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16/09/2021 às 08h00min - Atualizada em 16/09/2021 às 08h00min

Os pobres brasileiros nos orçamentos públicos

CLÁUDIO DI MAURO
Tenho postura firme na análise das manifestações do FORA BOLSONARO/MOURÃO e seus aficionados!!!
Mas não é apenas por questão político partidária. A análise transcende em muito essa postura.

Bolsonaro retirou os setores empobrecidos do orçamento da União. Os empobrecidos que vivem como invisíveis sociais e econômicos não são atendidos pelo atual governo federal. Os programas de habitação, a saúde, a educação, o esforço para proteger o salário mínimo não foram escolhas desse governo. Ao contrário, tem havido transferência orçamentária de destinações para os setores referidos, mas nunca se deixou de transferir para os banqueiros, protegidos e dos quais se origina Paulo Guedes.

A economia do Brasil está dirigida para beneficiar os setores já completamente enriquecidos.

Torna-se indispensável recuperar os investimentos em habitação, na alimentação segura, na saúde pública, nos projetos de apoio social para as populações alijadas do bem estar.
Enquanto isso, os bancos e os agronegócios praticados na perspectiva capitalista continuam a fechar todos os anos com enormes ganhos e recebimentos.

Certamente a medida que modificou a Constituição de 1988, estabelecendo os limites (tetos) de gastos, fixado por 20 anos, tem grande responsabilidade na realidade que estamos vivendo. Não é possível imaginar que as mesmas despesas feitas com saúde no ano passado sejam mantidas por 5 anos. Só quem não vai à farmácia comprar medicamentos pode imaginar que seja dessa forma. Ainda mais o setor de saúde onde as tecnologias evoluem rapidamente e exigem mais investimentos, torna-se indispensável o incremento orçamentário.

E a alimentação? As pessoas que frequentam os supermercados sabem que a cada dia os carrinhos ficam mais vazios, na medida em que os aumentos dos produtos sobem de maneira estratosférica. Como suportar essa realidade?

E a situação da energia elétrica, com aumentos incomensuráveis? Despudoradamente, restringe-se a quantidade de água nos sistemas de recursos hídricos e aumentam os preços a serem pagos pelo consumo da energia elétrica, atribuindo-lhe a vergonhosa bandeira vermelha.

E o gás de cozinha? Os aumentos efetuados dificultam as populações empobrecidas a utilizar esse indispensável uso para o conforto diário. Claro que ainda resta verificar os preços dos combustíveis, em crescimentos exorbitantes.

Enfim, para onde estão conduzindo a situação econômica e financeira das populações mais empobrecidas? O certo é que as condições de vida estão ficando mais difíceis para nossa população, a cada dia que passa. A classe média não tem nada a reclamar?

Cabe aos governantes se preocupar com as consequências da carestia, voltada para uma população que esteve acostumada a ter níveis de consumo e bem estar social que ficam mais difíceis de se realizar. Não há como descartar o fato de que estamos caminhando para dias mais violentos.

Até o presente momento os explorados e oprimidos mantiveram-se em silenciosa invisibilidade. Mas, o sofrimento humano está chegando a níveis insuportáveis, no limite. As reações poderão ser surpreendentes, com assaltos mais constantes, com saques que tendem a se realizar e poderão ficar em situação incontrolável.

Os grupos de vizinhos que se articulam para proteção conjunta, filmando ações, mostram que os roubos e invasões de casas estão ficando muito violentos e despudorados. Há invasões de domicílios, mesmo em residências que possuem cercas elétricas e outros artefatos de segurança.

O certo é que estamos caminhando para situações insustentáveis. A dor humana e o sofrimento de familiares, pela falta de alimentos e bens de primeira necessidade, poderá arremeter pessoas para situações que ultrapassam os limites do equilíbrio. A quem caberá responsabilizar pelo aumento das barbaridades?

O fato é que os exemplos oferecidos por governantes que não possuem o menor pudor para saquear o erário público, fatos que são oferecidos nos noticiários diários, estimulam comportamentos dos demais setores humanos.

A cada dia, as desigualdades sociais estimulam reações que poderão nos conduzir à catástrofe. Rumo à barbárie. Barbárie nas práticas dos engravatados que se alojam no poder e dele usufruem; barbárie produzida por setores que se enriquecem mais, com o empobrecimento da maioria; enfim, o caminho que está sendo oferecido é de revolta e de escolha:
  1. Modificam-se as realidades do modelo e do sistema social e econômico?
  2.  Continuaremos a nos firmar nas barbáries que estão estabelecidas?
 
A única escolha possível para que tenhamos o estabelecimento de um processo que seja de fato civilizatório é a inclusão dos setores sociais, da população em geral no Orçamento da União, dos Estados e dos Municípios. Não há outro caminho possível.

Para isso é indispensável que os setores economicamente privilegiados se acostumem com a ideia que precisarão pagar uma parte significativa das contas desse processo que garantirá a justiça social e econômica.
               
 Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.
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