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30/01/2020 às 08h54min - Atualizada em 30/01/2020 às 08h54min

A Ciência como Instrumento de Bem Estar Social

Claudio di Mauro
*Este texto tem a colaboração de Jhenifer Gonçalves Duarte, aluna do Curso de Jornalismo da UFU

É muito interessante a comparação usada por Ailton Krenak ao confrontar o voo de um pássaro com a passagem dos seres humanos pela Terra, dizendo que: “Um voo de um pássaro no céu, um instante depois que ele passou, não há rastro nenhum”. Diferentes são os seres humanos que deixam rastros por onde passam.

Os rastros deixados pelos seres humanos especialmente por seus processos econômicos são capazes de desvirtuar todo o presente e o futuro da humanidade. Um exemplo dos riscos produzidos pelas ações de grupos sociais é dado por setores fundamentalistas que desejam desconsiderar os avanços das ciências. Com essa preocupação, foi elaborado este texto considerando como base a Nota Oficial do Conjunto de Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), que faz parte do Núcleo de Pesquisa sobre Evolução Biológica.

A concepção de um setor religioso sobre o criacionismo não tem respaldo nem base científica. É algo manipulado a partir de momentos em que a humanidade não tinha conhecimentos que apontam para os processos de evolução das espécies.

Há muitas evidências e constatações que confirmam o processo de evolução das espécies, caracterizando as relações já estabelecidas entre os componentes vivos da natureza. Não há dúvidas entre os cientistas que a teoria da evolução das espécies é a maneira mais racional e plausível para explicar o estado em que se encontram os seres vivos na Natureza.

São poucas as denominações “religiosistas” que fincam suas concepções na visão criacionista. Como se Deus precisasse criar cada espécie separadamente, sem articulação entre si. Trata-se de uma visão atrasada que pretende introduzir a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas. Esses também são os setores dos quais procede a visão da Escola Sem Partido, mas que partidariza até mesmo nos processos de evolução da humanidade e demais espécies que vivem na Terra.

Essa é visão “religiosa” fundamentalista de algumas denominações religiosas que funcionam como sucursais de matrizes sediadas nos Estados Unidos. Querem o vínculo com o ensino oficial para dominar as consciências das crianças. Essa pretensão é uma tentativa de desrespeitar a própria Constituição Federal e os processos educativos. Afinal, no Brasil as escolas devem ser laicas, justamente para respeitar as diversidades.

Assumir uma postura religiosa significará confirmar um verdadeiro atraso para o processo educativo e para a formação cidadã de nossas crianças e jovens. Segue um trecho do documento elaborado pelos Docentes e Pesquisadores da Universidade de São Paulo: “Não bastassem as afrontas às leis e à própria Constituição Federal, essa imposição, se implementada, condenará a juventude do país a não compreender questões científicas básicas acerca da vida no planeta, como a origem e a importância da conservação da biodiversidade, o desenvolvimento de resistência a antibióticos por parte de certas bactérias, e tantas outras questões que o mundo moderno veio a entender graças à teoria da evolução.”

As crianças precisam ser orientadas a compreender as funções das ciências e como podem ser beneficiadas com o reconhecimento sobre a importância das descobertas científicas. Na concepção das ciências, o planeta Terra tem o suficiente para suprir as necessidades de todos os seres humanos. Mas temos bilhões de pessoas sofrendo com todos os tipos de agruras por não conseguirem sequer sobreviver. 

O que leva o mundo para essa realidade? Obedecidos preceitos científicos, a vida no planeta poderia ser suficiente para atender as demandas fundamentais de todos os seres viventes. Contudo, os modelos adotados para:

-  Concentrar riquezas, recursos naturais em benefício de corporações e países; 

- A propriedade privada dos componentes da natureza e do que é produzido pelo trabalho são motivos que não permitem o bem-estar de todos. Essas mesmas religiões fundamentalistas ensinam e estimulam a subserviência e retiram a vontade humana por transformações nas realidades, como se tudo existisse pela vontade de Deus. 

Um Deus que preserva o mundo, organizado em nações e corporações de ricos exploradores de pobres? Não há como construir a paz das pessoas, e no mundo, se não formos generosos e capazes de distribuir as riquezas produzidas pelo trabalho humano ou originárias diretamente dos demais componentes da natureza. 

Há que se forjar um outro modelo de vida na Terra, capaz de permitir que o planeta seja sustentável. Assim é que a sustentabilidade não existe para o modelo vigente. Ao contrário, o modelo vigente precisa ser vencido. O ódio disseminado e desvendado pela abordagem da luta de classes não permite que os seres humanos deixem rastros de bem-estar.

Temos que cuidar da Terra e de nós mesmos, de nosso interior, da nossa capacidade de amar, de demonstrar nosso afeto por nós, pelos outros, pelo planeta Terra. Isso não é possível sem a ciência nos ajudar a desvendar o modelo de imposto e que precisa ser vencido.








 
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