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18/07/2024 às 18h09min - Atualizada em 18/07/2024 às 18h09min

Uberlândia registra 20 mortes por câncer de cabeça e pescoço neste ano

Campanha “Julho Verde” alerta para importância do diagnóstico precoce; fatores de risco são, na maioria das vezes, associados ao consumo de cigarro e álcool

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
O Sistema Único de Saúde oferece tratamento para o câncer de cabeça e pescoço | Foto: Flávia Pacheco

De janeiro a julho deste ano, Uberlândia registrou 20 óbitos em decorrência do câncer de cabeça e pescoço, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG). A campanha “Julho Verde” alerta sobre a importância do diagnóstico precoce da doença que atinge diversos órgãos, como boca, língua, gengivas, faringe, laringe, esôfago, tireoide, cavidade nasal, seios paranasais e glândulas salivares.

Ainda de acordo com o levantamento, nos primeiros sete meses de 2024, foram notificados 10 casos de câncer de cabeça e pescoço na cidade. No ano passado, a cidade totalizou 96 casos e 40 mortes. Já em 2022, 93 pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade, que causou a morte de 54 pacientes naquele ano. 

Em entrevista ao Diário, o médico cirurgião bucomaxilofacial Júlio Bisinotto Gomes esclareceu que a campanha Julho Verde tem o objetivo de divulgar a presença do câncer de cabeça e pescoço e conscientizar a população sobre a importância do autoexame. Ele também destacou que é fundamental procurar auxílio profissional para realizar uma biópsia.

O especialista explicou que feridas na boca, úlceras ou lesões esbranquiçadas que não desaparecem após 14 dias são consideradas de risco. Ele também alertou para o surgimento de nódulos no pescoço ou na região abaixo da mandíbula, que podem ser indicativos de tumores de cabeça e pescoço.

“Esse tipo de lesão, se não regredir nesse período, necessita de uma biópsia para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo da ferida”, afirmou. 

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Segundo o médico, os fatores de risco são, na maioria das vezes, associados ao consumo de cigarro e álcool. “Quem fuma ou consome bebidas alcoólicas tem uma chance maior de desenvolver o câncer”, disse. No entanto, Bisinotto observou um aumento de casos em pacientes que não possuem esses fatores de risco nos últimos quatro anos, o que, segundo ele, chama a atenção da comunidade médica.

Júlio destacou ainda que a prevenção envolve evitar o consumo excessivo de álcool, tabaco e cigarros eletrônicos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento tanto para quem quer parar de fumar, quanto para quem foi diagnosticado com a doença, por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e Centros de Assistência Especializada em Oncologia (Cacon). 

As unidades realizam o tratamento para o câncer de cabeça e pescoço, com atendimento integral e gratuito para todos os cidadãos, por meio de profissionais cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, dentistas, fonoaudiólogos e nutricionistas, visando oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes. O tratamento pode variar de acordo com o estágio do câncer, a localização específica e a saúde geral do paciente.

Sobre o tratamento, Julio Bisinotto afirmou que a abordagem é geralmente cirúrgica, acompanhada de quimioterapia e radioterapia. Ele enfatizou, portanto, a importância do diagnóstico precoce. “Quanto mais cedo diagnosticamos, menos mutiladora é a cirurgia. Em casos mais avançados, a cirurgia pode ser mais mutiladora para o paciente”, finalizou. 

ESTADO
Entre 2019 e 2024, Minas Gerais registrou mais de 22,7 mil casos de câncer de cabeça e pescoço e 8.645 óbitos. Dentre as neoplasias, o tumor de lábio e cavidade oral estão entre os mais prevalentes. 

No mesmo período, foram diagnosticados 3.504 casos de câncer de orofaringe e 2.976 casos da doença na língua, com mais de 30 mil internações associadas. Cerca de 66% dessas internações estavam relacionadas ao câncer de boca.

O câncer de cabeça e pescoço é o quinto mais incidente no Brasil, com um índice de cura que pode chegar a 90% se tratado precocemente. A presença de caroço, feridas que não cicatrizam, dor de garganta persistente, dificuldade para engolir e alterações na voz são alguns dos sinais associados ao câncer de cabeça e pescoço, que causa cerca de 10 mil mortes por ano no Brasil. 

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados quase 50 mil novos casos de câncer nas cavidades oral, laringe, tireoide e pele (melanoma) no Brasil para cada ano de 2023 até 2025.


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