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25/06/2020 às 10h11min - Atualizada em 25/06/2020 às 10h11min

Queiróz, Wassef e coronavírus na pandemia

CLÁUDIO DI MAURO*
Descobriram o paradeiro do Queiróz! Agora as pessoas sabem onde ele está. Durante cerca de um ano a pergunta que circulava era: onde está o Queiróz?

Por iniciativa de filha do Olavo de Carvalho, ele foi localizado em Atibaia, na casa pertencente ao advogado que defende judicialmente Flávio Bolsonaro e toda sua família em diversos casos. Após essa espetacular prisão e depois de muitas declarações contraditórias, Wassef retirou-se das defesas, argumentando que estava sendo usado para prejudicar o governo Bolsonaro.
Como Queiróz foi parar na casa pertencente a Wassef, segundo informações, por cerca de 1 ano? Quem pagava suas contas e despesas? São informações que certamente serão apuradas.

A entrada de Wassef nesse gabarito de informações, ajuda a esclarecer alguns fatos, mas complica em muito a situação da família Bolsonaro. Afinal, além de cuidar dos interesses de Queiróz, são encontradas pontas de um novelo que conduz até o miliciano Adriano, morto na Bahia. E há quem suspeite que as investigações poderão conduzir a esclarecer mais uma questão que toma conta de mobilizações populares: quem mandou matar a vereadora e ativista Marielle Franco.

Toda essa mudança nos cenários de informações agudiza a crise política na qual está o governo brasileiro, que tem o capitão Jair Messias Bolsonaro como principal figurante.

Simultaneamente com essa crise política, cresce a crise sanitária do país. A pandemia contaminou cerca de 1 milhão de pessoas e levou ao óbito mais de 50 mil seres humanos. Um componente importante que merece atenção diz respeito ao fato de que os municípios do interior estão sendo fortemente afetados. Crescem nesses territórios os números das contaminações e óbitos. Juntamente com esse quadro impactante, se expande a doença entre as populações mais reclusas, a exemplos de Nações Indígenas.

Mais uma vez, detecta-se que a crise sanitária vem envolvida na extraordinária crise social que assola o Brasil. Neste país, nunca se pode falar em crises que estejam desvinculadas da situação social na qual estão confinadas as populações mais vulneráveis.

Há componentes que são maltratados pelos administradores da crise sanitária, entre os quais os níveis impostos para testagem permitindo a triagem que separe quem está contaminado e quem não contraiu a doença. A testagem permitiria se saber quantas são de fato as pessoas que contraíram a doença, quantas foram para tratamentos mais sofisticados em leitos hospitalares e leitos de UTI, quantas pessoas foram a óbito e quantas contaminadas, se curaram sem maiores problemas. Esse seria o melhor critério para se conhecer efetivamente a letalidade da doença.

Alguns exemplos mostram que essa situação que relaciona o número de contaminados com coronavírus e óbitos é muito diferente de um local para outro. As comparações entre Uberlândia com 690 mil habitantes e Rio Claro (SP) com 210 mil habitantes nos mostram situações muito complexas entre si. Os dados trabalhados são fornecidos oficialmente pelos Serviços de Saúde locais.
Em Rio Claro, dia 22 de junho, havia 593 pessoas positivadas para coronavírus para 933 descartadas e 25 óbitos confirmados. Isso representa que foram à óbito 4,2% dos contaminados. Trata-se de um percentual muito elevado.

Certamente se as testagens fossem mais quantificadas, o percentual para essa relação entre contaminados e óbitos seria menor. Mas, a escolha de realizar menos testagens, durante algum tempo foi entendida como algo positivo para o poder público que registrava poucos doentes. Visão equivocada que deu o caráter de maior letalidade da doença e fraqueza no trabalho recuperativo da saúde pública local.

Em Uberlândia, na data de 22 de junho, estavam registrados 81 óbitos para 5540 casos confirmados, ou seja com testagem positiva para coronavírus. Corresponde ao percentual de letalidade de 1,46% entre as pessoas que testaram positivo. Com base nessas informações, significa que a letalidade é mais baixa e que o Serviço de Saúde consegue salvar mais vidas do que em Rio Claro ou também em Uberaba onde a letalidade também ultrapassa os 4%.

Alguém poderia indagar, o que tem a ver Queiróz, Wassef, Bolsonaro, com contaminações por coronavírus e sua letalidade? Ocorre que a preocupação do Presidente da República com a crise política e familiar, o afastou das responsabilidades de liderar o combate à pandemia. Faltam procedimentos metodológicos, critérios bem estabelecidos para que houvesse um controle compatível com a gravidades das crises sanitária e social que assolam o Brasil.

Por fim, cabe a responsabilidade aos governos em relação à situação existente pelo fato de não terem sido adotados os fechamentos das atividades nos municípios referidos. Ausência com omissão dos governos federal, estaduais e municipais. Se adotados adequadamente esses procedimentos, o País já poderia estar superando a fase mais crítica da pandemia.

Pelo que está demonstrado, ainda teremos sofrimento e dor sacrificando a população brasileira. E o Jair dizia que seu governo seria todo em favor da família. Só se for a dele!
 
*Participação de Jhenifer Gonçalves Duarte, discente do curso de Jornalismo da UFU



Este conteúdo é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.


 
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