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14/10/2021 às 08h00min - Atualizada em 14/10/2021 às 08h00min

Brasil: o que vem por aí?

CLÁUDIO DI MAURO
A cada dia que passa, com as atrocidades feitas pelo governo de Bolsonaro, o Presidente se desgasta e vai ficando isolado. Cada vez mais isolado!
 
Na semana que passou mereceu destaque com severas críticas o veto do Presidente da República ao Projeto de Lei que permitia disponibilizar absorventes femininos para a população de baixa renda, através do Sistema de Saúde. O Brasil ultrapassou a marca de mais de 600 mil óbitos por covid. A cada providência ou não providência do governo federal, a situação de Bolsonaro vai se deteriorando.
 
Bolsonaro, mesmo em queda possui significativa margem de apoio, certamente ficando em aproximadamente 15% do eleitorado brasileiro. Na análise do cientista Rudá Ricci há cerca de 7 a 8 % deles que são bolsonaristas raízes. Aqueles que aceitam o “milicianismo” como prática de dominação, com base na violência, agressividade e uso de armas de fogo como forma de imposição do mando. Há outros que também são agressivos, autoritários mas não estão dispostos a empunhar as armas.
 
O certo é que o bolsonarismo tem diversas matizes que são compostas por gente com a qual, em geral não existe argumentação e dialogo possível. Esse talvez seja o motivo pelo qual os setores da direita brasileira sentiram os desgastes de Bolsonaro e estão perdidos na tentativa de construir o que está pouco provável, uma terceira via para a disputa eleitoral pela Presidência da República em 2022.
 
O certo é que temos o bolsonarismo representando a extrema direita e a direita tida como mais “civilizada” ao ficar sem alternativa viável, busca em Lula a possível solução para a imensa crise pela qual o Brasil atravessa.
 
A denúncia de que o Paulo Guedes e o Presidente do Banco Central possuem contas  em off shore, paraíso fiscal. Um absurdo que demonstra o real: eles mesmos não acreditam na política econômica que fazem no Brasil. Levam suas fortunas para o paraíso fiscal, tendo em vista que a política econômica que adotam no Brasil resultará em maior enriquecimento deles nesses lugares. Puro assalto contra o povo brasileiro.
 
Com esse formato na disputa, Lula tende a se deslocar para posições mais de centro. Como fez em seus governos anteriores terá um governo de caráter desenvolvimentista, na perspectiva liberal. Lula não é comunista, também não é socialista e tende a fazer no máximo, quando muito um governo socialdemocrata, ou seja, de direita. As forças que deixaram de apoiar Lula e votaram em Bolsonaro, tendem a voltar na mesma proporção que saíram dessa alternativa.
 
Qual pode ser o critério para as forças progressistas, das esquerdas? Não é possível guardar a ilusão de que nas condições atuais e com os atuais níveis de mobilização haja possibilidades de que Lula faça governo socialista.
 
Com sindicatos desarticulados, predomínio de movimentos populares desestruturados; com a fragmentação na luta social envolvendo os grupos identitários específicos de pretos, mulheres, LGBTQ+, estudantes universitários, ambientalistas e outros torna-se indispensável o estabelecimento do diálogo entre tais expressões sociais. As lutas sociais tendem a enfrentar períodos de muitas dificuldades e por isso devem se apresentar desde cedo, dizendo o que demandam.
 
Setores melhor organizados como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra –MST (luta no campo); Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST (luta urbana); Povo Sem Medo, precisarão assumir posições de liderança, buscando construir a unidade dos movimentos identitários e o que persiste dos movimentos populares. A cultura pode se constituir em instrumento importante para que esse diálogo seja estabelecido e se construa a unidade com sua transversalidade. Torna-se indispensável que as temáticas sejam abordadas com a nítida busca de reconhecimento e fortalecimento na luta de classes.
 
É definitivamente necessária a preparação de uma Pauta que constitua base das lutas e aspirações, com palavras de ordem que sejam defendidas por todas as pessoas e setores engajados e que serão atraídas. Não pode ser muito diversificada, mas deve contemplar os componentes necessários para amalgamar lutas e esforços que atualmente estão fragmentados. Essa pauta, deve ser levada ao candidato Lula da Silva, em uma corrente organizada pelas lideranças dessa articulação, como base que componha o Plano de Governo. Ou seja, os movimentos referidos devem mostrar presença articulada e pressionar, desde a campanha para que suas demandas sejam contempladas e os compromissos assumidos.
 
Alguns dos componentes que são indispensáveis nessa composição de demandas, neste entendimento são:
1 – Composição de governo com forças progressistas que priorizem a distribuição da riqueza produzida e ambiental, garantindo sociedades com meio ambiente sustentável e espaços de participação para mulheres, negros, ambientalistas e LGBTQ+;
2- Reforma agrária no campo e nas cidades para garantir o pleno cumprimento da função social das propriedades. Política de Segurança Alimentar e Moradia para todas as pessoas e famílias;
3- Política de desenvolvimento que contemple trabalho e renda acelerando e investindo em Economia Solidária;
4- Valorização dos serviços públicos, a exemplo do SUS, Correios, Energia e Saneamento Básico.
 
Lula, nas condições atuais será o próximo Presidente da República, deve assumir tais compromissos e outros para que se tenha esperanças de paz social e um futuro digno para o Brasil.
             

*Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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