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03/08/2017 às 05h05min - Atualizada em 03/08/2017 às 05h05min

Seis das oito escolas do Pequis e Monte Hebron seguem sem aulas

Professores convocados aguardam, desde o dia 1º, nova designação

WALACE TORRES | EDITOR
Foto: Walace Torres

 

O filho de 6 anos da dona de casa Sirlei Ribeiro acordou dia desses, vestiu o uniforme, arrumou a pasta com os cadernos e disse: “mãe, vou para a escola”. Desde então, Sirlei leva o garoto até a porta da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) que fica a duas quadras de sua residência já ciente de que não poderá realizar a vontade do filho. Ontem pela manhã, a cena se repetiu. Desta vez, Brendo trocou o uniforme pela roupa de seu herói preferido, o Homem Aranha. O garoto já sabia que não haveria aula, mas fez questão de ir com a mãe até a porta da escola na esperança de que pudesse encontrar ao menos o portão aberto. “Ele gosta muito de estudar, adora a escola. A gente quase chora de ver ele assim”, diz Sirlei, que mora no bairro Monte Hebron, na zona Oeste de Uberlândia desde dezembro do ano passado.

Assim como a dona de casa, milhares de outras famílias que se mudaram para o Monte Hebron e também para bairro Pequis, que fica na mesma região, vivem o drama de ter uma escola perto de casa e não conseguir ver os filhos em sala de aula.

O retorno das aulas, ontem, na rede pública municipal não abrangeu a grande maioria das crianças e adolescentes que vivem nos novos residenciais da região Oeste. Das três escolas construídas no Monte Hebron, apenas uma iniciou as aulas. Já no Pequis são cinco escolas e somente uma já tem alunos nas salas. Os dois residenciais têm, juntos, 5.200 casas, sendo que as últimas unidades foram entregues às famílias na semana passada.

A Caixa Econômica Federal informou que no Monte Hebron as obras das escolas já foram concluídas e entregues. Já no Pequis há ainda duas escolas com mais de 95% das obras executadas.

A diarista Maria Leonice esteve ontem mais uma vez na única escola do Monte Hebron que está em funcionamento na tentativa de garantir uma vaga para o filho de 5 anos. Ela conta que está na lista de espera, pois nem todas as salas estão ocupadas. “Eles disseram que se sair alguma criança, vão ligar”, diz a diarista, que matriculou o filho numa escola no bairro Jardim Célia enquanto espera a vaga perto de casa. “No começo, a gente levava a pé, mas ele até travou as pernas um dia. Aí tivemos que deixar de comprar comida para pagar uma van escolar”, conta Maria Leonice.

Bruno Henrique, de 21 anos, tem dois irmãos em idade escolar – um de 6 e outro de 9 anos – em casa. “A gente tá esperando a escola abrir para eles começarem a estudar”, conta o rapaz, que também mora no Monte Hebron.

Moradores relatam que na rua Aurélio Antônio de Lima, onde estão as duas escolas do bairro que ainda não iniciaram o atendimento, há várias famílias com crianças em casa sem aula. “Aqui tem mais criança do que gente”, brinca um senhor que mora bem de frente à Emei do bairro.

Para não deixar os filhos perderem o semestre, muitas famílias matricularam as crianças em escolas de outros bairros. O operador de caixa Diego Costa tem dois irmãos no ensino fundamental estudando fora do Monte Hebron, um no bairro Morada Nova e outro no Centro. “O que estuda no Centro acorda 5h30 para pegar o ônibus”, conta Diego.

 

ESPERA

Professores contratados aguardam nova designação

Professores que foram chamados para dar aulas nos bairros Pequis e Monte Hebron alegam que chegaram a assinar contrato para uma escola e depois foram informados que seriam remanejados para unidades de outros bairros porque as respectivas escolas não ficaram prontas para o início do segundo semestre. É o caso de A., que assinou contrato semana passada para dar aulas de História a partir do dia 1º de agosto numa escola no bairro Pequis.

Ela explica que a convocação para preenchimento de vagas na rede municipal aconteceu no dia 20/7 e, no dia 21, ela fez a escolha e recebeu os encaminhamentos para exame médico.

“Na minha disciplina só tinha vaga para o Monte Hebron e o Pequis. Eram dois cargos completos cada”, diz a professora que preferiu não se identificar. No dia 28/7 ela procurou a Secretaria de Educação e recebeu a notícia de que seria redirecionada. “O que me foi passado é que fariam um reajustamento de algumas pessoas, eu incluso, uma vez que a escola não abrirá. Até agora estou aguardando informações”.

Até ontem à tarde, a Secretaria de Educação ainda não havia lhe retornado para indicar uma nova escola onde há vagas. “Com esse impasse, não posso nem tentar pegar aulas no Estado. Tenho que aguardar os horários e locais”, disse.

 

PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura informou que programou o funcionamento das unidades na data estipulada pela Caixa e pela construtora, com a aquisição de mobiliário, merenda e equipamentos. “Como as escolas não foram finalizadas no prazo, os educadores convocados foram redirecionados para outras unidades escolares”. O Município ressaltou que não houve nenhum tipo de contratação antecipada e que os profissionais foram convocados para preenchimento de novas vagas na rede.

Ainda de acordo com a nota, das oito escolas planejadas para os bairros dos residenciais Pequis e Monte Hebron, cinco são de educação infantil e três de ensino fundamental . Destas, duas de educação infantil (Emei) estão prontas e em funcionamento, em turmas integrais e parciais, atendendo um total de 635 alunos desde maio deste ano.


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