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05/08/2021 às 08h00min - Atualizada em 05/08/2021 às 08h00min

A situação de Bolsonaro só se complica

CLÁUDIO DI MAURO
As pesquisas realizadas pelos órgãos de pesquisa, considerados sérios, indicam que a situação de Bolsonaro se complica mais, a cada dia.

A pesquisa realizada pelo Instituto Atlas e publicada pelo jornal Correio Braziliense mostra que a maioria dos brasileiros considera que o governo de Jair Messias Bolsonaro tem envolvimento com corrupção e apoia seu impeachment. De acordo com esse levantamento, para 54,3% dos brasileiros o governo federal tem corrupção nas compras das vacinas para imunizar a população contra o Covid19. Apenas 35,4% acredita que o Presidente da República é inocente. Veja-se que o desgaste de Bolsonaro é evidente. Ainda assim, ele mostra alguma força em seus apoios.

Nessa mesma esteira, 55,4% da população apoia seu impeachment enquanto 40% é contra.

No relacionamento com os governadores dos Estados, o Presidente Bolsonaro foi para o destempero e para as agressões. Com isso se isolou e Estados Unidos e França, por exemplo, abriram canais de diálogos diretos com os governadores. Ou seja, até os Estados Unidos isola Bolsonaro que optou por não liderar o combate à pandemia e aos processos de vacinação, perdeu protagonismo e caiu em uma situação inusitada, ridícula para o principal mandatário do Brasil.

Nos debates (?) travados sobre as eleições de 2022, Bolsonaro “deu tiro no pé” ao defender votos impressos, substituindo a urna eletrônica. Mais uma vez escolheu a opção desqualificada de acusar os processos eleitorais por fraudes, com o emprego das urnas eletrônicas. Ou seja, acusa o processo pelo qual foi eleito Presidente da República e seus filhos, um Senador e outro Deputado Estadual. Pretendia o emprego de urnas com votos impressos e depois contagem dos votos, urna por urna. Com essa postura, acusando sem apresentar provas, entrou em conflito contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não obtendo sucesso em suas pretensões. Mobilizou seus apoiadores para irem às ruas e teve apoio, possivelmente entre aqueles que somam os 30% que ainda acreditam em seu governo e em sua honestidade de princípios. Esses também devem ser os participantes em suas “Motociatas”, realizadas para manter mobilizada sua base eleitoral. Tais manifestações promovidas pelos governistas buscam a animação de suas bases eleitorais e servem para divulgação, por meios de redes sociais e “fake news”. As aglomerações promovidas, sem respeitar a legislação e antecipando o processo eleitoral, se colocam como fraude.

Em verdade, o Presidente Jair Messias Bolsonaro tem escolhido os caminhos de confrontos com todos os setores das instituições querendo aparecer como rebelde, anti-institucional. Com isso, se atende alguns dos seus seguidores, contudo, abre enormes brechas para seu descrédito.

Sobre sua cabeça ainda estão diversas suspeitas de envolvimento familiar no assassinato da vereadora e líder popular Marielle Franco e seu assessor Anderson, bem como seu envolvimento e de seus familiares, nos casos das “rachadinhas” envolvendo o gabinete de seu mandato como Deputado Federal e também os seus filhos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e na Assembleia Legislativa do Estado. Assim, as pessoas se referem à família de Bolsonaro como “familícia”, ou seja, família envolvida com as milícias..

Enfim para um governante que foi eleito com o discurso de que combateria a corrupção, tais acusações o alcançam no âmago, verdadeiros “socos no fígado”.

No caso do combate à pandemia causada pelo covid19, Bolsonaro preferiu apoiar o “kit prevenção” composto por diversos medicamentos que não têm eficácia no caso dessa doença. Ao invés de investir na busca de vacinas, preferiu entrar no embate contra o governador do Estado de São Paulo, João Dória que ficou como o “dono da vacina” ao colocar todo seu empenho no Instituto Butantã, na produção da Coronavac e desenvolvimento de outras pesquisas correlatas. Neste caso, Bolsonaro optou pelo confronto e saiu perdendo, mais uma vez.

Enquanto se desdobram todos esses acontecimentos, o governo federal enfrenta a CPI do Senado que aborda a crise na saúde ocasionada com a pandemia e todas as suas consequências. Nesta semana, a CPI retoma suas atividades com toda força. Há quem diga que o assunto não é buscar e confirmar o genocídio, mas os esclarecimentos de “crime lesa humanidade”. Será necessário verificar se os fatos a serem apurados colocarão mais elementos que estimulem as reações e mobilizações contra o governo federal. Daí os desdobramentos têm importância na programação da CPI.

Foi negativa a atitude de Bolsonaro tentando envolver as Forças Armadas, especialmente o Exército, o chamando de “meu Exército”. Tais tentativas de envolvimento geraram alguma reação por parte de militares sérios que exigem o cumprimento dos compromissos constitucionais. Daí, aplicar um auto-golpe por Bolsonaro fica extremamente difícil para ter sucesso.

Ainda assim, há perseguição contra Paulo Galo, o trabalhador que foi preso pelo incêndio contra a estátua de Borba Gato. A Justiça de São Paulo se nega a conceder a liberdade para o ativista que mostrou indignação pelas homenagens prestadas à elite colonial que tinha seus capatazes, representados por bandeirantes. 

Por todos esses motivos a situação de Bolsonaro o coloca nas “cordas do ringue”, como se fosse uma luta em tablados. Mas ainda não suficiente para derrubar seu governo. Somente a mobilização das ruas, das bases será capaz de manter a correlação de forças, neste momento francamente favorável para as esquerdas.

O Governo e seu governante mor está colocado nu. E envergonha as pessoas dignas que vivem nesta Pátria Amada Brasil.


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