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13/05/2021 às 08h35min - Atualizada em 13/05/2021 às 08h35min

CPI do genocídio e cloroquina

CLÁUDIO DI MAURO
O que justificaria que na CPI da Pandemia ou na CPI do coronavírus instalada e em desenvolvimento no Senado da República a temática principal, durante as primeiras audiências se concentrassem nas abordagens e questões sobre a cloroquina?

Logo no início da infestação pelo Covid19 no continente americano, tanto Trump nos Estados Unidos quanto Bolsonaro, seu fiel seguidor, optaram pela propaganda destinada a convencer as pessoas se prevenirem com um coquetel de medicamentos, incluindo a cloroquina.

Houve argumentos, justos de que a criação de Vacinas contra a covid19 estava obedecendo um ritmo frenético e que por isso poderíamos ter problemas científicos na sua confiabilidade quanto a eficiência e eficácia. Isso, comparativamente com os tempos demorados para produção de outras vacinas.

O mesmo argumento de ineficiência e ineficácia poderia ser atribuído ao tal “Kit Preventivo” incluindo a cloroquina, certo? Mas, preferiram os governantes optar pela cloroquina, mesmo sem a comprovação científica de sua adequação de uso contra o covid19.

Trata-se de medicamento adequado para combater determinadas doenças, mas não tendo qualquer relação com a prevenção contra o Covid19.

Está visto que o mesmo argumento contra as vacinas foi ignorado quanto à cloroquina.

É óbvio que a prescrição inadequada de medicamentos tende a gerar efeitos colaterais. Mas, sem qualquer respaldo científico, Trump e Bolsonaro fizeram enormes gastos de dinheiro público para produção do medicamente inadequado para combater erradamente a pandemia. Já começaram a aparecer os óbitos com causa definida como uso inadequado desse medicamento que funciona como envenenamento.

Assim é que repito, os mesmos argumentos usados contra as vacinas não foram aplicados para a cloroquina. Bolsonaro e seus apoiadores trataram de produzir bilhões de comprimidos da droga e fizeram campanha para convencer as pessoas a utilizar como tratamento precoce.  No caso brasileiro, as Forças Armadas se prestaram a oferecer locais próprios para produção da cloroquina.

Não houve apenas a produção do medicamento, que no caso pode funcionar como envenenamento, foram preparadas campanhas de divulgação para uso da cloroquina. Cenas nas mídias mostraram Bolsonaro com a caixa de cloroquina nas mãos. Até mesmo oferecendo e sendo perseguido pela Ema que é criada no Palácio da Alvorada em Brasília.

Essa postura assumiu política de governo. Os Ministros da Saúde, que já se está no quarto, 4° em dois anos, foram demitidos ou se demitiram por não aceitação da divulgação e defesa do uso do tal “Kit preventivo”. Bolsonaro só conseguiu convencer o General Pazuello a servir de seu aliado. 

Ficou evidente que a divulgação indevida da cloroquina, sua aplicação indevida com dinheiro público para produzir cloroquina, enfim, o comportamento do Presidente da República e seus Ministros, contribuiu em muito para que a doença fosse disseminada, a ponto de gerar um número explosivo de contaminados e de óbitos, causados pela doença. O que os setores progressistas alertavam é que o Sistema de Saúde no Brasil poderia entrar em colapso. E, em diversos dos lugares do Brasil, a exemplo de Manaus, foram muitas as mortes ocasionadas por doentes que não receberam a atenção necessária. Por absoluta falta de estrutura física e de pessoal, além dos esgotamentos dos insumos para atendimento. Muitas pessoas morreram por asfixia e falta de condições para “intubação”, oxigênio e medicamentos que permitissem tais procedimentos.

Ficou evidente que a opção pela produção e oferta de cloroquina fez parte de um projeto de governo, alimentado fortemente pelo Presidente da República. Com frequência o Bolsonaro se mostrou como um ideólogo para a “contaminação de manada”. Ou seja, a contaminação no maior número de pessoas com covid19 para que se obtivesse um efeito de defesa natural, com anticorpos. Uma imbecilidade sem precedentes.

Não é possível que as autoridades governamentais trabalhassem para que a doença atingisse um maior número de pessoas, sem que o Brasil contasse com infraestrutura garantidora de atendimento para os doentes.

Não é possível que o Presidente da República e sua equipe não conhecessem os limites brasileiros dos serviços de saúde. Por isso é que se entende que Bolsonaro e sua equipe são responsáveis pelas quantidades incontroladas de sofrimentos e óbitos. Uma equipe de governo que trabalhou para promover doença e morte. Osmar Terra foi um político aliado dessa carnificina contra o povo brasileiro.

Com esse desenho fica expressa a importância que foi dada pelo governo federal, convencendo muitos governadores e prefeitos incautos e suas equipes a defenderem o uso da cloroquina como preventivo para não contrair o covid19.

Muitas são as pessoas que até hoje ainda defendem o uso da cloroquina para prevenir covid19. Seguidores do Bolsonaro seguem suas recomendações.

Há quem diga que tomou cloroquina como prevenção e não contraiu Covid 19. Há quem diga que tomou cloroquina e teve apenas covid19 no formato mais leve, sem hospitalização. Mas, há muitas pessoas que não tomaram cloroquina e também não contraíram a doença e outras que tiveram a forma mais leve sem hospitalização e sem óbito. E, em UTIs do Brasil há e houve muitas pessoas que tomaram cloroquina, foram hospitalizadas, foram a óbito e tiveram efeitos colaterais do uso indevido do medicamento. Há atestados de pessoal da saúde que informam o óbito ocasionado por efeitos colaterais no uso indevido da cloroquina e da ivermectina.

Tudo isso justifica que nos primeiros momentos da CPI do Genocídio, no Senado Federal o assunto dos medicamentos indevidos e recomendados pelo Presidente da República e suas equipes mereçam o tratamento preferencial. Outros temas entrarão nos debates e esperamos que todos (as) responsáveis pela expansão da doença e do número estonteante de óbitos sejam apurados e devidamente punidos.

O Brasil não pode ficar em mãos de gente tão inescrupulosa.

Queremos o Brasil de volta às mãos de nossa população!!!



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