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08/08/2018 às 08h13min - Atualizada em 08/08/2018 às 08h13min

Motoristas do transporte escolar cobram reajuste

Categoria alega que não consegue mais rodar com o valor pago pela secretaria

NÚBIA MOTA | REPÓRTER
Célia Tavares disse que a cooperativa falta entregar alguns documentos para efetuar o reajuste | Foto: Núbia Mota
Parte dos 236 motoristas de vans ligados à Cooperativa dos Transportadores de Passageiros e Cargas de Uberlândia Ltda (Coopass) comunicou à diretoria da entidade que não consegue mais continuar trabalhando com o valor de R$ 1,58 por quilômetro rodado pago pela Secretaria Municipal de Educação. A categoria alega que está sem reajuste desde fevereiro de 2017. O assunto tomou conta da sessão de ontem da Câmara Municipal, que teve a presença da secretária municipal de Educação, Célia Maria do Nascimento Tavares, atendendo a uma convocação do presidente da Casa, vereador Alexandre Nogueira (PSD), para responder alguns questionamentos referentes à pasta, principalmente em relação ao transporte escolar. A sessão foi acompanhada por dezenas de motoristas.

Em dezembro, a Diretoria de Transporte Escolar, vinculada à Prefeitura Municipal, garantiu, por meio de ofício, um reajuste de 8%, com valor retroativo a maio, e outros 2% que seriam pagos a partir de janeiro de 2018, o que daria R$ 1,74, mas até o momento valor não foi repassado. Em junho, os motoristas receberam 70% do salário e o pagamento de julho ainda não foi debitado.
Segundo a secretária, a Coopass ainda falta entregar alguns documentos solicitados, o que tem impedido o reajuste dos valores aos motoristas de van. “O reajuste está condicionado à assinatura do aditamento. A partir daí que a Cooperativa terá direito ao reajuste legitimado em maio e agosto de 2018”, disse ela.

O vice-diretor da Coopass, Neilton Gomes, afirmou que todos os documentos exigidos foram entregues à Prefeitura e considerou a explicação uma “desculpa” da Secretaria de Educação para não pagar o que foi acordado. “Esse R$ 1,58 é um preço muito defasado, a comissão criada pela própria Prefeitura avaliou e viu que é inviável dar continuidade aos trabalhos sem o aumento, mas até hoje ele não veio. E não podemos nem parar, porque o Ministério Público estipulou uma multa de R$ 50 mil por dia parado”, disse.

Ainda segundo Neilton, apenas 45 motoristas que fazem o transporte de alunos especiais recebem um valor um pouco mais elevado, de R$ 1,80 por quilômetro, porque precisam contratar monitores, o que acaba gerando mais despesas. O restante, sendo 160 vanzeiros que fazem transporte de alunos e professores na zona rural, além dos motoristas de serviço de apoio e passeio, recebe R$ 1,58.
 
Menor preço
 
De acordo com a cooperativa, esse é o menor valor praticado na região. Em Uberaba é pago R$ 1,70; em Prata, R$ 1,80; em Araguari, R$ 1,82; em Ituiutaba são R$ 2; e Coromandel, R$ 2,43. As vans particulares que prestam serviço para a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran), no transporte acessível de pacientes até as instituições de saúde, recebem R$ 2,50 por quilômetro. “Eu estou recebendo R$ 1,80 porque transporto alunos especiais e estou custando a dar conta de pagar minhas contas. Imagina meus colegas que recebem R$ 1,58. Mas somos uma cooperativa e precisamos ter união, por isso estou aqui dando meu apoio”, disse o motorista Odelmo Aparecido da Silva.

Linaldo Vicente Costa é motorista de van há 30 anos e conta que mesmo trabalhando em três turnos não está conseguindo pagar as despesas com a van e de sua casa. Pela manhã e à tarde, ele leva professores à Escola Municipal Rural Professora Maria Regina Arantes Lemes, e à noite transporta alunos de ensino superior entre as instituições e o bairro Morada Nova. “Chego meia-noite em casa e saio 5 da manhã. Não estou tirando nada por mês, porque o que a Prefeitura paga, mal dá para a manutenção e o diesel do veículo. Em junho, eu recebi R$ 1.200, porque a Prefeitura não tinha dinheiro e pagou só 70% e julho ainda recebi. No ano que vem, preciso trocar minha van que é de 2001 e não sei como vou fazer”, afirmou Linaldo.

Além dele, outros 33 motoristas estão na mesma situação e precisam trocar o veículo conforme prevê a legislação, que determina um limite de uso das vans de 18 anos. “Muitos vão deixar o serviço porque uma van nova custa R$ 130 mil e uma van de 2001 custa R$ 10 mil. A desvalorização do veículo é muito grande e os motoristas não vão conseguir continuar pagando uma prestação de mais de R$ 2 mil por mês”, disse Neilton.
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