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20/01/2022 às 08h00min - Atualizada em 20/01/2022 às 08h00min

Para vencer as desigualdades sociais

CLÁUDIO DI MAURO
Em janeiro deste ano de 2022 a OXFAM INTERNACIONAL publicou um Relatório informando o que aconteceu com as desigualdades no Mundo, durante o desenvolvimento da Pandemia do COVID-19.

Segundo a OXFAM INTERNACIONAL:

“Este documento foi concebido para informar o debate público sobre questões relacionadas a políticas de desenvolvimento e humanitárias.”.

(No presente artigo estamos respeitando rigorosamente todas as informações que nele são contidas.)

No Relatório verifica-se que a cada 4 segundos morre uma pessoa no mundo por causa de desigualdades.

Se contarmos: 1; 2; 3 ao contar 4 morrerá uma pessoa.

Novamente, 1; 2; 3; ao chegar no 4 terá morrido mais uma pessoa e assim por diante. Isso significa que as desigualdades contribuem para ocorrer 21.300 mortes por dia.

Essa é a realidade da morte por desigualdades, no Planeta Terra.

É possível conviver com tal realidade?

A fortuna de 252 pessoas é maior do que a somatória da riqueza de todas as mulheres e meninas da África, América Latina e Caribe juntas, ou seja, 1 bilhão de pessoas.  Outro fato que se constata é que a cada 26 horas, desde o início da pandemia, surge mais um bilionário.

Nos Estados Unidos calcula-se que se a expectativa de vida das pessoas negras fosse igual a das brancas, teriam sido evitadas mortes de 3,4 milhões de pessoas, nesse período.

O que se conclui é que a riqueza está cada vez mais concentrada nas mãos de poucos. No período da pandemia, até agora, as 10 pessoas mais ricas do mundo tiveram suas fortunas dobradas, enquanto 99% da população teve sua renda diminuída.

Se lê no Relatório a constatação de que as 20 pessoas mais ricas, emitem 8.000 vezes mais carbono do que 1 bilhão de pessoas mais pobres. Aí está um grande problema para o aquecimento global.

São desigualdades econômicas, de gênero, raciais e isso não acontece por vontade da natureza, mas por decisões econômicas, políticas, humanas.

Na NOTA INFORMATIVA, O RELATÓRIO DA OXFAM afirma:

“Se tivermos coragem de ouvir os movimentos que exigem mudanças, podemos criar uma economia em que ninguém viverá na pobreza, nem  com um patrimônio bilionário inimaginável – uma economia na qual a desigualdade não mate mais.”

Segundo a economista Jayati Ghosh, professora da Universidade de Massachusetts em Amherst, nos Estados Unidos:

“Agora, parece que as desigualdades estão matando não apenas as pessoas com menos voz política, ela também está matando o planeta, isso torna a estratégia de privilegiar os lucros ao invés das pessoas, não apenas injusta, mas fenomenalmente obtusa.”. Conclui a pesquisadora Jayati:

Esta nota da Oxfam deixa claro que a desigualdade é mortal, e que as soluções estão ao nosso alcance. Ainda podemos chegar lá, com mais ideias coletivas e mobilização pública.”
 
Sua companheira de texto, a comunicadora e documentarista Abigail E. Disney afirma:

...Há dinheiro mais do que suficiente para resolver a maior parte dos problemas do mundo. Ele apenas está nas mãos de milionários e bilionários que não estão pagando sua parte justa. Podemos começar recuperando parte do crescimento absolutamente absurdo das fortunas bilionárias ao longo da pandemia. Não é complicado e não deve ser controverso. Praticamente todos do planeta se sacrificaram de alguma forma nos últimos dois anos, já é hora dos bilionários fazerem o mesmo, e rapidamente. Este Relatório demonstra que não há tempo a perder.”

Há os românticos imaginando que as denúncias, aqui contidas, serão suportes suficientes para motivar as mudanças necessárias que gerem a transformação desse cenário macabro.

Ledo engano!!! Afinal os líderes das potências mundiais conhecem muito bem os fatos narrados e em diversas oportunidades assumiram compromissos públicos de mudanças. Vejam-se os pífios e inexpressivos resultados da Eco92, da Rio+20, do Acordo de Paris e agora o encontro de Glasgow. Nada foi devidamente concretizado.

Há quem entenda que de nada adianta o trabalho de base para contribuir com a tomada de consciência, elaboração de leis e planejamentos preocupados com os interesses das maiorias, seja nas instituições ou em suas exterioridades. Tais setores não apresentam nenhuma contribuição para se obter avanços nas práticas da justiça social.

O que nos dá esperanças é o fato de que os setores subalternizados estão gradativamente tomando consciência de suas posições na luta de classes, se articulando em diversas partes do planeta. Ao se apropriarem de avanços que criam condições subjetivas e objetivas para as mudanças, usando seus próprios instrumentos de lutas e contando com apoio de restritos grupos envolvidos nas práticas das burocracias institucionais, conduzem o crescimento dos movimentos e das bases para suas lutas.

Diversos são os canais das mídias alternativas que ajudam nesses debates formuladores e impulsionadores das formações políticas. Sem dúvidas os setores das comunicações são fundamentais na tomada de consciência e na definição de novos parâmetros. Assim caminhamos e haveremos de vencer esta fase de sofrimento e imensas desigualdades. Mas, sem lutas não haverá desenvolvimento efetivo.

Só estará derrotado quem deixar de lutar!!!


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
 
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