final do ano. Também estou aqui pela reforma, que é contra as mulheres, contra os trabalhadores pobres, ou seja, contra quem mais precisa dela.” 

Camila Costa, estudante de Relações Internacionais da UFU, se reuniu com os colegas de curso para defender a educação. “A UFU é um bem que fornece serviços desde a área hospitalar, veterinária e pesquisas. É a segunda maior do estado, esperamos que a cidade de Uberlândia apoie os estudantes, professores, e defendam a educação”, afirmou.  

NÚMEROS 
A Secretaria de Estado de Educação informou que, até o início da tarde, 80% das escolas estaduais tiveram funcionamento normal ou parcial nesta quarta-feira em razão do movimento nacional de mobilização convocado pelo sindicato da categoria. A taxa de resposta para o levantamento da Secretaria de Estado de Educação foi de 77%, de um total de 3.620 unidades escolares do Estado. Informou ainda que o balanço com os dados consolidados estará disponível nesta quinta-feira (16).

A Prefeitura de Uberlândia informou que das 67 escolas de ensino municipais de ensino infantil da cidade, 13 delas paralisaram totalmente nesta quarta-feira. Além disso, 16 paralisaram parcialmente e 38 não paralisaram. Já no ensino fundamental, das 55 escolas administradas pelo município, 25 paralisaram totalmente, enquanto 15 estão paralisadas parcialmente e outras 15 não paralisaram.

Segundo o presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Uberlândia (Adufu), Benerval Pinheiro Santos, 90% dos professores, 70% dos técnicos e quase 100% dos alunos paralisaram as atividades nesta quarta. “A adesão da UFU é uma das maiores dos últimos 10 anos. É a união de uma indignação coletiva. Queremos mostrar que somos sérios, produzimos conhecimento, produzimos pesquisa”, disse.


O Sinpro não soube informar o quantitativo de escolas afetadas pelo movimento na rede privada, mas disse que foi grande o número de servidores que aderiram à paralisação. 

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