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10/03/2022 às 08h00min - Atualizada em 10/03/2022 às 08h00min

Na semana e no Dia Internacional das Mulheres

CLÁUDIO DI MAURO
Nesta semana, no dia 8 de março comemoramos e homenageamos as mulheres no seu dia Internacional.

Em verdade para parabenizar as mulheres e agradecer a elas pelas lutas que travam no dia a dia, temos obrigação de respeitá-las e homenageá-las todos os dias. Temos que conhecer a história de libertação protagonizada e liderada por muitas mulheres.

Verdadeira a mensagem que diz: metade dos habitantes do Brasil são mulheres, os restantes são seus filhos. Trata-se da afirmação que mostra a importância desses seres que povoam os nossos dias, ainda que sacrificadas como seres humanos, como mães, esposas e filhas.

É triste reconhecer que o  Brasil é o quinto país que mais mata mulheres por assassinatos no mundo. A cada 6 horas e meia, uma mulher é morta neste país tido como “pacífico”. O trágico crime cometido contra as mulheres, recentemente teve seu destaque na tragédia contra Marielle Franco. Até agora indagamos, QUEM É O MANDANTE? Quem mandou matar Marielle e também matou Anderson? 

O revoltante é que nesta sociedade patriarcal, machista, a violência contra mulheres ultrapassa os limites da morte, muitas vezes se transforma em estupros. O estupro contra mulheres e crianças tem aumentado cotidianamente. Inclusive, como dito, contra pessoas vulneráveis.

Triste realidade de um país que possui presidente da república e deputados eleitos com votos sustentados nesse discurso homofóbico, machista que leva ao feminicídio. Há registros de que o Brasil é o segundo país no Planeta Terra que mais abusa de crianças.

Engana-se quem pensa que as lutas das mulheres se iniciaram em um incêndio de fábrica têxtil de Nova Iorque. Há muito sangue feminino, antes dessa história que tem suas verdades.

No caso brasileiro, temos a Bahia como um celeiro das lutas pela libertação feminina. Começando com a Indígena Paraguaçu, considerada a mãe das mães brasileiras. Ou com Chica da Silva, escravizada, que em Minas Gerais exerceu importante liderança no então chamado arraial de Tijuco, que posteriormente recebeu o nome de Diamantina. Com Maria Quitéria que lutou destemidamente na guerra. Maria Quitéria foi a primeira mulher a se engajar no Exército Brasileiro para lutar pela independência contra Portugal em 1822. 

No sul do Brasil, nas batalhas da revolução Farroupilha e Curitibanas tivemos a presença marcante da “Heroína de dois Mundos”, Anita Garibaldi que também lutou na Itália.

São mulheres protagonistas na história da gradativa libertação do Brasil e das mulheres.

Mas, as lutas das mulheres não se reduziram ao passado distante. Mais recentemente, as mulheres são protagonistas da resistência às ditaduras.

Mulheres lideraram movimentos nas ruas e nas manifestações artísticas pela anistia dos presos políticos e pelo fim da ditadura iniciada em 1964.

Revolucionando costumes, enfrentando canhões e baionetas dos militares, mulheres defendem as liberdades individuais e coletivas.
Sempre se confirma que as grandes transformações no Brasil passaram obrigatoriamente pela postura revolucionária de mulheres.
Todas essas lutas das mulheres não se reduzem às posturas identitárias. Mais do que isso, fazem parte da luta pela libertação dos subalternizados e das subalternizadas. É a luta pela consciência de classes dos setores oprimidos pelo sistema fundamentado na exploração de minorias, que geralmente são constituídas de maiorias. 

Acabar com o machismo patriarcal deve ser uma das importantes metas a serem alcançadas na luta do dia a dia de todos os seres humanos.

É indispensável reconhecer que as mulheres são imensamente sacrificadas com muitas horas a mais de trabalho diário do que os homens e com salários, geralmente, mais rebaixados.

Fazemos vozes com Rosa de Luxemburgo ao argumentar em favor de um Mundo no qual as pessoas “...sejam socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres...”.

Por todos esses motivos deve-se ter nesta semana e no dia 8 de março de todos os anos a compreensão de que a homenagem para as mulheres deve estar calcada na compreensão de que suas lutas são políticas.

Assim é que a data de 8 de março deve se constituir em mais um dia de manifestações e lutas políticas em favor da transformação social, compreendida como parte da luta de classes.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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