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18/11/2021 às 08h00min - Atualizada em 18/11/2021 às 08h00min

Tomada de consciência(?) a COP26 em Glasgow

CLÁUDIO DI MAURO
A questão de agora é salvar a humanidade para continuar vivendo neste Planeta. Isso será possível em tempo curto ou longo? Haverá tempo e consciência para essas mudanças no uso e ocupação do solo?

    

É muito importante que o chamado “mercado”, formado pelas corporações, entenda que salvar o Planeta e a humanidade é questão de sobrevivência, inclusive para ele.

    

Os setores empresariais, vinculados aos interesses da acumulação de capital, articulado com figuras ocupantes das estruturas do poder estatal, ou seja, governos privatizados não conseguem compreender com a profundidade necessária, que os impactos de suas atuações geram um sistema de produção e que estimula o consumo desenfreado, para alguns setores que de alguma forma já podem consumir, ou seja, para um baixo percentual da população global que está contribuindo para a destruição das condições de vida, como a conhecemos na Terra.

    

De outra forma, podemos dizer e repetir que a crise ambiental, a crise hídrica, a crise energética, são em verdade crises do sistema econômico vigente que se destina à produção e estimula o consumo desenfreado.

    

Se os níveis de esgotamento, ou seja, se a capacidade de suporte dos componentes da natureza fosse respeitada, a situação do Planeta estaria completamente controlada. Vigora, no entanto, a necropolítica baseada na ideia de que se parte da humanidade for exterminada a vida dos poucos que sobrarem pode continuar a ser a mesma. Eles se recusam a soltar seus privilégios impostos.

    

Há chuvas e águas suficientes para a vida de todas as pessoas e dos demais componentes da natureza; há solos para serem plantados, gerando e produzindo alimentação saudável com segurança alimentar para todas as pessoas; há sol, vento, para produzir energia e atender as demandas de toda a humanidade.

    

Em Glasgow, na COP26, os representantes dos países presentes afirmaram o entendimento dessa realidade ao assinar o acordo ali preparado, como extensão e elucidação de alguns componentes do acordo de Paris. Ficou explícita a afirmação que as lideranças políticas mundiais sabem os limites do Planeta e que não há tempo para esperar. As ações deveriam ser imediatas.

    

A situação e os compromissos de agora são para salvar a presença da humanidade na Terra. Serão cumpridos? O que fez que o Acordo de Paris fosse negligenciado?

    

Os acordos de Paris e agora de Glasgow só serão possíveis de se realizar se houver ações colaborativas e integradas pelos agentes que se utilizam do Planeta e da exploração do trabalho humano, articulados na direção de outra maneira de produzir e consumir. Em outras palavras, com a efetiva mudança do controle social e econômico vigente.

    

Mudanças indispensáveis devem ser processadas imediatamente. Uma delas é a substituição no uso de combustíveis fósseis. Aí está um “lobbying” empresarial que não tem limites em seu caráter exploratório do Planeta e pretensões de concentração do poder.

 

Da mesma maneira o setor financeiro, outro que vive com transferência e assalto aos recursos que deveriam ser destinados para promover a justiça social e econômica. As armas estão postas pelos “senhores das guerras” para defender e fortalecer tais “lobbyings”.    

    

Fazem questão de explicitar “-SAIBAM QUEM MANDA NO MUNDO!”

    

Dá para acreditar que esses setores autoritários cumprirão os compromissos firmados em Paris e agora em Glasgow?  De Paris ficaram apenas os discursos e as promessas. Como ficará o mundo depois de Glasgow?

    

Enquanto esses setores fizerem parte dos acordos mundiais será muito difícil que as decisões embora tomadas coletivamente prosperem e sejam cumpridas. A iniciativa privada no Brasil e no estrangeiro, liderada por esses setores, está manietada para agir como precisa para atender os interesses referidos. 

    

Já não bastam belos discursos e promessas que jamais serão cumpridas.

    

Caberia aos setores médios da economia nacional e estrangeira compreender os limites de suas “boas intenções”. Mas nisso também a cada dia ficam explícitas as dificuldades existentes. No modelo vigente, o legítimo desejo de progresso econômico tendo como referência o consumo tem absoluta expressão na régua de até onde se pode chegar. Mas para ultrapassar tais limites há que se compor com os chamados “donos do poder”. Ainda, sabendo que esses limites acarretam o esgotamento e a destruição do Planeta e de suas condições de vida para a humanidade.

    

Glasgow, bem como seu antecedente acordo de Paris, nos mostraram que a promoção de toda destruição no Planeta e da humanidade se dá de maneira consciente em função dos interesses do capitalismo vigente em nosso país e em outras partes do Globo. Os setores populares médios, submetidos às propagandas do consumo ficam sujeitos às pretensões pequeno burguesas. Enquanto isso, os seres humanos dos setores empobrecidos, lutam com os caminhões que transportam “lixos” para conseguir algo que alimente suas vidas e de seus familiares.

    

Viver assim não é digno para uma humanidade que tem milênios de existência no Planeta. Será que a história da humanidade não nos ensinou nada sobre essa característica do sistema vigente? 

    

No caso brasileiro é preciso romper com o modelo de mando representado por Paulo Guedes, bolsonarismo e tudo o mais que está a serviço deste modelo de exploração. É preciso que os setores populares compreendam e assumam seus papéis históricos de impulsionadores na transformação dessas realidades. Se os movimentos populares não se rebelarem integrados com os setores da ciência e dos acadêmicos que possuem compromissos e engajamentos em favor das transformações sociais, ambientais e econômicas, enfrentando os “donos do poder mundial”, não haverá sucesso nas lutas para salvar a humanidade. 

    

A realização das COBs, já na 26ª versão,  coloca em exposição os imensos dramas mundiais existentes, mas elas por si não resolvem os conflitos. Servem sim para que se exija dos governos e das corporações os cumprimentos dos compromissos firmados. Importantes instrumentos de combate à disposição dos setores sociais que estão dispostos a assumir essas lutas com determinação.


*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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