Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
18/08/2022 às 08h00min - Atualizada em 18/08/2022 às 08h00min

Sucesso e riqueza

IVONE ASSIS
Analisando o mercado consumidor, o alto número de ofertas e a equivalente demanda em todos os setores, fiquei pensando no livro “A riqueza da vida simples” (2019), de Gustavo Cerbasi. O livro carrega como subtítulo a expressão: “Como escolhas mais inteligentes podem antecipar a conquista de seus sonhos”. Publicado em uma época em que o mundo era outro, pois ainda não sabíamos da Covid, o livro parece estar mais atual no mundo pandêmico, haja vista que o confinamento parece ter dividido as pessoas em dois grupos: aquele que consome tudo, para tolerar a reclusão; e aquele que não consome nada, para o orçamento suportar o mesmo isolamento. Às páginas 27, 28 e 29, o autor escreve sobre a “Consciência das limitações”. Para ele: “O primeiro passo para se fazer boas escolhas é entender quais são suas limitações”, essa frase é ampla, pois atinge não apenas o consumo-produto, mas, também, ao consumo-conteúdo, convidando o leitor a repensar a vida em seu todo, pois aquele que desconhece suas limitações não consegue delimitar o que quer, seja para consumo de produtos, seja para consumo de “presença”. Isso vale, igualmente, para o produtor de conteúdo (físico ou digital).

No mesmo ano, Paula Lopes e Bruno Reis (2019, p. 59), na obra “Comunicação Digital: Media, práticas e consumos”, enfatizam a mediatização da sociedade como assunto a ser abordado sob diversos aspectos, destacando: “a insaciabilidade dos indivíduos perante a profusão; o consumo de produtos mediáticos que se multiplicam, confundindo e fascinando o consumidor (Moraes, 2006) e [...] a digitalização”, que unifica a linguagem. Segundo Lopes e Reis, esta última “identifica a tecnologia como o espaço de alternativas possíveis, várias configurações sociais e novos formatos mediáticos”.

Gustavo Cerbasi (2019, p. 28) continua: “Digamos que você: Tentou, mas não consegue entender de investimentos; não tem (ou não quer ter) tempo para aprender sobre investimentos; acredita que está começando tarde seus planos; acredita que poupará menos do que o ideal; fez as contas e concluiu que sua aposentadoria será frustrante e limitada”. Aqui temos uma chamada para o consumo, e o conceito de consumo consciente cai bem, nesse intervalo. Quantos não são aqueles que não têm consciência do salário que ganham, independente de quanto, criando assim dois nichos: aquele que desconhecendo o valor de seu ganho, envereda-se no gasto exacerbado; e aquele que conhecendo suas próprias limitações, tem mais autonomia sobre o que deseja, portanto, planeja melhor suas operações, a fim de obter ações que o levem ao sucesso de um bem viver.

Sabemos que a inviabilização reside na incapacidade de ação de cada um; isso gera o medo; e o medo leva ao fracasso. Para evitar o insucesso é preciso planejar, acreditar, persistir e agir com sabedoria. Cerbasi questiona: “Se suas contas não fecham para se aposentar aos 65 anos, por que não se aposentar aos 75? Você acha que é tarde? Será tarde mesmo ou será que o problema é você não estar planejando sua carreira para que se torne mais leve, gratificante e apaixonante com o passar do tempo?”

A midiatização criou a geração “consumidores e produtores de produtos digitais”, chamada de “prosumer”, termo averbado por Alvin Tofler (1980, in: KOTLER, 1986), o qual designa o duplo papel de produtor e consumidor, exercido, por exemplo, pelos “socialmedia e associados”.

A construção de um futuro próspero, segundo Cerbasi, consiste em “Educar-se continuamente; valorizar cuidados com a saúde e o bem-estar”. Ora, o maior (e melhor) investimento está no bem-viver, isso exige autoprioridade, autocuidado. A vida segue tendências, assim sendo: presente descuidado, futuro fracassado. O sucesso depende do investimento, e não estou a falar do sucesso financeiro a que o autor se reporta, mas, sim, refiro-me ao sucesso de bem-viver diário. Afinal, finanças não se confundem com sucesso e riqueza.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
Leia Também »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90