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18/01/2019 às 09h00min - Atualizada em 18/01/2019 às 09h00min

Bom devedor

CELSO MACHADO
Tenho um conceito muito pessoal sobre o bom devedor. Pode até parecer contraditório, mas para mim, bom devedor é aquele que mesmo pagando sua dívida, sabe que vai continuar devendo. É o que procuro justificar neste “CelSiceS – Bom devedor”. Se tem alguma coisa que não temos como deixar de conviver em nossa vida é com dívidas. Pelo contrário, vivemos cheio delas. Mesmo as quitando pontual e religiosamente elas surgem de novo e nos tempos atuais com maior frequência e quantidade.

Toda a extensa lista de serviços que utilizamos são suas geradoras. E nem quem tem alto poder aquisitivo consegue se livrar delas. Água, energia, telefone, seguro, impostos, convênios e por aí afora. Aquele - como certamente você é um deles - que sabe o limite de seus recursos, traz suas contas em dia. Nesse caso é mais uma questão de rotina cumprir com os compromissos assumidos. Portanto ser um bom pagador é o que se espera de todo aquele que age com consciência e responsabilidade.

Infelizmente nem todos conseguem isso. Alguns por questões decorrentes de dificuldades imprevistas, circunstâncias alheias às suas vontades e planos. Outros, por pura malandragem mesmo. Os primeiros atrasam a regularização de seus compromissos, mas não deixam de fazê-lo. Os outros não estão nem aí. Sentem e agem como se fossem donos do dinheiro dos outros. Dívidas financeiras para quem é correto, nada mais são do que obrigações com prazo e valor determinado para quitar.
Avalio que todos que agem assim formam o time dos bons pagadores. Aqueles em quem se pode confiar. Que fazem jus a empréstimos, parcelamentos e outras formas de financiamento. Agora, ser um bom devedor já é uma questão mais complexa. Até porque seu primeiro fator de diferenciamento do bom pagador é que ele nunca paga integralmente sua dívida.

Parece contraditório, mas não é. Bom devedor é todo aquele que tem uma dívida de gratidão. E que por mais que faça para reduzi-la, entende que nunca será capaz de pagá-la totalmente. Gratidão verdadeira tem começo, mas nunca tem fim. Não tem preço, tem valor. Pagar dívida financeira toda pessoa que tem recursos pode fazê-lo com tranquilidade e regularidade. Agora, a dívida de gratidão exige outros requisitos, principalmente ter sentimento de reconhecimento na sua essência.
Procurar retribuir sempre, de várias formas, mas sentir que ainda é pouco pelo benefício recebido.

Essa é a dívida saudável que temos com os amigos verdadeiros, as boas empresas onde trabalhamos que nos permitem demonstrar nossas virtudes, as entidades e instituições que nos possibilitam ser úteis, as cidades que nos promovem e propiciam oportunidades. E por aí vai. Ser um bom pagador é uma obrigação que procuro exercer com regularidade. Já ser um bom devedor é o que tento um dia chegar a ser. Mas ainda estou longe de conseguir isso. Mas continuo tentando...
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