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24/01/2019 às 08h55min - Atualizada em 24/01/2019 às 08h55min

Liberalismo Conservador

JOÃO BATISTA DOMINGUES FILHO | CIENTISTA POLÍTICO
Presidência Bolsonaro tem agenda liberal para a economia. Apresenta-se com pinimba de “Messias” enlouquecido, fazendo estripulias mentais anacrônicas, advindas da sua ideologia estapafúrdia. Faxina ideológica de Bolsonaro avacalha a relação do Executivo com o Legislativo. Triste fim desse fake do fake “Policarpo Quaresma”. Ministro Paulo Guedes tem seu “bode expiatório”: engalfinha-se com a Social-Democracia (PMDB, PSDB e PT), acusada do inchaço do Estado (gasto de 18% do PIB para 40% em 40 anos), desde o governo militar. Ignora com soberba que a social-democracia brasileira foi base para a estabilização do Plano Real, criação do Copom/regimes de metas, independência do Banco Central e a Lei do Teto de Gasto.

Prócer do conservadorismo brasileiro: Antonio Paim, filósofo baiano, cujos livros sobre o pensamento político brasileiro são necessários para a compreensão das raízes do liberalismo no Brasil. Liberalismo conservador no Brasil, para Paim, é possível “se houver um cataclismo que mude a sua base social.” Tutor mais qualificado que o sofista pornô Olavo de Carvalho, é realista quanto ao futuro da Presidência Bolsonaro: “o Brasil elegeu um governo militar-liberal. Tem mais milico lá de que no tempo do Castello Branco. É um arranjo complicado. Você não pode dizer isso a priori, mas pode não dar certo. Depende muito da relação com o Congresso.” (Época, 14/01/2019,p.36). Na esfera política, os recursos são perdidos como capital político e o apoio do eleitorado. Executivo e Congresso se engalfinham com perdas e danos que não aguentarão por muito tempo. Só dão sinais que vão enveredar por impasses prolongados, com soluções que só agravarão os problemas sócio-econômicos. Custos sociais serão exponenciais em cada decisão consensual do Executivo com Congresso, para a maioria dos brasileiros. “Liberalismo conservador” com faceta natimorta.

Ministro da Economia Paulo Guedes tem consciência que entrou num labirinto dos minotauros: Legislativo, Executivo e Judiciário, os quais têm tudo para comê-lo vivo pelos pés, lentamente. Nada será fácil para a execução de suas propostas para destruir o Estado brasileiro dos privilégios e que aumenta a desigualdade. Benefícios tributários para setor privado consomem 5% do PIB: 11 vezes o gasto anual com o Bolsa Família. Créditos subsidiados do BNDES entre 2009 e 2014 custaram R$ 260 bilhões. Guedes em sua posse foi clarividente: “Estamos respirando, aparentemente, à sombra de uma falsa tranqüilidade, que é uma tranqüilidade à sobra da estagnação econômica.” Pretende executar um ataque frontal ao déficit público pelo lado do controle do gasto. Governança liberal de direita oferece as iscas certas para fisgar os investidores internacionais. Agenda liberal é o prato principal oferecido pela Presidência Bolsonaro na reunião do Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça). Incógnita: o Congresso liberará o Executivo para enfrentar, com suas “mágicas”, os problemas macroeconômicos: déficit de 7% do PIB e dívida de 80% do PIB? Situação fiscal totalmente fora de controle.

Ailton Krenak, liderança indígena do país, frente às ameaças que sofrem os índios há 500 anos, é sábio ao expor sua percepção do Presidente Bolsonaro: “A onça não é tão grande assim.” O mais importante é sua apreensão com os “não-índios”: “Fico preocupado é se os brancos vão resistir.” O Brasil é beneficiário de recursos do exterior para a preservação das florestas, desde a Conferência no Rio de 1992. Krenak avisa: “A Europa não vai continuar comprando soja envenenada do Brasil se o país destruir florestas. Este é um governo do prejuízo, é como se fosse o governo do erro. Parece que está se autossabotando.” (Valor, EU & Fim de Semana, 18/01/2019. P.24). Presidente Bolsonaro mimetiza, contra os interesses do Brasil, a Presidência Trump dos EUA, insistindo em acusar os índios de ventríloquos de missionários e padres. Ailton Krenak ensina ao Presidente Ventríloquo do Trump: “os índios falam mais de 160 línguas diferentes”, logo, não são e não serão, como o Presidente Bolsonaro, monoglota das vontades de Trump. Maria Cristina Fernandes (Valor, 17/01/2019.A8): Presidente Bolsonaro “afronta os símbolos da soberania”, com suas atitudes imitando Trump. Subalternidade do Brasil é motivo de escárnio do Presidente Trump: “Eles têm um novo grande líder. Dizem que ele é o Donald Trump da América do Sul. Vocês acreditam nisso?” Presidente Bolsonaro deseja ser réplica mal-ajambrada de Trump.
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