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28/09/2017 às 05h54min - Atualizada em 28/09/2017 às 05h54min

Perda de usinas em leilão causa briga entre Pimentel e oposição

Hidrelétrica de Miranda foi comprada por R$ 1,36 bi por empresa francesa

DANIEL CAMARGOS | FOLHAPRESS
Usina de Miranda foi leiloada por R$ 1,3 bilhão à empresa francesa Engie / Foto: Beto Oliveira

 

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), disse ter lamentado o leilão das quatro usinas que pertenciam à Cemig, realizado na manhã de hoje. O petista gravou um vídeo e publicou em uma rede social dizendo que "era um dia triste para Minas Gerais". O governo federal leiloou, por R$ 12,13 bilhões, as concessões de quatro usinas da Cemig, arrecadando 9,7% a mais que o esperado de R$ 11 bilhões.

Pimentel afirmou que não encontrou espaço no governo federal para negociar a permanência das usinas com a empresa minera. "Tentamos de todas as formas possíveis uma negociação com a União que permitisse que a Cemig continuasse operando essas usinas."

O governador mineiro disse entender que a situação poderia ter sido resolvida pelos governos estaduais que o antecederam, caso eles tivessem aderido à Medida Provisória 579, de 2012, que previa que as concessionárias de energia deveriam renovar os contratos diante do cumprimento de redução de encargos e tarifas. Quem se recusasse a assinar, como fez a Cemig, teria concessões suspensas e levadas a licitação.

 

PIMENTEL

A crítica tem tom partidário, pois atinge o período que os senadores tucanos Antonio Anastasia e Aécio Neves governaram o Estado. A Cemig tentou, por mais de quatro anos, manter as concessões das usinas de Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande na Justiça, sem sucesso.

O bloco que faz oposição a Pimentel na Assembleia Legislativa atribuiu, em nota, o leilão das usinas à "irresponsabilidade do PT".

"A perda das usinas decorre de uma sucessão de erros da gestão petista, iniciada pela ex-presidente Dilma Rousseff em 2012, com a edição da malfadada MP 579, que provocou a falência do setor elétrico no país."

O bloco acusa Pimentel de usar a empresa para apadrinhar filiados ao PT. "Em consequência disso, seus resultados caíram drasticamente a partir de 2015, assim como perdeu a confiança do mercado e a capacidade de alavancar recursos para manter suas usinas."

O leilão das usinas atiçou a disputa política na Assembleia. O líder do bloco da situação, que apoia Pimentel, deputado André Quintão (PT), também culpa os governos tucanos de Aécio e Anastasia pela perda dos ativos, por não terem aderido à MP 579.

"Agora, Temer, aplicando o programa da então candidatura derrotada de Aécio Neves, vende, a preço de banana, quatro usinas estruturais na produção de energia", disse.

 

LEILÃO

Dentre as quatro usinas, o maior negócio foi o leilão por R$ 7,18 bilhões da hidrelétrica de São Simão (GO) para a empresa Pacific Hydro, detida pelo grupo chinês SPIC. Sem concorrência, houve ágio de 6,51% sobre o valor pedido de R$ 6,74 bilhões.

Pela usina de Jaguara (SP/MG), com mínimo de R$ 1,92 bilhão, a francesa Engie Brasil ofereceu R$ 2,17 bilhões, um ágio de 13,59%.

A usina de Miranda (MG), que a Cemig tentou negociar até o último minuto para deixar de fora do leilão, acabou sendo leiloada também à Engie por R$ 1,36 bilhão, 22,42% a mais que o mínimo de R$ 1,1 bilhão proposto.

Por fim, a italiana Enel Brasil levou a usina de Volta Grande (SP/MG) por R$ 1,42 bilhão, com ágio de 9,84%.

Juntas, as quatro usinas hidrelétricas leiloadas têm capacidade de 2.922 MW, 37% da capacidade de geração da estatal.


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