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07/06/2017 às 04h53min - Atualizada em 07/06/2017 às 04h53min

Apertem os cintos, o piloto sumiu

No comando desse Brasil não temos ninguém...

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA | COLUNISTA

Ainda não sabemos se foi um atentado, se terroristas estão no comando, se os passageiros estão em choque, e se vai resultar em final feliz ou não. Não sabemos de nada. E o tempo todo estamos respirando esse ar de dúvida, quando nem sabemos se podemos planejar o minuto seguinte ou se podemos confiar em alguém de verdade.

Nesse voo longo, estressante, cansativo e sem rumo, nos mostramos a cada dia passageiros apáticos, desinteressados, e no morre não morre do caminho só resta o confortante paralisar de não fazer nada e rezar para que o balançar das asas termine logo.

Pensando estrategicamente, e falando de Brasil, não lhe parece estranho essa coisa do piloto ir ao banheiro e não voltar mais pra cabine? Voo lotado, passageiros e clientes inquietos, medo de uma crise de imagem e todo esse conjunto é de amedrontar qualquer um não é mesmo?

No dia de ontem, sete ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deram continuidade ao julgamento que pode resultar na cassação do mandato de Temer, um desfecho nada bom para ele.

A equipe de advogados de Temer também está prestes a enfrentar um forte temporal com a notícia da Polícia Federal, que enviou 84 perguntas referentes à conversa de Temer com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. As perguntas fazem parte do inquérito aberto para investigar o presidente, em razão do que os delatores informaram ao Ministério Público Federal. Para o Ministério, Temer largou o volante do avião, para seus advogados, Michel é o herói do Rio Hudson.

De acordo com o ministro Luiz Edson Fachin, o presidente não é obrigado a responder aos questionamentos, porém, dentro da sua liberdade velada, tem apenas 24h para prestar os esclarecimentos. Dentre os crimes que o presidente e figura maior do nosso país passou a ser investigado, estão: corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Um exemplo clássico do porque estamos aqui rezando aos deuses que nos livre dessa bomba no ar.

Como uma estratégia clássica dos fabricantes, que negam suas responsabilidades quando o seu Airbus dá defeito, desde que o público tomou conhecimento sobre as delações da JBS, Temer tem feito contínuos pronunciamentos à imprensa, divulgando notas e concedendo entrevistas para rebater as acusações.

Para fortalecer ainda mais a sua defesa, sua vontade de ressarcir os passageiros, e de negar mais uma vez que o produto estragado não veio do seu lote, Temer instalou um gabinete de crise, no 3.º andar do Palácio do Planalto, e também ampliou o núcleo que o assessora tanto na estratégia jurídica como na política.

Na tentativa de dar a César o que é de Cesar, a perspectiva no Planalto era de ser favorável à tese do presidente, aquela de que é preciso separar as condutas dele e de Dilma. Diante disso, houve uma guinada na estratégia de protelar ao máximo o processo de julgamento. Auxiliares do presidente diziam ontem que ninguém no Planalto tinha segurança sobre o voto de dois ministros recém-nomeados por Temer. Tanto Admar Gonzaga como Tarcísio Vieira deram sinais desencontrados.

E assim como na cena do antigo e  hilário filme, “Socorro o piloto sumiu”, todos que pilotam o avião de Brasília (e seu país de terra gentil) parecem ter comido do peixe estragado, e assim, se esconderam todos no banheiro, com a justificativa de não estarem em seu 100% , largaram o voo, abandonaram o barco, e ainda sobramos aqui paralisados, enquanto eles brincam na tentativa do salve-se quem puder.

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