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14/11/2019 às 08h28min - Atualizada em 14/11/2019 às 08h28min

A concentração da riqueza contradiz a democracia

CLÁUDIO DI MAURO | GEÓGRAFO DOCENTE NO IG/UFU

O Grupo de Crédito Suíço - Credit Suisse Group- é um banco suíço de investimento e provedor de diversos serviços financeiros sediado em Zurique e que publicou relatório em que apresenta resultados acachapantes. Constatou que na Terra, 1% dos mais ricos possui 45% da riqueza pessoal global e os 50% mais pobres ficam com menos de 1% do Produto Interno Bruto Real.

A riqueza das famílias é composta por ativos financeiros (ações, títulos, dinheiro, fundos de pensão) e propriedades, a exemplo de terras e edificações. Outra informação interessante é que 10% dos adultos possuem 82% da riqueza global.

Na América Latina os relatórios apresentados em 2018 pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL) constatam que menos de 1/4 dos lares tem condições básicas de acesso a serviços sociais e de inclusão no mercado de trabalho. É a generalização da pobreza expondo à vulnerabilidade, imensos contingentes das populações.

No caso brasileiro, os dados publicados pelo IBGE mostram o “gap” entre ricos e pobres se aprofundando com a desigualdade crescendo em ritmo acelerado.  De 2015 para 2019 a pobreza cresceu 10,4% como média anual e os percentuais do desemprego aumentaram em 20,1% ao ano.

A pobreza e a miséria aumentam, mas os ricos ficam cada vez mais ricos. Para onde se está querendo dirigir o Brasil? Convulsão social no estilo do Chile? A Revista FORBES, que tem sede em Nova York, em setembro deste ano publicou dados mostrando que atualmente a produção da riqueza do Brasil está menor do que em 2012. Isso quer dizer que o Produto Interno Bruto (PIB) real é menor hoje, ou seja, o Brasil está produzindo menos riquezas. 

Veja-se a contradição: no ano de 2012 as 204 maiores fortunas no Brasil tinham 346 bilhões de reais e agora esses mesmos ricos possuem 1 trilhão e 205 bilhões de reais. Comparando o percentual do PIB real veremos que em 2012 esses 204 mais ricos tinham 7%, hoje concentram 17 % do PIB.

O PIB brasileiro caiu, a população dos pobres e miseráveis teve suas realidades agravadas, mas os 204 bilionários brasileiros cresceram nesse tanto. Ou seja, houve transferência do PIB que atendia os pobres e miseráveis para aumentar o enriquecimento dos que já são bilionários, agora com a somatória são trilionários. Mais de 50% dessas fortunas procedem dos setores financeiros, produção de alimentos, bebidas, comunicações e mineração.

Há quem diga que o problema do Brasil são os servidores públicos que somam aproximadamente 12 milhões de trabalhadores. No entanto, esses 204 bilionários com somatória trilionária no Brasil ganham pouco menos do que todos os servidores públicos juntos.
 O problema são as populações vulneráveis e os servidores públicos, ou esses 204 trilionários? Vejamos a lista publicada pela Revista Exame, com os 20 maiores bilionários brasileiros. A somatória dos 204 bilionários forma a fortuna trilionária:

1 – Joseph Safra - Fortuna: US$ 25,2 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Safra; 2 – Jorge Paulo Lemann - Fortuna: US$ 22,8 bilhões. Fonte de riqueza: 3G Capital; 3 – Marcel Herrmann Telles - Fortuna: US$ 9,9 bilhões. Fonte de riqueza: 3G Capital; 4 – Eduardo Saverin - Fortuna: US$ 9,7 bilhões. Fonte de riqueza: Facebook; 5 – Carlos Alberto Sicupira e família - Fortuna: US$ 8,8 bilhões. Fonte de riqueza: 3G Capital; 6 – José João Abdalla Filho - Fortuna: US$ 3,4 bilhões. Fonte de riqueza: Investimentos diversos; 7 – Abilio dos Santos Diniz - Fortuna: US$ 3,1 bilhões. Fonte de riqueza:  Comércio; 8 – Fernando Roberto Moreira Salles - Fortuna: US$ 3,1 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Unibanco e mineração; 9 – João Moreira Salles - Fortuna: US$ 3,1 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Unibanco e mineração; 10 – Pedro Moreira Salles - Fortuna: US$ 3,1 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Unibanco e mineração; 11 – Walther Moreira Salles Júnior- Fortuna: US$ 3,1 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Unibanco e mineração; 12 – André Esteves - Fortuna: US$ 3 bilhões. Fonte de riqueza: Banco BTG Pactual; 13 – Alfredo Egydio Arruda Villela Filho - Fortuna: US$ 2,6 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Itaú; 14 – Jayme Garfinkel - Fortuna: US$ 2,5 bilhões. Fonte de riqueza: Porto Seguro; 15 – João Roberto Marinho - Fortuna: US$ 2,5 bilhões. Fonte de riqueza: Grupo Globo; 16 – José Roberto Marinho - Fortuna: US$ 2,5 bilhões. Fonte de riqueza: Grupo Globo; 17 – Roberto Irineu Marinho -Fortuna: US$ 2,5 bilhões. Fonte de riqueza: Grupo Globo; 18 – Ana Lucia de Mattos Barretto Villela - Fortuna: US$ 2,4 bilhões. Fonte de riqueza: Banco Itaú; 19 – Walter Faria - Fortuna: US$ 2,3 bilhões. Fonte de riqueza: Grupo Petrópolis; 20 – Candido Pinheiro Koren de Lima - Fortuna: US$ 2,3 bilhões. Fonte de riqueza: Grupo Hapvida.

Nessas riquezas o Brasil precisa captar percentuais para fazer distribuição e justiça social.

*O conteúdo desta coluna é de responsabilidade do autor e não representa, necessariamente, a opinião do Diário de Uberlândia.










 

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