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04/02/2018 às 05h08min - Atualizada em 04/02/2018 às 05h08min

Procura por previdência privada tem alta de 7,9%

Umas das razões pelo crescimento é a iminência da Reforma

VINÍCIUS LEMOS | REPÓRTER
Joelma Lopes optou por previdência privada há quatro meses / Foto: Vinícius Lemos

Em um clima de incerteza dupla sobre o futuro relacionado à Previdência Social, que não só teria um rombo que chega a R$ 268,8 bilhões, como ainda gera desconfianças relacionadas à polêmica reforma e suas implicações, o campo é fértil para a busca de plano de previdência privada. Não é à toa que o setor acumulou R$ 84,23 bilhões em contribuições em todo o país entre janeiro e setembro de 2017. O valor representa um crescimento de 7,9% no comparativo a igual período de 2016, de acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). Um consolidado do ano deve ser divulgado em breve. Para 2018, as previsões são de novos crescimentos, mas tudo ainda depende da votação da reforma, hoje parada no Congresso.

Se somarmos todos os ativos administrados por empresas do setor previdência de complementar, o último mês de outubro mostrou que o segmento segue em crescimento com volume 18,94% maior que o mesmo mês de 2016. O salto em um ano foi de R$ 632,42 bilhões em ativos para R$ 752,22 bilhões, segundo a FenaPrevi. A maior fatia desse mercado está no Sudeste, que representa aproximadamente 65% de toda a arrecadação da previdência privada no país. Minas Gerais é terceiro maior mercado, com 8,1% de representatividade. O estado perde para Rio de Janeiro, que tem 12,7% do mercado, e São Paulo, que representa significativos 43,4% de todo o montande.

Ao considerar a sustentabilidade do Instituo Nacional do Seguro Social (INSS) como uma incógnita, muitos contribuintes, sejam eles profissionais liberais ou mesmo de carteira assinada, passaram a considerar uma segunda opção para complemento de renda. A análise é do economista Renan Würfel, que ainda prevê redução na contribuição de autônomos ao INSS, principalmente se houver a Reforma Previdenciária. “Eles deixariam de contribuir para buscar algo na iniciativa privada considerado mais seguro. O impacto na Previdência Social não seria tão grande por causa disso e não causaria mais déficit”, disse.

ESCOLHA

A escolha para um investimento de tão longo prazo, contudo, necessita de cuidados e Würfel afirma que grandes bancos são a escolha mais óbvia. Por outro lado, um corretor seria uma saída para indicação de planos mais seguros. Da mesma forma que o pagamento do investimento não pode se transformar num problema dentro do orçamento do segurado.

MERCADO

O resultado direto foi percebido na empresa gerenciada por João Carlos Baio em Uberlândia, a qual conseguiu crescimento de 25% no número de contratos, de acordo com dados da própria seguradora. Ele explicou, contudo, que a maioria dos novos clientes não são espontâneos. “O interesse tem sido despertado a partir do oferecimento do produto. As pessoas não buscam aleatoriamente”, disse.

O que mudou, entretanto, foi a concepção da previdência privada, vista como um novo tipo de necessidade, segundo Baio, que ainda lembrou que muita gente nem pensava na possibilidade de contratação. O perfil dos clientes é de homens e mulheres com idade entre 35 e 40 anos para contratos novos, sendo grande parte de profissionais liberais. Mas o gerente indica que a idade ideal para que a previdência seja contratada é a partir dos 25 anos, depois que o cliente conseguir um emprego com certa estabilidade. Dessa forma, a aposentadoria perto dos 60 anos seria tranquila, com bons rendimentos mensais e sem onerar o orçamento do cliente.

“O teto da aposentadoria é de R$ 5,5 mil, mas apenas 10% dos aposentados recebem esse valor. A maior parte, cerca de 70% só tem um salário mínimo por mês. A previdência privada se tornou uma necessidade e ainda é vista como complementar, uma vez que mesmo aposentados, muitos clientes continuam a trabalhar”, afirmou João Carlos Baio.

SEGURANÇA FINANCEIRA

Manicure buscou segurança extra

Há quatro meses, a manicure Joelma Lopes Luciano fechou um plano de previdência privada. Ela não havia pensado na possibilidade antes do gerente de sua conta corrente oferecer a ela. Pensionista e contribuinte do INSS, ela disse que a decisão veio para que possa ter uma renda extra quando atingir os 65 anos. “É para comprar os remédios quanto estiver mais velha”, brincou a profissional liberal, que ainda afirmou estar tranquila com relação à Reforma da Previdência que pode acontecer ainda neste primeiro trimestre de 2018. “Não me assusto com essa possibilidade, mas quero garantir minha tranquilidade financeira.”

Nos próximos 17 anos, mensalmente ela vai gastar R$ 100 com a previdência que resolveu pagar. Valor que ela considerou justo e dentro de seu orçamento. O plano fechado ainda dá a possibilidade de que ela saque os juros do contrato a cada três anos. O que Joelma prefere não fazer para potencializar a aposentadoria posteriormente.

OPINIÃO

Reforma é vista como necessidade

Impopular e causadora de grandes embates, em termos de tramitação a Reforma da Previdência brasileira hoje ainda é uma dúvida, ainda que o presidente Michel Temer tenha afirmado na última quarta-feira (31) que a revisão estará “liquidada” até o mês de março. Ao mesmo tempo, o Governo admite negociar alguns tópicos do texto final da proposta visando a aprovação no Congresso Nacional, como afirmou o ministro Henrique Meirelles, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, onde participou do evento Almoço do Empresário na última sexta-feira (2).

Enquanto opositores da reforma apontam que o rombo na Previdência não existe, para o economista Renan Würfel o erro está em não admitir que as contas públicas devem ser saneadas. “A reforma mudaria a Economia de modo a ser tornar sustentável no futuro. Melhoraria o caixa a longo prazo, cerca de 20 anos à frente, e seria como um todo. A conta não fecha e ainda que muitos percam algo, não é possível pensar só no de cada um”, disse. Ele ressaltou ainda que várias categorias têm se mostrado blindadas à reforma, o que considera incorreto e tira a seriedade do processo.
 
Previdência Privada

> Crescimento em contribuições (jan a set/2017)
R$ 84,23 bi
+ 7,9% em comparação a 2016
 
> Ativos administrados (out/2017)
R$ 752,22 bilhões
+18,9% em comparação a out/16
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