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26/05/2017 às 05h05min - Atualizada em 26/05/2017 às 05h05min

MPE investiga policiais corruptos

Operação “100 Anos de Perdão”, deflagrada ontem em Uberlândia e região, prendeu quatro pessoas

VINÍCIUS ROMÁRIO | REPÓRTER
Ministério Público indicou que policiais civis faziam parte de organização criminosa / Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O Ministério Público Estadual (MPE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberlândia, deflagrou, ontem, nas cidades de Uberlândia, Patrocínio, Uberaba e Araguari, a Operação “100 Anos de Perdão”.

A operação investiga organização criminosa, composta principalmente por policiais civis, cuja principal atividade era realizar o saque de cargas de drogas, armas e cigarros contrabandeados, oriundas do estado do Paraná.

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão. Seriam cumpridos 38 mandados de prisão preventiva – há investigados contra os quais foi expedido mais de um mandado de prisão.

Quatro pessoas, sendo três delas policiais, foram presos. Mas, de acordo com o MPE, a maior parte dos denunciados conseguiu fugir, havendo, sérios indícios da ocorrência de vazamento de informações.  Um procedimento para apurar se houve obstrução de justiça já foi instaurado.

Segundo o MPE, a organização criminosa se dividia em dois núcleos: a célula paranaense e a célula mineira, chefiada por policial civil da cidade de Patrocínio.

De acordo com as investigações, o núcleo paranaense identificava as cargas que interessavam ao grupo e então instalava nos caminhões que as transportavam rastreadores via satélite, a fim de monitorar todo o seu deslocamento.

O núcleo mineiro, por sua vez, aguardava a entrada dos caminhões no território de Minas Gerais e os integrantes da célula mineira, composta, entre outros, por nove policiais civis, fazia a abordagem do veículo, a prisão do motorista e a apreensão da carga.

Contudo, ao invés de seguir os trâmites legais, os integrantes da organização criminosa saqueavam as cargas. Após se apoderarem das cargas de armas, drogas e cigarros contrabandeados, a organização criminosa ou revendia os produtos para os seus proprietários, ou desviava as mercadorias para posterior venda. Nas duas hipóteses, a finalidade da organização criminosa era a obtenção de lucro ilícito.

Os motoristas dos caminhões que transportavam as cargas eram mantidos em cárcere privado pelos integrantes da organização até que os produtos estivessem em local seguro. Com o êxito na desova das cargas, as vítimas eram liberadas, sem sequer serem qualificadas.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil afirmou que a Corregedoria Geral acompanha o caso e já foi instaurado procedimento administrativo. Mais detalhes sobre a operação devem ser divulgados em entrevista coletiva prevista para hoje.

 

SAIBA MAIS

Foram apurados, entre outros, os seguintes crimes:

- setembro de 2015: saque e desvio de 4 toneladas de maconha; a abordagem ocorreu na cidade de Uberaba, e parte da droga – cerca de 2 toneladas – foi posteriormente apreendida em uma fazenda da zona rural de Patos de Minas;

- setembro de 2015: saque e desvio de duas cargas de cigarros, contendo mais de 1 milhão de pacotes de cigarros; a abordagem ocorreu na cidade do Prata e a carga foi desviada na cidade de Araguari.

 

Valor das cargas desviadas: cerca de R$ 5 milhões

 

Denúncias apresentadas:

- crime de organização criminosa: 19 denunciados, sendo integrantes do núcleo paranaense – um policial civil – e 14 integrantes do núcleo mineiro – 9 policiais civis, sendo 3 lotados em Uberlândia, 3 lotados em Araguari, 2 lotados em Uberaba e 1 lotado em Patrocínio-; foi decretada a prisão preventiva de 18 dos 19 denunciados;

- crimes de roubo agravado pelo emprego de arma, concurso de pessoas e restrição da liberdade das vítimas e falsidade ideológica: 12 denunciados, entre eles 8 policiais civis, um do estado do Paraná e 7 de Minas Gerais; foi decretada a prisão preventiva de 11 dos 12 denunciados;

- crimes de associação para o tráfico de drogas, tráfico ilícito de entorpecentes e falsidade ideológica: 9 denunciados, entre eles 5 policiais civis, um dos estado do Paraná e 4 de Minas Gerais; foi decretada a prisão preventiva de todos os denunciados.


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