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23/05/2017 às 17h30min - Atualizada em 23/05/2017 às 17h30min

Deitado eternamente em berço esplendido... até quando?

O nosso hino nacional prevendo como a música toca por aqui

ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA* | COLUNISTA

Nasceu como um poema. Belo, bem pensado, rimando e com todas as coisas bonitas que só um poema tem. Como o hino que nossa nação canta até hoje, veio também a mentalidade e cultura de um país lindo e maravilhoso, composto por guerreiros afortunados. Esses somos nós, os brasileiros.

Pensando estrategicamente, nosso nascimento diz muito sobre nós. Viemos ao mundo de um jeito meio estranho. Chegamos já nús, despidos de malícia, sem conhecimento de maldade, e por isso, trocando Índias por canela, vidas por espelhos. Parece uma bobagem falar do passado distante, mas incrivelmente, ele parece dizer muito de nós.

Uma colônia de exploração, fomos e ainda somos. Um bando de gente sendo explorado o tempo todo, desde do mercadinho da esquina até as roubalheiras em Brasília. Ainda estamos dando todo o nosso ouro em troca de espelhos inúteis. Quase nada mudou.

Vamos analisar a música que nos rege, e como ela nos parece tão atual?

De um povo heroico o brado retumbante... Somos heróicos. Acordamos todos os dias acreditando que tudo vai melhorar. Ser resiliente e ser brasileiro é quase a mesma coisa, pense só... O nosso brado (grito) nunca esteve tão alto, tão retumbante.

Se o penhor dessa igualdade... Ainda estamos verdadeiramente empenhados em termos as mesmas condições que os outros, mas quando vemos as mortes nas filas de hospitais públicos, sabemos ali que essa igualdade nunca existiu... E será que vai existir?

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido... A gente sonha o tempo todo com um Brasil melhor. Quantas gerações se renovaram alimentadas deste sonho? Não lhe parece que toda essa vitalidade está fraca, esquálida, quase chegando na UTI?

De amor e de esperança à terra desce... Amamos esse país, que é sujo, corrupto, mas tem a melhor comida e melhor futebol do mundo. E assim, agarrando nesses pequenos detalhes, mantemos a esperança nos governantes que nos representam. Sempre existe a boa vontade em entregar a confiança naqueles que eleitos, nos prometem ser verdadeiramente honestos trabalhando em prol da sociedade justa e solidária. Já dizia a bíblia, o amor tudo supera, tudo cura.          

Gigante pela própria natureza... Somos gigantes. E o gigante acordou. Chega de ser eternamente espoliado, passados para trás pelos espertalhões, que se aconchegam da generosidade que só o brasileiro tem, tornando assim, a nossa maior qualidade, em nosso pior defeito.           

Deitado eternamente em berço esplêndido... Você vê algum berço esplendido para nós? Para mim, nem quando surgimos, nem agora. Mas é fato que precisamos nos levantar e tomar nosso destino pelas mãos. Menos corpo mole e sonolento, mais olhos atentos e acordados.

Mas, se ergues da justiça a clava forte... Nossa justiça nunca utilizou da clava forte. Sejamos sinceros. Penas brandas, julgamentos furados, bandidos soltos, perigos renovados a todo tempo. Não sei, a clava forte ficou em falta por aqui, e talvez por isso estamos hoje assim, precisando dela, mais forte ainda.

Verás que um filho teu não foge à luta... Está aí uma coisa que nosso poema se espelha na verdade: na nossa luta diária. E nossa luta é ir buscar água no balde há 5km quando não temos saneamento básico, nossa luta é vender a água no sinal, nossa luta é investir em confeitaria quando aquele emprego fixo já não existe mais... Nossa luta é todo dia, e é tão coisa de brasileiro. Não fomos nós que inventamos, mas me parece tão nosso, não é mesmo?

Entre dificuldades e feridas, estamos realmente numa terra adorada. Entre outras mil, somos de uma pátria muito amada, e dos filhos deste solo, se pensarmos bem, que país gentil... Nossa Pátria amada, Brasil.

 

(*) Analista de negócios – Professor universitário

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