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08/07/2021 às 09h00min - Atualizada em 08/07/2021 às 09h00min

Alguns efeitos das mudanças climáticas

CLÁUDIO DI MAURO
 
No meio Acadêmico há muitas discussões sobre a ocorrência de Mudanças Climáticas. Há quem defenda que o que está acontecendo é uma variação climática que ocorre de tempos em tempos. As Mudanças Climáticas implicam em variações mais duradouras.

O Planeta Terra já foi submetido a diversas Mudanças Climáticas que são identificadas pelas rochas, especialmente pelos sedimentos, bem como pela história com efeitos sobre a biota. Animais e vegetais sofreram enormes mutações em função da ocorrência de Mudanças Climáticas.

Os níveis dos oceanos também registraram fatos geográficos que demonstram tais variações. As existências de terraços marinhos mostram tais variações nos níveis dos mares, por exemplo, na costa brasileira. Tais relações entre o clima, a geologia e o relevo litorâneo têm sido sobejamente estudadas e decifradas pelas pesquisas científicas. O mesmo pode ser conhecido na variação dos terraços fluviais.

O estudo da vegetação equatorial, ou seja, da Floresta Amazônica, demonstra que aqueles territórios foram ocupados por Savanas e que a vegetação arbórea atual tem aproximadamente 15 mil anos, desde o presente. Antes, o clima possuía menores umidades do que atualmente, isso lhe configurava a cobertura vegetal das savanas.

Na atualidade há relitos da vegetação que predominava anteriormente, como exemplos são registradas as Caatingas do Rio Negro, os Campos de Humaitá e Puciari, entre outros.

Estamos passando por uma nova fase na história do Planeta. Neste caso, verifica-se uma imensa aceleração dos impactos negativos ao meio ambiente, com consequências ainda não completamente compreendidas.

Mas o efeito estufa está nitidamente relacionado com o modo de produção socioeconômica. As emissões de gazes em patamares elevadíssimos mostram efeitos que desestruturam as relações entre os componentes da natureza. Poluição e queimadas são grandes emissores de gazes aceleradores do efeito estufa.

Mas tem crescido o conhecimento sobre a circulação das umidades e chuvas. Estudos mostram a importância da Floresta Amazônica para a distribuição das chuvas no Sudeste brasileiro. A vegetação Amazônica tem a evapotranspiração muito elevada, diante da umidade e chuvas características da região.

A evapotranspiração eleva a umidade atmosférica formando o que muitos pesquisadores da climatologia denominam de “rios voadores”.  Esses fatos climatológicos com os ventos são conduzidos até a Cordilheira dos Andes e impactam com as frentes das montanhas mais elevadas. Esse impacto redireciona os ventos que são devolvidos para o território brasileiro.

Tais ventos úmidos circulam pelo Sudeste brasileiro, promovendo chuvas. São especialmente essas chuvas, descarregadas pelas nuvens que circulam como “rios voadores”, que alimentam nossas águas superficiais, os poros dos solos e rochas, garantindo armazenamento de águas para os períodos de estiagem. Isso significa e mostra a importância da Amazônia para a regularização das chuvas no Sudeste brasileiro. Há uma conexão direta entre a Amazônia e as políticas do “desenvolvimento” brasileiro. Não restam dúvidas sobre a importância dessas águas para que haja as atuais políticas de “desenvolvimento”, entendidas como de crescimento econômico, pois são de elevada concentração da riqueza produzida.

Diante do referido quadro ambiental, há dúvidas sobre o comportamento do mercado, pelos monopólios que colocam em contradição o agronegócio e a indústria do Sudeste contra os interesses dos madeireiros e criadores de gado que desmatam a Amazônia. Mesmo ao se conhecer tais discordâncias de interesses, os setores que podem entrar em litígio se mantêm calados. É como se nada estivesse acontecendo.

A crise hídrica por escassez de água, que neste ano assola de maneira vertical o Sudeste e o Sul do Brasil, afetando diretamente a Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, tem estreita relação com as condições de precipitação pluvial e com gestão inadequada dos territórios em relação aos recursos hídricos.

Há quem diga que falta planejamento para o caso brasileiro. Insisto em dizer que não há falta de planejamento, mas que há planejamento e ele é preparado para acontecerem essas crises vivenciadas. O capitalista, no capitalismo, se alimenta nas crises. Veja-se o que tem acontecido em período de pandemia pelo covid-19, quando os setores ricos estão continuadamente se enriquecendo mais.

Os mercados com seus oligopólios possuem profissionais muito bem preparados para agir de maneira preventiva evitando catástrofes. Mas não tem sido esse o interesse. Esgotam-se as condições ambientais para retirar e extrair toda riqueza possível, concentrando seus resultados nas mãos dos poucos enriquecidos. O pensamento vigorante é que o preço das mercadorias, as condições de vida dos subalternizados que se explodam. Essa é a prática que prevalece para atender os interesses dos setores da burguesia estrangeira com vínculos dos lacaios brasileiros.

No próximo ano teremos eleições para presidente da República, senadores, deputados federais, governadores dos Estados e deputados estaduais. Quem apresentará abordagem que trate das mudanças climáticas e seus efeitos para a vida nos territórios? Quem apresentará um projeto que reduza drasticamente o emprego de agrotóxicos na produção rural e dos alimentos?  Essas são algumas das questões mais importantes de todas as que estão em disputa.

O Brasil precisa garantir futuro, vida saudável e digna para sua população.



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