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09/05/2024 às 14h00min - Atualizada em 09/05/2024 às 14h00min

Uberlândia registrou mais de 220 diagnósticos de HIV no ano passado

Número de pacientes com o vírus da imunodeficiência humana aumentou 18% no período; confira locais na cidade que oferecem auxílio e tratamento gratuito

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Maioria dos casos foi entre homens, especialmente nas faixa etária de 20 a 39 anos | Foto: Agência Brasil

As notificações de HIV em Uberlândia aumentaram em 18% em 2023. Segundo os dados do Painel de Monitoramento de HIV da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a maioria dos casos foi entre homens, especialmente na faixa etária de 20 a 39 anos.

 

Ainda de acordo com as informações do painel, no ano passado, Uberlândia teve 221 pessoas diagnosticadas com o vírus da imunodeficiência humana, sendo 170 homens e 51 mulheres. Já em 2022, a cidade registrou 187 casos, sendo 151 ocorrências em homens e 36 em mulheres. 

 

A distribuição por faixa etária mostra que os grupos de 20 a 29 anos e 30 a 39 anos foram os mais afetados no ano passado, com 102 e 71 notificações, respectivamente. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, foram registrados cinco casos, enquanto entre os idosos de 60 a 79 anos, seis notificações foram contabilizadas no município. 

 

A médica infectologista, Francielly Marques Gastaldi, falou sobre a importância de se oferecer a sorologia como parte do rastreamento de rotina dos pacientes. “Essa abordagem é fundamental, pois o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações futuras. Isso resulta em um aumento no número de casos notificados, porém, é um alívio notar que isso não se traduz em aumento da mortalidade. Em sua maioria, os diagnósticos são de portadores do vírus HIV sem manifestação da doença AIDS”, destaca.

 

A especialista explicou ainda que a transmissão do HIV está relacionada principalmente ao intercurso sexual, mas pode acontecer de outras maneiras. “Existe a transmissão por transfusão sanguínea, que hoje em dia praticamente não existe mais, e a transmissão vertical, que seria da mãe que tem HIV e não trata, e passa para o bebê. Mas não é porque a mãe tem a infecção que o neném vai nascer com o vírus, existem medidas eficazes para controlar isso”, advertiu. 

 

Quanto ao tratamento, a médica esclareceu que a partir do momento em que um paciente recebe o diagnóstico, ele é convidado a aceitar um tratamento. “Quando o diagnóstico acontece em exames de rotina, e a pessoa não está sentindo nada, a gente pode iniciar o tratamento de maneira imediata”.

 

Conforme dito pela infectologista, o tratamento é gratuito em todo Brasil. “Os antirretrovirais são fornecidos pelo Ministério da Saúde. É uma medida nacional, então em qualquer lugar do país que a pessoa for diagnosticada, ela vai receber o tratamento de maneira gratuita, e o paciente pode fazer o acompanhamento no serviço público ou privado”. 

 

A médica esclareceu também que o tratamento envolve geralmente o uso de medicações relativamente simples, e que na maioria dos casos, são apenas dois comprimidos por dia, e para alguns pacientes, apenas um. “Acreditamos que essa simplificação do tratamento possa ser alcançada para todos os pacientes no futuro. O HIV é uma infecção crônica sem cura, mas é possível manter o controle da doença e levar uma vida normal, sem restrições”.

 

Entretanto, a profissional enfatizou a necessidade de realizar um acolhimento adequado das pessoas recém-diagnosticadas com HIV, destacando que lidar com a notícia pode ser desafiador devido ao preconceito em torno da situação. “Por mais que seja uma doença crônica de fácil controle, o estigma da AIDS ainda é muito grande”, comentou. 

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PREVENÇÃO

Ainda de acordo com a médica infectologista, a principal forma de prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) é com o uso do preservativo. Além disso, existe a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma estratégia preventiva em que medicamentos são tomados por pessoas em risco de contrair o HIV antes da exposição ao vírus, reduzindo significativamente as chances de infecção.

 

“É fundamental ressaltar que, mesmo com essas medidas preventivas, o uso do preservativo continua sendo crucial. O acompanhamento regular e a educação sexual também são aspectos essenciais para melhorar a qualidade de vida sexual e quebrar estigmas sobre a transmissão do HIV. É uma situação impactante, mas não é o fim do mundo mais, é importante a pessoa não ter vergonha de procurar atendimento”, finalizou.

 

TRATAMENTO EM UBERLÂNDIA

Em Uberlândia, o Ambulatório Herbert de Souza oferece atendimento especializado em tratamento de ISTs. Atualmente, 67 pessoas estão recebendo acompanhamento médico e com remédios no local. O ambulatório fica na rua Avelino Jorge Nascimento, nº 15, bairro Roosevelt. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

 

A cidade também conta com atendimento especializado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU). Atualmente, a unidade acompanha 233 pacientes. 

 

Já a Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV (RNP) em Uberlândia concentra esforços na prevenção, acolhimento e acompanhamento de pessoas vivendo e convivendo com HIV, AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Segundo o representante, Edval Cantuário, a instituição atua há cerca de 25 anos no município. 

 

“Os serviços oferecidos incluem atendimento psiquiátrico, psicológico, nutricional, fisioterapêutico e advocatício. Mensalmente, a RNP registra em média 400 atendimentos, abrangendo todas essas áreas de atuação”.

 

O representante informou que o acesso aos serviços é facilitado por diversas vias. “Alguns indivíduos chegam à instituição após testarem positivo para o HIV, são encaminhados por redes de apoio ou provenientes de ambulatórios como o Herbert de Souza. Outros encontram a RNP através das redes sociais, indicações de amigos ou por busca pessoal”.

 

Edval ressaltou sobre a importância de discutir abertamente o tema do HIV, destacando que o assunto muitas vezes é negligenciado pela sociedade. “É um assunto que às vezes fica esquecido porque as pessoas acham que está tranquilo. Temos uma barreira grande de preconceito, vários pacientes que se desesperam quando são diagnosticados. Falar desse assunto é uma quebra de preconceito. Só quebraremos esse estigma quando começarmos a falar em todos os espaços e momentos, não só em dezembro que é o mês da luta contra a AIDS”.

 

Os interessados em buscar assistência podem contatar a RNP pelo telefone (34) 3216-3181, que também funciona pelo WhatsApp, ou através das redes sociais @rnp_uberlandia, pelo e-mail [email protected] ou visitando pessoalmente a sede localizada na Rua Yá Nasso, 376, no bairro Planalto.

 

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