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30/06/2022 às 08h00min - Atualizada em 30/06/2022 às 08h00min

O uso do Ministério da Educação para corrupção

CLÁUDIO DI MAURO
A situação dramática do Ministério da Educação (MEC) envolve pastores evangélicos que usam os espaços para tráfico de influência e pagamento de propinas para liberar emendas parlamentares destinadas à prefeituras municipais.

Comandados pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, os pastores Luciano Mussi e Gilmar Santos usaram hotel de Brasília para combinar a liberação desses recursos para as prefeituras. São movimentos e contas bancárias envolvendo fundos bilionários do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Uso de contas de parentes e amigos, para depósito de dinheiro das propinas.

A Polícia Federal informou que tais pastores usaram cerca de 60 estadias e hospedagens nesse hotel de Brasília.  Local usado como quartel general da corrupção.

Segundo a imprensa, diversos servidores do MEC se demitiram diante da insistência do ex-ministro para proteção aos interesses colocados por esses dois pastores que ”emporcalham” a imagem de igrejas evangélicas. Os setores sérios entre os evangélicos, não merecem essas figuras que deterioram suas imagens.

É de ressaltar que o FNDE é estrutura do governo que funciona para cuidar dos recursos públicos de um Ministério que deve patrocinar as Merendas Escolares, Transporte de Alunos, Bolsas para Estudantes de Escolas Públicas, Salários do Pessoal da Educação e em especial de Professores, Reformas parciais ou totais de equipamentos e edifícios voltados à educação. Enfim, é com esse dinheiro que “pastores evangélicos”, “vendilhões dos templos” geravam o atendimento às suas finanças e de setores com os quais mantinham proximidades. Enquanto isso, centenas de escolas esparramadas pelo Brasil exercem suas atividades com absoluta precariedade, muitas vezes sem acesso a água potável, a energia elétrica e crianças permanecem nas Escolas, sem terem se alimentado.

Trata-se de um crime contra as pessoas, contra a pátria.

Essa é a religião que Marx afirmou ser um “ópio para do povo”. O uso da fé das pessoas, muitas vezes as mais simples e empobrecidas, para dar vazão aos interesses mesquinhos e uso indevido de dinheiro público. Manter as pessoas na dependência de religiosos mesquinhos para que a ignorância seja condutora e mantenedora de suas subalternizações. Assim, podem perpetuar o processo de exploração.

Esses setores religiosos, querem ocupar estruturas de governo para “trocar favores” por “dinheiro vivo” e ou por barras de ouro. Reitera-se a importância de destacar que não se deve generalizar essas práticas e incriminar todos os setores religiosos, com especial atenção aos evangélicos pentecostais. Há muita gente digna e que merece apreço, vinculada a manifestação dessa fé religiosa.

Mas, neste caso do Ministério da Educação, o pior ainda é o fato de que o ex-ministro Milton Ribeiro informou que o Presidente da República solicitou que as demandas dos pastores corruptos, envolvidos, deveriam ser tratadas como prioridades.

Daí as indagações: 
O Presidente da República conhecia tais práticas? 

Era conivente com tais explorações humanas e dos cofres públicos? 

Qual é o futuro que se planeja para nosso País no qual essas práticas são adotadas ?

O Senado, pelo senador Randolfe Rodrigues, conseguiu as adesões para implantar a CPI que deverá apurar a corrupção referida no Ministério da Educação. Recentemente, circula informação que autoridades do governo federal atuam para que alguns senadores que assinaram o pedido de implantação da CPI retirem suas assinaturas. Há nítida preocupação das consequências que essa CPI ocasionará na candidatura à reeleição do atual Presidente da República. 

O foco da CPI é a corrupção que foi impregnada no Ministério da Educação. Mas, fica evidente que se o Presidente da República participa ou participou facilitando essas possíveis posturas corruptas, as apurações seguirão esses caminhos. 

Observa-se que o governo formado com a argumentação de combate à corrupção e críticas ao Centrão encontra-se sem argumentos, está nú. Mostra-se um governo vinculado e dependente do Centrão no Congresso Nacional e às marcas da corrupção que o perseguem diuturnamente.

O certo é que o Brasil atravessa uma fase que merece muita atenção por parte de sua população. Rever as lógicas que dirigem o País é indispensável para repensar as práticas nas políticas governamentais, permitindo que se construam os processos PARA A TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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